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09/Jan/2025

Maior oferta global deverá limitar a alta do algodão

O mercado de algodão inicia o ano otimista com as exportações da pluma. Segundo a Céleres Consultoria, as negociações ganharam ritmo desde a segunda quinzena de dezembro, impulsionadas pela disposição dos produtores em negociar diante do clima favorável e da valorização do dólar frente ao Real. Mesmo com o feriado de fim de ano, as cotações internacionais mantiveram-se estáveis. Os preços seguem remuneradores e ainda garantem boas margens ao produtor. O Itaú BBA estima que o Brasil manterá sua liderança global nas exportações de algodão, projetando embarques de 2,8 milhões de toneladas na temporada 2024/2025, um aumento de 4,4% em relação ao ciclo anterior. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projeta um volume ligeiramente menor, de 2,72 milhões de toneladas, ainda assim 1,5% superior ao exportado em 2023/2024. Embora as perspectivas de embarques sejam positivas, o cenário global impõe dificuldades.

Conforme apontado pelo Itaú BBA, a China (principal compradora do algodão brasileiro) deve reduzir suas importações, com a previsão revisada para 1,9 milhão de toneladas, abaixo das 2 milhões estimadas em novembro. No ciclo anterior, a China importou 3,3 milhões de toneladas, impulsionados pela recomposição de estoques. Com estoques confortáveis e aumento da produção doméstica, a demanda por algodão importado deve ser menor em 2025. Paralelamente, a Índia deverá expandir sua oferta, com produtividade revisada de 0,4 para 0,5 toneladas por hectare, elevando a produção total para 5,4 milhões de toneladas, 4,1% acima da safra anterior. No mercado interno, a comercialização da safra 2024/2025 avança em ritmo mais lento que o habitual. Dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicam que, até dezembro de 2024, 45,6% da produção prevista foi vendida, abaixo da média de 55,4% dos últimos cinco anos. O ano de 2025 será mais desafiador para os produtores devido ao crescimento dos custos de produção, que superam os reajustes nos preços de venda.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o custo operacional médio em 2024 foi de R$ 16.131,68 por hectare na região de Luís Eduardo Magalhães (BA). Com o preço médio da pluma a R$ 126,17 por arroba (15 Kg) e produtividade de 125,46 arrobas por hectare, a receita total estimada alcançou R$ 18.253,80 por hectare, exigindo uma produtividade de 113 arrobas por hectare para cobrir os custos. Essa relação pode se agravar diante das taxas de juros elevadas e do crédito mais restrito, levando os produtores a optarem pela venda para reforçar o caixa. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta que a área plantada com algodão na safra 2024/2025 crescerá 3%, totalizando 2 milhões de hectares. Entretanto, a produtividade deve cair 3,1%, para 1.845 quilos por hectare, resultando em uma produção de 3,695 milhões de toneladas de pluma, leve queda de 0,2% em comparação ao ciclo anterior.

A disponibilidade interna (soma de estoques iniciais, produção e importações) pode atingir 6 milhões de toneladas, aumento de 2,54%, com consumo interno projetado em 710 mil toneladas, 2,16% acima de 2024. O Indicador do algodão em pluma Cepea/Esalq, com prazo de pagamento de 8 dias, está cotado a R$ 4,19 por libra-peso, acumulando uma leve alta de 0,08% na parcial de janeiro. Em comparação a dezembro, quando o preço estava em R$ 4,19 por libra-peso, observa-se estabilidade, atribuída à demanda ainda contida no mercado global. No cenário internacional, o USDA prevê aumento de 3,9% na oferta global de algodão, totalizando 25,558 milhões de toneladas em 2024/2025. Em contrapartida, o consumo mundial deve crescer apenas 1,3%, atingindo 25,211 milhões de toneladas. A relação estoque/consumo continuará elevada, em 65,6%, o que pode manter os preços pressionados ao longo do ano. O estoque mundial está estimado em 16,551 milhões de toneladas, aumento de 2,5% sobre a safra anterior e o maior volume desde 2019/2020, quando alcançou 18,18 milhões de toneladas.

As cotações na Bolsa de Nova York encerraram dezembro com média mensal de 69,75 centavos de dólar por libra-peso, retração de 0,7% em relação a novembro, a segunda queda mensal consecutiva. Segundo o Itaú BBA, a pressão sobre os preços foi motivada por indicadores fracos da economia chinesa, baixas cotações do petróleo, que favorecem as fibras sintéticas, e pela valorização do dólar. O aumento da oferta global e os estoques elevados devem limitar a valorização do algodão ao longo de 2025, especialmente em um contexto de crescimento modesto da economia mundial e demanda retraída. Em contrapartida, a competitividade do algodão brasileiro segue favorecida pela desvalorização cambial, pela qualidade da produção e pela capacidade de embarque do país. O primeiro trimestre será marcado pela execução de contratos firmados no final de 2024 e por uma retomada gradual da demanda. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.