17/Jul/2024
Os preços do algodão em pluma estão oscilando no mercado brasileiro. Por um lado, a expectativa de entrada mais intensa da pluma da atual temporada no spot nacional e a flexibilidade de alguns vendedores, que buscam liquidar lotes da safra de 2023, resultam em quedas nas cotações. Por outro lado, a disponibilidade ainda limitada no spot mantém parte dos vendedores firme nos valores de suas ofertas e leva os compradores com maior necessidade a elevar os preços de aquisição. Além disso, divergências de tendências nas cotações externas também influenciam a flutuação no Brasil. Enquanto o Índice Cotlook A (que se refere à pluma posta no Extremo Oriente) está em queda, os contratos futuros de algodão em pluma avançam na Bolsa de Nova York. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, tem leve recuo de 0,09% nos últimos sete dias, cotado a R$ 4,13 por libra-peso. Na parcial do mês, contudo, observa-se avanço, de 4,2%.
A média do Indicador nesta parcial de julho está 4,4% acima da paridade de exportação. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 3,85 por libra-peso (70,80 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 3,86 por libra-peso (70,99 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, o vencimento Outubro/2024 tem valorização de 1,97% nos últimos sete dias, a 70,86 centavos de dólar por libra-peso; o Dezembro/2024 registra alta de 1,96%, a 72,44 centavos de dólar por libra-peso; o Março/2025 tem avanço de 1,95%, a 74,26 centavos de dólar por libra-peso; o contrato Maio/2025 apresenta elevação de 1,86% nos últimos sete dias, para 75,59 centavos de dólar por libra-peso. Em relatório divulgado no dia 11 de julho, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou estimativas praticamente estáveis com relação ao mês anterior.
A área nacional de algodão na safra 2023/2024 deve somar 1,945 milhão de hectares, 16,9% acima da temporada 2022/2023. A produtividade, por sua vez, é estimada para ser 2% menor que a da safra anterior, em 1.870 Kg por hectare. Assim, a produção no Brasil pode crescer 14,6% em relação à temporada 2022/2023, a 3,636 milhões de toneladas. Para Estados mais representativos, a colheita no Brasil chegou em 16,7% até o dia 14 de julho, somando 46% da área cultivada em Mato Grosso do Sul; 42% em Goiás; 33% em Minas Gerais; 25% no Maranhão; 25% no Piauí; 24,9% na Bahia e 12,8% em Mato Grosso. Para a temporada 2023/2024, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta o Brasil como o maior exportador mundial de pluma pela primeira vez na história, chegando a 2,7 milhões de toneladas de agosto/2023 a julho/2024 e ultrapassando os Estados Unidos, que ocupava essa posição desde a safra 1993/1994.
Esse cenário foi influenciado pela produção brasileira que mais que dobrou nos últimos sete anos, atingindo recorde na temporada, favorecida pelo aumento no rendimento, devido à evolução tecnológica, como sementes geneticamente modificadas, e ao aumento de área. O Brasil também se beneficia de uma moeda mais fraca, que contribui para que as exportações sejam mais acessíveis no mercado global, se comparado a outros países. A temporada global 2024/2025 deve somar 26,168 milhões de toneladas, reajuste positivo de 0,9% frente aos números de junho/2024 e de 5,7% em relação à safra 2023/2024, sendo o maior volume colhido desde a temporada 2017/2018. A estimativa de consumo também aumentou, 0,2% frente ao relatório anterior, superando em 3,4% o da safra 2023/2024, para 25,516 milhões de toneladas, mas ainda 2,49% menor que a oferta. As importações mundiais, por sua vez, recuaram 0,8% se comparado aos dados do mês anterior, para 9,709 milhões de toneladas, mas com aumento de 3% no comparativo com a temporada 2023/2024.
Ainda para a safra 2023/2024, a importação chinesa teve reajuste negativo de 4,2% frente à de junho/2024 e pode cair expressivos 22,3% em relação à temporada anterior, para 2,504 milhões de toneladas. As exportações mundiais devem somar 9,709 milhões de toneladas em 2024/2025, retração de 0,8% frente aos dados de junho/2024, mas 0,9% a mais que na safra anterior. Sendo assim, o estoque mundial final está previsto em 17,999 milhões de toneladas na temporada 2024/2025, reajuste mensal negativo de 1%, mas elevação de 4,2% frente ao estimado na safra anterior. Para os Estados Unidos, especificamente, o USDA aumentou em expressivos 29,2% os estoques de junho para julho, superando em 73,8% o da temporada 2023/2024, sendo o maior volume desde a safra 2019/2020, quando chegou em 1,58 milhão de toneladas. O estoque brasileiro cresceu apenas 2,5% frente aos dados do mês anterior e está 28,5% maior que o de 2023/2024. Quanto aos preços, o valor médio pago ao produtor norte-americano pela safra 2024/2025 está em 68,00 centavos de dólar por libra-peso, retração de 2,86% frente ao de junho/2024 e de 10,53% se comparado ao da temporada anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.