20/Dec/2024
O Grupo Manso, que atua na produção de grãos e algodão em Mato Grosso, vai renegociar suas dívidas de uma maneira diferente. O grupo enfrentará ao mesmo tempo um processo de recuperação judicial, para renegociar dívidas de R$ 241,74 milhões, e um procedimento de mediação para negociar as dívidas extraconcursais, de R$ 84,57 milhões. A dívida total soma R$ 326,38 milhões. O grupo é composto pelos produtores Sidnei Manso, Marines Parra Manso, João Vitor Parra Manso, Matheus Henrique Parra Manso e Gabriel Parra Manso, e pelas empresas Agropecuária Manso Comércio de Insumos e EPP e Manso Administração, Participações e Compra e Venda. O pedido de recuperação judicial foi deferido na quarta-feira (18/12) pela juíza Giovana Pasqual de Mello, da 4ª Vara Cível da Comarca de Sinop (MT).
A juíza determinou a suspensão das ações e execuções de dívidas contra o grupo por 180 dias. Ele terá 60 dias para elaborar o plano de recuperação judicial e apresentá-lo aos credores. A juíza também definiu como administradora judicial a Zapaz de Jure SPE, com remuneração fixada em R$ 2,4 milhões, ou 1% do valor da dívida da recuperação judicial. Em paralelo, a câmara de mediação está montada. Segundo o advogado Clovis Sguarezi, do escritório Sguarezi & Vieira Advogados Associados, que representa o recuperando, o Grupo Manso produz grãos em uma área de 9,5 mil hectares na região de Peixoto de Azevedo, norte de Mato Grosso. Por ano o grupo planta 9,5 mil hectares de soja na safra de verão. Na 2ª safra, cultiva 3 mil hectares de algodão, 3 mil hectares de milho, 1,5 mil hectares de feijão e outras culturas.
De acordo com Sguarezi, os problemas financeiros do grupo começaram em 2022, devido a perdas de produção por intempéries, queda nos preços das commodities, alta nos custos das lavouras e juros elevados dos créditos bancários. Também enfrentou um aumento de inadimplência de clientes. “No ano passado o grupo enfrentou queda na produção com preços ruins das commodities. Em outros anos, quando houve quebra de safra, os preços das commodities estavam melhores. A conta começou a não fechar e a renegociação das dívidas é para evitar um mal maior”, afirmou Sguarezi. O Grupo Manso informou que mantém seus compromissos financeiros em dia. A recuperação judicial e a câmara de mediação têm como objetivo uma reestruturação financeira preventiva, garantindo a continuidade da operação e o pagamento regular dos débitos.
Em relação à dívida que faz parte da recuperação judicial, os maiores credores são Banco do Brasil (R$ 93,23 milhões), Edenilo Moreira Lemos (R$ 29 milhões), Sicoob (R$ 13,5 milhões), Ricardo Felicíssimo Silva (R$ 12,5 milhões) e Syngenta (R$ 8,3 milhões). No caso das dívidas extraconcursais, que serão renegociadas na câmara de mediação, os maiores credores são BTG Pactual Commodities (R$ 20,5 milhões), Banco John Deere (R$ 18,8 milhões), Louis Dreyfus Company (R$ 10,6 milhões), Fiagro Direitos Creditórios (R$ 9,0 milhões) e Air Tractor (R$ 7,7 milhões). “O grupo está trazendo os credores extraconcursais que têm garantias, como alienação de imóveis ou grãos, para fazer a mediação”, disse o advogado. Fonte: Globo Rural.