08/May/2024
Diante do enfraquecimento nos valores internacionais, parte dos vendedores brasileiros está mais flexível em suas ofertas no spot nacional, especialmente aqueles que buscam liquidar estoques de algodão em pluma da safra 2022/2023. Ainda assim, algumas indústrias ofertam preços ainda menores para novas aquisições, enquanto outra parcela tem dificuldade na aprovação da qualidade dos lotes disponibilizados e nem chega a passar alguma posição de preço. Nesse cenário, a cotação doméstica segue em baixa e já opera nos patamares observados no final de novembro de 2023. Assim, muitos agentes se voltam ao cumprimento de contratos a termo direcionados aos mercados interno e externo. Os comerciantes realizam compras para atender a programações e tentam fazer negócios “casados”.
O Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma, com pagamento em 8 dias, após cair 4,06% no acumulado de abril, registra recuo de 3,2% nos últimos sete dias, cotado a R$ 3,82 por libra-peso, o menor valor nominal desde o dia 28 de novembro de 2023 (R$ 3,82 por libra-peso). Apesar disso, a cotação interna está, em média, 3,9% acima da paridade de exportação neste início de maio. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 3,66 por libra-peso (72,24 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 3,67 por libra-peso (72,45 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Na Bolsa de Nova York, os primeiros vencimentos seguem em baixa, pressionados pelo enfraquecimento do petróleo no mercado internacional e pela retração nos dados de vendas de pluma norte-americanas. O vencimento Maio/2024 registra desvalorização de 4,32% nos últimos sete dias, a 76,56 centavos de dólar por libra-peso; o Julho/2024 tem recuo de 5,47%, a 77,06 centavos de dólar por libra-peso; o Outubro/2024, 3,66%, a 76,16 centavos de dólar por libra-peso; e o contrato Dezembro/2024 apresenta baixa de 3,76%, a 75,31 centavos de dólar por libra-peso. Dados divulgados no dia 1º de maio pelo Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) indicam produção mundial da safra 2023/2024 em 24,041 milhões de toneladas, queda de 2,2% frente às informações do início de abril/2024 e baixa de 1,41% sobre as da temporada anterior.
O consumo mundial de algodão, por sua vez, esteve estável no comparativo mensal e registou alta de 4,08% em relação à temporada 2022/23, para 24,661 milhões de toneladas. A exportação mundial deve somar 9,571 milhões de toneladas na temporada 2023/2024, estável frente ao mês anterior e expressiva alta de 15,58% no comparativo com a safra passada. Dessa forma, o estoque final pode ser de 18,79 milhões de toneladas, baixa de significativos 12,22% sobre os dados de abril/24 e recuo de 3% em relação à temporada 2022/2023. Vale considerar que o Icac alterou os dados de área e de produção no Brasil para o ano comercial subsequente a partir da temporada 2000/2001. Logo, houve mudanças significativas nos estoques brasileiros nesse período.
Dessa forma, está mantida a estimativa de produção recorde de 3,56 milhões de toneladas na safra 2023/2024 no Brasil, aumento de 39,51% frente ao volume da temporada passada, impulsionada pelo crescimento de 40,58% na área, prevista em 1,93 milhão de hectares. O consumo interno, por sua vez, está estimado em 700 mil toneladas, apenas 0,47% maior que o da safra anterior. As exportações brasileiras devem aumentar significativos 70,5% frente às da temporada 2022/2023, chegando em 2,48 milhões de toneladas, o que também seria um volume recorde. Nesse cenário, o estoque final deve somar 3,7 milhões de toneladas, triplamente acima (198,26%) da safra anterior e o mais alto da história. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.