06/Sep/2024
O mercado de algodão segue pressionado pelo excesso de oferta e pela demanda global enfraquecida. Os futuros de algodão negociados na Bolsa de Nova York variam entre 69,00 e 72,00 centavos de dólar por libra-peso nos últimos dias, com expectativas limitadas de recuperação no curto prazo. Esse cenário é agravado pelas movimentações dos fundos de investimento, que continuam apostando em novas quedas. A oferta volumosa em setembro deve seguir pressionando os preços. A safra norte-americana de algodão apresenta boas condições. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que 44% da safra da fibra estava classificada como boa ou excelente, um aumento de 4% em relação à semana anterior. Embora a safra seja menor, a qualidade está melhor do que o esperado.
O relatório do Cotton Outlook, divulgado no fim de agosto, projeta a produção mundial de algodão em 2024/2025 em 25,115 milhões de toneladas, um aumento de 0,20% sobre a safra anterior, mas 1,31 milhão de toneladas abaixo da estimativa de julho. O consumo global deve alcançar 24,371 milhões de toneladas, redução de 1,26% em relação a 2023/24, porém 1,06% acima da previsão de julho. Com isso, a oferta global deve superar a demanda em 3,05%. Para o Brasil, a produção estimada da safra 2023/2024 foi ajustada para 3,644 milhões de toneladas, um aumento de 0,39%. A previsão para 2024/2025 permanece estável em 3,65 milhões de toneladas, 0,16% superior ao ciclo anterior. Do lado da demanda, não há sinais de mudança no curto prazo.
A indústria brasileira continua adotando uma postura de compras limitadas, focada em atender apenas à demanda imediata. Agosto e setembro são períodos chave para a indústria de fiação, e o produto que será vendido no Natal deveria estar chegando às fábricas agora. No entanto, não há sinais de maior movimentação que poderia impulsionar os preços. Se os preços caírem em setembro, seguirão o padrão observado em agosto, quando as cotações recuaram devido à queda na paridade de exportação e à necessidade de liquidez dos vendedores. O Indicador Cepea/Esalq registrou baixa de 4,65% entre 31 de julho e 30 de agosto, fechando o mês passado a R$ 3,88 por libra-peso, o menor valor desde 12 de junho. A média de agosto foi de R$ 4,00 por libra-peso, uma queda de 1,86% em relação a julho e de 5,12% comparado ao mesmo período de 2023.
Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) indicam que 86,22% da safra 2023/2024 foi colhida até 29 de agosto, com 34,55% da produção beneficiada. Na Bahia, 82,47% da área foi colhida e 55% beneficiada, enquanto em Mato Grosso, maior produtor brasileiro, a colheita chegou a 87%, mas o beneficiamento atingiu apenas 28%. Em Mato Grosso, o aumento da oferta interna, com o avanço da colheita, tem pressionado os preços dos subprodutos, como o caroço de algodão, cujo preço recuou 1,02%, para R$ 616,41 por tonelada, de acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). Os preços da pluma disponível registram recuo de 1,54% nos últimos sete dias, a R$ 123,46 por arroba.
Segundo a consultoria Céleres, a produção brasileira de algodão na safra 2024/2025 deve atingir um recorde de 3,77 milhões de toneladas, 3% acima da temporada anterior, impulsionada pela expansão da área plantada e pelo uso de tecnologias, especialmente na Bahia. O Brasil deve manter sua posição como maior exportador global, com embarques estimados em 2,79 milhões de toneladas, um avanço de 7%. Apesar do aumento na produção e nas exportações, os preços do algodão devem permanecer sob pressão devido aos elevados níveis de estoque. A relação estoque/consumo no Brasil deve seguir acima da média, o que reduz a chance de uma recuperação significativa nos preços. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.