19/Jun/2024
A cotação do algodão em pluma tem oscilado nos últimos dias no mercado nacional, mas ainda opera próxima da paridade de exportação. Nos momentos de baixa, os preços internos são influenciados pelo enfraquecimento dos valores internacionais, pela posição flexível de alguns vendedores, que buscam liquidar saldos remanescente antes da entrega mais volumosa da safra 2023/2024, e pelos menores patamares ofertados por agentes de indústrias. As altas nos preços estão atreladas à posição firme da outra parcela de vendedores, sobretudo dos que ainda detêm a pluma de qualidade superior para negociar. Além disso, alguns comerciantes com necessidade de adquirir novos lotes ofertam valores maiores, no intuito de atrair vendedores. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuo de 1,42% nos últimos sete dias, cotado a R$ 3,89 por libra-peso. No acumulado de junho, a baixa é de 0,27%. A média do Indicador na parcial de junho está 0,8% acima da paridade de exportação.
A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 3,85 por libra-peso (71,10 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 3,86 por libra-peso (71,30 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os momentos de alta foram sustentados pela piora na qualidade das lavouras dos Estados Unidos e pela valorização do petróleo, enquanto as baixas foram pressionadas pela projeção de maior estoque norte-americano e embolso de lucros. Assim, nos últimos sete dias, o vencimento Julho/2024 apresenta desvalorização de 2,6%, a 69,94 centavos de dólar por libra-peso; já o Outubro/2024 tem leve alta de 0,27%, a 72,98 centavos de dólar por libra-peso; o Dezembro/2024 registra avanço de 0,25%, a 71,77 centavos de dólar por libra-peso; enquanto o contrato Março/2025 apresenta recuo de 0,26%, para 73,05 centavos de dólar por libra-peso.
Ressalta-se que os menores patamares de preço externo têm desestimulado as vendas destinadas ao mercado internacional envolvendo a pluma de novas próximas temporadas. Por outro lado, há agentes que estão voltados à comercialização da nova safra para abastecimento interno. Em relatório divulgado no dia 13 de junho, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou que a área nacional de algodão na safra 2023/2024 deve somar 1,945 milhão de hectares, reajuste positivo de 0,13% frente aos dados de maio/2024 e 16,9% acima da temporada 2022/2023. A produtividade avançou 0,24% frente ao estimado no mês passado, mas ainda pode ser 1,4% menor que a da safra anterior, em 1.881 Kg por hectare. Assim, a produção no Brasil pode crescer 0,37% no comparativo mensal e 15,2% em relação à temporada 2022/2023, chegando ao recorde de 3,66 milhões de toneladas. Em Mato Grosso, a área cultivada está prevista em 1,4 milhão de hectares, alta de 0,26% no comparativo mensal e 18,9% maior que a da safra 2022/2023.
A produtividade, por sua vez, avançou 0,4% frente aos dados de maio, mas ainda deve cair 0,8% quando comparada à safra passada, a 1.877 Kg por hectare. Com isso, a produção do Estado está projetada em 2,66 milhões de toneladas, elevações de 0,66% no comparativo mensal e de 18% frente à temporada 2022/2023. Para Estados mais representativos, a colheita no Brasil chegou em 3,1% até o dia 16 de junho, somando 11% da área cultivada em Minas Gerais; 9% em Mato Grosso do Sul; 7% na Bahia; 5% em Goiás; 2% no Maranhão; e 1,9% em Mato Grosso. Dados divulgados no dia 12 de junho pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam que a temporada global 2024/2025 deve somar 25,939 milhões de toneladas, reajuste positivo de 0,1% frente aos dados de maio/2024 e de 4,7% em relação à safra 2023/2024. O consumo também aumentou 0,1% se comparado à estimativa anterior, superando em 3,4% o da temporada 2023/2024, indo para 25,46 milhões de toneladas, mas ainda 1,85% menor que a oferta.
As importações mundiais, por sua vez, ficaram estáveis frente aos dados do mês anterior, em 9,786 milhões de toneladas, com aumento de 3,3% no comparativo com a safra 2023/2024. Ainda para a temporada 2023/2024, a importação chinesa deve somar 3,222 milhões de toneladas, o maior volume desde a temporada 2012/2013, quando chegou em 4,426 milhões de toneladas, representando mais de um terço das importações globais. Essa elevação está relacionada à compra para a reserva do governo, à menor produção doméstica e aos preços internacionais mais baixos que os nacionais. As exportações mundiais devem somar 9,787 milhões de toneladas na temporada 2024/2025, elevação de apenas 0,1% frente aos dados de maio/2024 e 1,5% a mais que na safra anterior.
Vale considerar que, em 2023/2024, o USDA estima que o Brasil possa ultrapassar os Estados Unidos e ser o maior exportador de pluma pela primeira vez na história, chegando a 2,7 milhões de toneladas de agosto/2023 a julho/2024. O estoque mundial final está previsto em 18,179 milhões de toneladas na temporada 2024/2025, reajuste mensal positivo de 0,6% e elevação de 3,1% frente ao estimado na safra anterior. Para os Estados Unidos, especificamente, a projeção de estoques do país de maio para junho foi elevada em 10,8%, superando em 43,8% o da safra 2023/2024. O estoque brasileiro recuou 4,8% frente aos dados do mês anterior, mas, ainda assim, está 29,5% maior que o da temporada 2023/2024. Quanto aos preços, o valor médio pago ao produtor norte-americano pela safra 2024/2025 está em 70,00 centavos de dólar por libra-peso, retração de 5,41% frente ao de maio/2024 e de 7,89% se comparado ao da temporada anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.