29/Oct/2024
Segundo o Itaú BBA, o Brasil continua na liderança global das exportações de algodão na temporada 2024/2025, apesar de uma queda nas compras pela China, principal destino do produto brasileiro em safras anteriores. Nos dois primeiros meses do ano comercial, as compras chinesas de algodão brasileiro caíram mais de 50% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A retração é explicada pelo aumento na produção doméstica e por estoques confortáveis no País asiático, que, além de maior produtor, é o maior consumidor de algodão. Com a China reduzindo a demanda, o Brasil redirecionou parte das exportações para outros mercados, como o Paquistão e o Vietnã, ajudando a compensar, em parte, a queda chinesa.
A diversificação de destinos tem sido uma estratégia para o Brasil manter a posição como maior exportador global pelo segundo ano consecutivo, com embarques projetados em 2,7 milhões de toneladas, conforme o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A produção brasileira deve alcançar 3,7 milhões de toneladas em 2024/2025, representando um aumento de 15% em relação à safra passada, impulsionada por uma expansão de 17% na área plantada, de acordo com o USDA. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) também projeta 3,7 milhões de toneladas de produção, mas com uma expansão de área menor, de 3%.
A paridade de exportação tem favorecido o Brasil, com a desvalorização do Real frente ao dólar ajudando a compensar os preços mais baixos do algodão na Bolsa de Nova York. Essa vantagem cambial permite que o algodão brasileiro se mantenha competitivo no mercado internacional, mesmo diante de preços internacionais moderados. O mercado global de algodão projeta um aumento de 3% na produção, para 25,4 milhões de toneladas, enquanto o consumo deve crescer 2%, resultando em um incremento de 1% nos estoques finais, que devem atingir 16,6 milhões de toneladas, conforme o USDA.
A China, além de reduzir suas importações em 40%, deve aumentar sua produção para 6,1 milhões de toneladas, mantendo-se como o maior produtor mundial. Um quadro de oferta e demanda mais confortável e a expectativa de forte redução nas importações da China jogam contra valorizações expressivas para as cotações da pluma. Nos Estados Unidos, a produção de algodão deve alcançar 3,1 milhões de toneladas, um crescimento de 18% em relação à safra anterior, apesar das revisões para baixo após o furacão Helene ter atingido a Geórgia, segundo maior Estado produtor do País. O fenômeno climático afetou colheitas e forçou uma revisão nas projeções de safra, anteriormente estimadas em 3,2 milhões de toneladas.
A Índia, segundo maior produtor global, também enfrenta problemas, com uma previsão de queda de 7% na produção para 5,2 milhões de toneladas, após inundações em setembro que prejudicaram o plantio. No mercado de preços, o algodão na Bolsa de Nova York teve alta de 1,8% em outubro, com média de 72,00 centavos de dólar por libra-peso. A elevação dos preços refletiu a redução na perspectiva de fechamento da safra norte-americana e o comportamento do petróleo. A correlação entre o algodão e o petróleo está ligada à competitividade entre a fibra natural e as fibras sintéticas. O atraso nas chuvas em Mato Grosso pode interferir na área de algodão de 2ª safra, pois o plantio da soja, que antecede o da fibra, ganhou tração apenas recentemente. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.