23/Jan/2025
O mercado brasileiro de algodão iniciou 2025 com ritmo acelerado de exportações, impulsionado pela competitividade da pluma nacional e pelo câmbio favorável. Em apenas 12 dias úteis de janeiro, o Brasil embarcou 265,6 mil toneladas do produto, volume 6,1% superior ao total exportado em janeiro de 2024, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Com média diária de 22,1 mil toneladas, praticamente o dobro do registrado em igual período do ano passado, as exportações podem superar 480 mil toneladas até o fim do mês, estabelecendo um novo recorde mensal. O Brasil ficou muito mais dependente de exportação do que do mercado interno nos últimos anos.
Foi uma construção positiva, resultado da competitividade e da qualidade da pluma brasileira em relação aos concorrentes. Como o Brasil teve uma produção boa e o Real está desvalorizado, o País está muito competitivo internacionalmente. No mercado interno, o Indicador Cepea, com pagamento em 8 dias, registra queda de 0,64% na parcial do mês. Os vendedores têm priorizado a entrega e a realização de contratos a termo e exportação, enquanto compradores domésticos se limitam à renovação de estoques. A diferença entre os preços do mercado externo e interno tem impulsionado as exportações. Na parcial de janeiro, o valor médio da pluma exportada está em 77,77 centavos de dólar por libra-peso (cerca de R$ 4,73 por libra-peso), superando em 13,7% o verificado no mercado interno.
Com o dólar na faixa de R$ 6,00, os produtores têm dado prioridade às vendas externas. O mercado interno consome cerca de 800 mil toneladas, frente a uma produção de quase 3 milhões de toneladas, um volume proporcionalmente baixo. Por isso, a dinâmica do mercado e as vendas antecipadas dos produtores para duas ou três safras à frente são muito mais influenciadas pelo mercado exportador do que pela demanda doméstica. No cenário internacional, os futuros de algodão negociados na Bolsa de Nova York operam próximos à estabilidade. O Índice Cotlook A, referência internacional para o algodão, fechou estável em 78,05 centavos de dólar por libra-peso.
No curto prazo, o mercado monitora as tensões comerciais entre Estados Unidos e China, após novas ameaças do presidente Donald Trump de impor tarifas às importações chinesas, embora em níveis menores que os sinalizados durante a campanha. Dados do Departamento de Alfândegas da China (GACC) mostram que o país importou 140 mil toneladas de algodão em dezembro, volume 27,3% superior ao mês anterior, mas 46,15% abaixo de dezembro de 2023. No acumulado de 2024, as importações chinesas somaram 2,62 milhões de toneladas, crescimento de 33,8% em relação ao ano anterior. O mercado em 2023 foi marcado pela frustração de safra nos Estados Unidos e em outros países do Hemisfério Norte.
Em 2024, com preços mais elevados, os principais produtores, incluindo o Brasil, expandiram suas áreas, o que equilibrou a oferta e demanda global, diminuindo os preços. Para os próximos meses, não há fatores que possam alterar significativamente a dinâmica atual do mercado. A tendência é de manutenção da calmaria. Pode haver algum impacto indireto do petróleo, relacionado à questão Trump, mas, do ponto de vista dos fundamentos do mercado de algodão, não há nenhuma mudança muito estrutural, a menos que surja algum problema climático para 2025. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.