24/Oct/2024
O mercado de algodão deve continuar sendo influenciado pelo avanço da colheita nos Estados Unidos nas próximas semanas, com possibilidade de revisões nos relatórios de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) caso produtores optem por abandonar áreas menos produtivas. Conforme a colheita avança, atingindo quase metade das lavouras, os dados de produtividade ficam mais consolidados. Com o atual patamar de preços, pode ser vantajoso para alguns agricultores desistirem de áreas com menor potencial, aproveitando a cobertura de seguros. Em relatório publicado na segunda-feira (21/10), o USDA informou que 37% da safra de algodão apresentava condição boa ou excelente, um aumento de 3% em relação à semana anterior. A agência também destacou que 94% da safra já tinha maçãs abertas, comparado a 89% no mesmo período do ano passado e 91% na média dos últimos cinco anos. Além disso, a colheita estava 44% concluída, contra 39% um ano atrás e 38% na média histórica.
Nos últimos meses, o mercado tem operado em uma faixa estreita, entre 68,00 e 72,00 centavos de dólar por libra-peso, pressionado principalmente pela fraca demanda. A ausência da China nas compras internacionais é um dos principais fatores de baixa. O gigante asiático, além de estar colhendo uma grande safra, enfrenta incertezas econômicas internas. China utiliza o algodão, principalmente, para produzir fios que são exportados para outros países, especialmente Estados Unidos e União Europeia. Portanto, depende também das condições econômicas dessas regiões. A retração chinesa impacta diretamente as exportações norte-americanas e brasileiras. As vendas externas de algodão do Brasil, que estavam mais aquecidas no início do segundo semestre, têm sido prejudicadas pela menor presença da China no mercado global.
A demanda global está enfraquecida, e os especuladores na Bolsa de Nova York hesitam em fazer grandes apostas de alta sem uma recuperação clara no lado da demanda. No Brasil, os preços do algodão em pluma registram leves oscilações, refletindo a baixa liquidez e a cautela dos compradores. O Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, registra queda de 0,9% nos últimos sete dias, a R$ 3,92 por libra-peso. No acumulado de outubro, o índice já apresenta uma queda de 2,47%. Os compradores estão retraídos, exceto em casos pontuais de reposição de estoques. Por outro lado, os vendedores continuam oferecendo lotes no mercado, mas muitos preferem fechar contratos a termo, focando o médio prazo e a exportação. A desvalorização no mercado interno está em linha com a queda na paridade de exportação, pressionada pela retração dos preços internacionais. No Brasil, o preço médio mensal do algodão ficou em R$ 3,96 por libra-peso, praticamente estável em relação a setembro de 2024 e apenas 1,7% inferior ao valor registrado em outubro de 2023.
No Brasil, há um consenso entre os agentes do mercado sobre o aumento de área para a safra 2024/2025. O principal fator é a competição com o milho de 2ª safra, especialmente em Mato Grosso, responsável por 70% da produção nacional de algodão. O algodão se desvalorizou cerca de 22% no último ano, enquanto o milho caiu mais de 40% nos últimos dois anos, tornando o algodão mais atrativo em termos de rentabilidade. No entanto, o cultivo de algodão requer investimentos elevados em maquinário específico e tecnologia, limitando a expansão a grandes produtores. Além disso, a rotação de culturas também favorece o aumento de área na safra 2024/2025. Os dados da primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgada na semana passada, apontam para um crescimento de 2,9% na área semeada com algodão no País, alcançando 2 milhões de hectares, com a produção de pluma projetada em 3,67 milhões de toneladas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.