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19/Dec/2024

Preços do algodão pressionados pela fraca demanda

O mercado de algodão em pluma encerra o ano com liquidez reduzida. Os agentes estão concentrados no carregamento de lotes já contratados e nas entregas programadas para o início de 2025. A proximidade do recesso de fim de ano também contribui para a menor movimentação no mercado interno, com a redução das operações industriais devido às férias coletivas. É um movimento sazonal, com histórico de retomada da demanda em janeiro. Apesar da recente valorização do dólar, o impacto nos preços segue limitado, e as incertezas externas, como a queda do petróleo e a demanda global enfraquecida, mantêm o mercado pressionado. Entre 80% e 85% do custo de produção é em dólar. A moeda para o produtor, de maneira geral, é dólar. É favorável que esteja valorizado, mas isso não significa melhora direta no lucro do produtor.

Os produtores brasileiros já aprenderam a trabalhar com o câmbio elevado, protegendo-se do risco cambial. Hoje, 70% do algodão brasileiro é vendido antecipadamente. No momento em que o algodão está sendo plantado, o produtor vai comprando os insumos e vendendo o produto ao mesmo tempo. Ele precisa manter a relação de troca equilibrada para não ficar exposto ao mercado. Mesmo com o câmbio próximo a R$ 6,08, o impacto sobre os preços internos é limitado. Na parcial de dezembro, o Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, acumula alta de 2,92%. No mercado externo, a desvalorização do petróleo afeta diretamente a competitividade da fibra natural em relação às fibras sintéticas. O petróleo mais barato tende a pressionar a demanda pela fibra natural, reduzindo sua competitividade frente às fibras sintéticas.

Além disso, o mercado segue atento às incertezas sobre a demanda global, com os Estados Unidos produzindo bem e o risco das novas tarifas que o governo Donald Trump pode impor à China. No Brasil, o custo de produção segue em alta e limita as margens do produtor. Dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) mostram que o custo operacional total (COT) subiu 0,85% em novembro, alcançando R$ 14.091,85 por hectare. O aumento nos fertilizantes, especialmente nos macronutrientes, tem pesado. Mesmo com uma perspectiva de boa safra, os custos seguem pressionando. O Imea projeta área recorde de 1,54 milhão de hectares para a safra 2024/2025, alta de 4,99% frente ao ciclo anterior. A produção total de algodão em caroço está estimada em 6,55 milhões de toneladas, avanço de 2,34%.

Até dezembro, 45,61% da produção já havia sido comercializada, ritmo 1,02 ponto porcentual abaixo do observado no mesmo período da safra 2023/2024. A comercialização tem avançado de forma mais lenta este ano. Os preços seguem estáveis, mas sem indicativo de valorização forte no curto prazo. As cotações da pluma disponível no Mato Grosso acumulam queda de 7,56% no ano, fechando a R$ 125,17 por arroba em dezembro. O mercado futuro também reflete essa pressão, com movimentos laterais e pouca expectativa de recuperação no curto prazo. O mercado precisaria de um gatilho mais forte para reagir, como uma retomada da demanda global ou algum problema de oferta que ainda não está no radar. Enquanto isso não acontece, o mercado tende a se manter como está. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.