26/Sep/2024
Os contratos futuros do algodão na Bolsa de Nova York acumulam alta de 3% neste mês de setembro. Ainda assim, a comercialização interna não avança. A oferta de pluma no spot nacional é limitada, com produtores focados no cumprimento dos contratos a termo. Quem se dispõe a vender insiste nos preços já sinalizados. Os compradores com mais urgência acabam cedendo, principalmente quando encontram lotes que atendam à qualidade desejada, enquanto uma parte das indústrias trabalha com a matéria-prima já contratada. Embora a alta na Bolsa de Nova York seja positiva, está aquém das expectativas do setor. Os valores estão bem abaixo dos 80,00 centavos de dólar por libra-peso, um patamar ainda distante do desejável para ser rentável ao produtor norte-americano. Como fatores observados pelo mercado, pode-se citar os dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de que 37% da safra estava em condição boa ou excelente até o dia 22 de setembro, 2% abaixo da semana anterior.
A projeção de produção norte-americana foi reduzida de 3,289 milhões de toneladas para 3,160 milhões de toneladas, com os estoques finais estimados em 871 mil toneladas. Além disso, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) reduziu as taxas de juros em 0,50% na semana passada, para a faixa de 4,75% a 5%. Há anos o mercado aguardava por esse momento. A queda nas taxas pode sinalizar uma reversão de tendência e um incentivo para investidores buscarem ativos de maior risco. As cotações seguem limitadas pela falta de demanda. É importante ter cautela. A alta dos preços só virá com uma recuperação consistente da economia mundial. A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) destacou a demanda "moderada" pelo algodão nacional, e a expectativa de que o preço se mantenha estável, com possível queda no final do ano devido ao aumento da oferta.
Os preços do algodão em pluma no mercado spot brasileiro superam os R$ 4,00 por libra-peso, o maior patamar desde agosto, impulsionados pela valorização do dólar frente ao Real e pelo aumento nos preços internacionais da pluma. Para a Anea, no próximo ciclo o Brasil deve continuar como o maior exportador global. A oferta global, marcada por grandes safras no Brasil, Estados Unidos e Austrália, contrasta com uma demanda moderada, especialmente pela redução das importações da China, o maior comprador mundial. A China, que no ciclo anterior representava 50% das exportações brasileiras, agora absorve apenas cerca de 20%, desafiando o setor a buscar novos mercados, como Índia e Egito. A safra 2024/2025 de algodão no Brasil, conforme a primeira estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deve atingir um novo recorde de 3,675 milhões de toneladas, com área plantada de 2 milhões de hectares (+3,2% sobre 2023/2024), apesar de uma previsão de queda de 2,1% na produtividade.
A colheita de algodão da safra 2023/2024 alcançava, no dia 22 de setembro, 99,8% da área plantada, com avanço de 2% na semana e 0,2% à frente da safra 2022/2023. Apesar das altas, os produtores não relataram muitos negócios na semana passada. Muitos já fixaram preços em patamares mais altos do que os atuais. A estimativa da Conab está abaixo da apresentada pela Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, do Ministério da Agricultura e Pecuária, que aponta para produção de 3,97 milhões de toneladas de algodão, 8% maior que a da temporada anterior. Para consolidar a previsão, vai depender muito da produtividade, que, por sua vez, está atrelada ao clima, sobre o qual não há ingerência. Por isso, e considerando também o mercado, a recomendação é que o produtor se preocupe muito em reduzir ou otimizar os custos e fazer o melhor possível para aumentar a produtividade, para compensar os preços não tão atrativos no momento, afirmou a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.