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08/Jan/2025

Perspectivas para o mercado do algodão em 2025

Após os recordes alcançados no ano passado, 2025 deve apresentar novos desafios à cadeia produtiva de algodão. A produção mundial está crescendo mais que a demanda, os avanços nos custos de produção superam os aumentos nos preços de venda para a nova temporada, a economia mundial sinaliza crescimento em linha com o observado em 2024, o petróleo é negociado a patamares abaixo dos registrados há um ano (o que favorece fibras sintéticas) e os contratos futuros da pluma apontam estabilidade para 2025. O Brasil terminou 2024 como o maior exportador mundial de algodão em pluma, embarcando 2,77 milhões de toneladas e superando as 2,37 milhões de toneladas escoadas pelos Estados Unidos (de janeiro a dezembro). O recorde brasileiro está ancorado nas grandes compras chinesas, que somaram 924,7 mil toneladas do Brasil e 781,9 mil toneladas dos Estados Unidos em 2024. Trata-se dos maiores volumes agregados adquiridos pela China das duas origens desde 2020. A produção recorde no Brasil de 2024 exigirá continuidade de embarques também recordes.

Certamente, o algodão brasileiro já se consolidou no mercado internacional e tem pontos fortes que contribuem para manter o ritmo de vendas, como sustentabilidade, rastreabilidade, qualidade, capacidade de embarque e preços competitivos, especialmente diante da desvalorização do Real frente ao dólar. Com o crédito mais restrito, uma vez que se espera taxas de juros mais altas, os produtores podem optar por fazer caixa com a venda da pluma, enquanto do lado das indústrias há cautela. Ainda, diante da concorrência com o sintético, também devem se atentar à cotação do petróleo. Os preços no Brasil podem ser pressionados pela maior oferta, pelo estoque de passagem elevado, pela demanda contida e pelo pouco crescimento da economia mundial. Por outro lado, podem ser citados fatores de suporte, como a valorização do dólar frente ao Real, que impulsiona a paridade de exportação. Segundo informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área semeada na safra 2024/2025 pode crescer 3% sobre a temporada anterior, somando 2 milhões de hectares.

A produtividade foi estimada em 1.845 Kg por hectare, 3,1% menor que a anterior. Sendo assim, a produção da temporada 2024/2025 foi projetada em 3,695 milhões de toneladas de pluma, leve retração de 0,2% frente à anterior. A disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importação) pode chegar a 6 milhões de toneladas, aumento de 2,54% frente à anterior. A Conab prevê consumo nacional em 2025 em 710 mil toneladas, 2,16% maior que o do ano anterior. Assim, há um excedente interno de 5,36 milhões de toneladas, dos quais são esperadas exportações de 2,93 milhões de toneladas em 2025. Com isso, os estoques de passagem em dezembro/2025 são estimados em 2,38 milhões de toneladas, 2,4% maiores que os projetados em dezembro/2024. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam aumento na oferta mundial, de 3,9% frente à temporada 2023/2024, mesmo com o recuo da Índia e do Paquistão, ficando em 25,558 milhões de toneladas na safra 2024/2025. Enquanto a China pode elevar a produção em apenas 3,1%, o Brasil e os Estados Unidos esperam aumentar, respectivamente, em 16% e em 18,2% se comparado à safra 2023/2024.

O consumo mundial, por sua vez, foi projetado em 25,211 milhões de toneladas, 1,3% superior ao do mesmo período do ano anterior. Dessa forma, a oferta deve ficar 1,36% acima da demanda na temporada 2024/2025 e a relação estoque/consumo, em 65,6%. Para a comercialização mundial na temporada 2024/2025, as importações e exportações são previstas em 9,2 milhões de toneladas, com recuos se comparadas às da safra anterior. Vale ressaltar que o USDA aponta que o Brasil deve seguir na liderança e chegar a 2,772 milhões de toneladas na temporada 2024/2025, 1,6% acima da safra anterior e 10,7% maior que o volume dos Estados Unidos, previsto em 2,46 milhões de toneladas. Sendo assim, a previsão do estoque mundial é de 16,551 milhões de toneladas na temporada 2024/2025, alta de 2,5% em relação à safra 2023/2024 e o maior volume desde 2019/2020 (18,18 milhões de toneladas). As negociações para exportação com embarques durante 2025 estão com média de 76,27 centavos de dólar por libra-peso até dezembro/2024, considerando-se os valores FOB Porto de Santos (SP).

Os negócios envolvendo a pluma da temporada 2023/2024 estão, em média, a 74,04 centavos de dólar por libra-peso para este início de ano. A comercialização envolvendo exclusivamente a pluma da safra 2024/2025 registra média de 76,80 centavos de dólar por libra-peso. Os contratos a termo captados de dezembro/2023 até dezembro/2024 com entregas para 2025 apontam média de preço em R$ 4,07 por libra-peso posto na indústria. No mesmo período, quando consideradas também as ofertas de compra e de venda, a média vai para R$ 4,09 por libra-peso, posto na indústria, sendo R$ 4,05 por libra-peso no primeiro semestre e R$ 4,18 por libra-peso na segunda metade de 2025. Considerando-se a comercialização em dólar para o mercado interno com entregas ao longo de 2025, a média de preço está em 73,35 centavos de dólar por libra-peso posto na indústria; levado em conta também as ofertas de compra e de venda, sendo 72,64 centavos de dólar por libra-peso no primeiro semestre e 73,77 centavos de dólar por libra-peso no segundo semestre.

De acordo com o USDA, o valor médio pago ao produtor norte-americano na safra 2024/2025 está em 66,00 centavos de dólar por libra-peso. O Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) indicou, no relatório de dezembro, que média do Índice Cotlook A deve ficar em 94,00 centavos de dólar por libra-peso para a temporada 2024/2025, variando entre 92,00 e 97,00 centavos de dólar por libra-peso. Quanto aos custos agrícolas no Brasil, na região de Luís Eduardo Magalhães (BA), quando considerada a média do desembolso dos insumos de janeiro a novembro de 2024 (dados mais recentes), o custo operacional foi calculado em R$ 16.131,68 por hectare. Com o preço médio de R$ 126,17 por arroba e produtividade típica da pluma em R$ 125,46 por arroba da pluma, a receita total ficaria em R$ 18.253,80 por hectare. Sendo assim, o produtor precisaria ter uma produtividade de nivelamento de 113 arrobas/pluma ou um preço médio de R$ 106,00 por arroba para pagar o custo operacional em 2024. A produtividade média de equilíbrio ficou 9,4% maior que em 2023, uma vez que o custo aumentou e a receita diminuiu. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.