10/May/2024
Como o setor têxtil vê a discussão sobre a reoneração da folha?
Fernando Pimentel: Foi colocado um ator novo no processo. Agora, não só o Congresso e o governo estão na discussão. O Congresso aprova, o governo veta e, daí, ainda entra o STF no meio. Por outro lado, o Congresso está reagindo de maneira muito veemente.
Qual o impacto nos negócios?
Fernando Pimentel: As empresas terão os seus orçamentos afetados. É um impacto até mesmo para setores que trabalham com investimentos de longo prazo, como a construção civil. Esse é o quadro que estamos vivenciando, precisando lidar com o imprevisto. O Brasil não precisa aumentar mais a insegurança no ambiente de negócios.
Qual será o efeito para a economia?
Fernando Pimentel: Todo mundo reclama, com razão, que o grau de informalidade é grande na economia brasileira. Não vai ser aumentando os custos do trabalho formal que vamos combater o desemprego e outras condições de trabalho informal. O Brasil precisa pensar na questão da produtividade das pessoas. Existe um desafio que precisa ser visto pelo prisma de novas formas de trabalho que têm surgido. Nesse contexto, não podemos retroceder nos esforços de formalização de empresas.
O governo alega que a desoneração não atingiu o objetivo de criação de empregos. Qual sua opinião?
Fernando Pimentel: No setor têxtil, o aumento de postos de trabalho depende do crescimento econômico. Essa é uma boa legislação, que acelera o processo de contratação formal de funcionários quando a economia cresce. E, quando o ciclo econômico é mais baixo, a desoneração ajusta o custo do emprego para manter a competitividade. Tem de pensar em todo o custo do emprego, não apenas o salário, mas todo o custo para a empresa.
Existe o risco de aumento da informalidade com a volta da alíquota cheia?
Fernando Pimentel: Infelizmente, existe o risco do desemprego, da informalização e do aumento de custos. Estamos procurando uma solução de consenso que preserve o que foi aprovado pelo Congresso Nacional.
Fonte: Broadcast Agro.