31/Jul/2024
Os preços do algodão em pluma, que vinham subindo no início de julho, se enfraqueceram nesta segunda quinzena. Ainda assim, a média do mês é a maior desde março/2024, em termos reais. De modo geral, o suporte dos altos patamares vem da oferta ainda restrita no spot nacional, reforçada pela posição firme de grande parte dos vendedores, que seguem focados no cumprimento dos contratos a termo para o mercado interno e para exportação, principalmente. A maioria dessas programações ocorre a valores mais atrativos que os praticados atualmente. Os períodos de baixa, mais recentes, foram influenciados pela maior flexibilidade de alguns vendedores, na tentativa de liquidar lotes da temporada 2022/2023 e/ou para captar recursos no curto prazo.
Além disso, os valores internacionais também enfraquecidos reforçaram a pressão sobre as cotações domésticas. Com o avanço da colheita e do beneficiamento, lotes da nova temporada já começaram a ser comercializados; porém, players aguardam a intensificação das atividades. Segundo colaboradores do Cepea, há relatos de que boa parte do produto deste início da safra 2023/2024 que é disponibilizada no mercado tem alguma qualidade intrínseca inferior às desejadas por compradores, apresentando, especialmente, micronaire elevado. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuou de 1,27% nos últimos sete dias, cotado a R$ 3,97 por libra-peso. No mês de julho, o acumulado é positivo em leve 0,09%. A média do Indicador nesta parcial de julho está 3,5% acima da paridade de exportação.
A média mensal do Indicador, de R$ 4,08 por libra-peso, supera em 3,85% a de junho/2024 e em 3,19% a de julho/2023, em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI de junho/2024). Além disso, é a maior desde mar/2024, quando chegou a R$ 4,30 por libra-peso, também em termos reais. Ainda, na parcial de julho, a média do Indicador à vista, de 73,59 centavos de dólar por libra-peso, está 6,7% acima da média do primeiro vencimento na Bolsa de Nova York, de 68,94 centavos de dólar por libra-peso, mas 10% abaixo da média do Índice Cotlook A (81,78 centavos de dólar por libra-peso). A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 3,87 por libra-peso (68,90 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 3,88 por libra-peso (69,08 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Na Bolsa de Nova York, de 28 de junho a 29 de julho, o vencimento Outubro/2024 se desvalorizou 6,21%, a 67,51 centavos de dólar por libra-peso; o Dezembro/2024 caiu 4,79%, a 69,21 centavos de dólar por libra-peso; o Março/2025 recuou 4,64%, a 70,91 centavos de dólar por libra-peso; e o contrato Maio/2025 teve retração de 4,61%, para 72,20 centavos de dólar por libra-peso. No campo, dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) mostram que 28,39% da área brasileira da safra 2023/2024 havia sido colhida até o dia 25 de julho, sendo que 9,96% da produção esperada foi beneficiada. Na Bahia, o segundo maior Estado produtor do Brasil, 34,69% haviam sido colhidos até o dia 25 de julho e 25%, beneficiados. Em Mato Grosso, a colheita está em 24% e o beneficiamento, em apenas 5% no mesmo período.
Relatório divulgado no dia 26 de julho pelo Cotton Outlook prevê a produção mundial 2024/2025 em 25,448 milhões de toneladas, 1,49% maior que o volume esperado para 2023/2024 (25,075 milhões de toneladas), mas retração de 1,28% frente ao estimado no mês anterior. O consumo mundial está projetado em 24,681 milhões de toneladas na temporada 2024/2025, aumento de 2,8% se comparado ao da 2023/2024, mas recuo de 0,2% frente ao estimado em junho/2024. Logo, a oferta global superaria em 3,11% a demanda. Para o Brasil, especificamente, a produção pode chegar a 3,65 milhões de toneladas na safra 2024/2025, sendo apenas 0,39% superior à anterior (3,636 milhões de toneladas), enquanto o consumo pode aumentar 2,86%, indo para 720 mil toneladas na safra 2024/2025. Vale considerar que, de junho para julho, houve reajuste negativo de 0,57% na produção brasileira na temporada 2023/2024. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.