07/Nov/2024
Mesmo com as incertezas geradas pela eleição do republicano Donald Trump como presidente dos Estados Unidos e a possibilidade de novas tarifas comerciais, o principal fator que influencia o mercado de algodão ainda é a demanda. Os futuros de algodão negociados na Bolsa de Nova York fecharam em leve baixa nesta quarta-feira (06/11). O vencimento dezembro da pluma recuou 26 pontos (0,37%), e fechou a 69,69 centavos de dólar por libra-peso. O mercado foi pressionado pelo avanço do dólar ante as principais moedas, que torna commodities produzidas nos Estados Unidos menos atraentes para compradores estrangeiros. Com a recuperação econômica ainda lenta e o consumo em baixa em importantes economias, a capacidade ociosa nas fiações internacionais afeta diretamente o setor, refletindo-se em preços pressionados e incertezas quanto ao crescimento.
Em mercados como China e Turquia, a ociosidade das fiações está em torno de 30%, um nível historicamente alto que já dura mais de um ano. Esse nível de ociosidade costumava ser passageiro, mas agora é uma realidade que preocupa toda a cadeia. Com a expectativa de que a inflação se estabilize em países como Estados Unidos e Europa, espera-se que o consumo de têxteis, que são essenciais, mas adiáveis, volte a crescer nos próximos meses. Até lá, não deve haver altas consistentes. A entrada da nova safra norte-americana em dezembro deve aumentar ainda mais a oferta global, o que poderá colocar pressão adicional sobre os preços, caso a demanda não se recupere. A indústria chinesa, a maior consumidora de algodão, tem mantido uma postura cautelosa, esperando definições mais claras das políticas tarifárias norte-americanas antes de aumentar suas compras. Em relação às eleições norte-americanas, Donald Trump usa as barreiras tarifárias como uma defesa econômica rápida para proteger o mercado interno.
Em seu primeiro mandato, as políticas protecionistas impulsionaram a competitividade do algodão brasileiro em mercados internacionais, como na Turquia, ao dificultar a entrada do alumínio turco nos Estados Unidos. A Turquia retaliou deixando de comprar algodão dos Estados Unidos e importando do Brasil. Isso pode acontecer novamente. O próximo relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que será divulgado nesta sexta-feira (08/11), não deve apresentar grandes novidades para o mercado. Analistas esperam uma pequena queda na produção de algodão nos Estados Unidos. O Brasil continua a liderar o mercado mundial de exportação de algodão, com o volume embarcado em outubro próximo de superar o recorde de fevereiro de 2024. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de algodão em bruto aumentaram 24,59% em outubro ante igual mês de 2023, para 280.945 toneladas.
A receita subiu 15,44%, para US$ 502,780 milhões, em comparação com US$ 435,529 milhões em outubro do ano anterior. O preço médio do algodão exportado no período foi de US$ 1.789,60 por tonelada, uma redução de 7,28% em relação a outubro de 2023, quando o valor médio foi de US$ 1.930,00 por tonelada. Os dados consideram 22 dias úteis em outubro de 2024, ante 21 dias úteis em outubro de 2023. Na comparação ao mês de setembro, quando o Brasil exportou 169.537 toneladas de algodão e gerou US$ 304,210 milhões em receita, houve aumento de 65,7% em volume e de 65,3% em receita. No mercado interno, os preços do algodão em pluma caíram em outubro, pressionados pela menor demanda doméstica e pela flexibilização de vendedores para liquidar estoques. O Indicador Cepea/Esalq registrou queda de 2,14% no mês passado, fechando a R$ 3,93 por libra-peso no dia 31 de outubro, e uma média de 3,3% abaixo da paridade de exportação durante o mês. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.