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18/Apr/2024

Preços do algodão pressionados e negócios pontuais

As negociações com o algodão disponível continuam lentas neste período de entressafra, com preços oscilando e tradings abastecidas à procura de negócios pontuais. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 3,96 por libra-peso, com queda de 3,06% no mês. Os compradores estão segurando negócios, procurando negociar a valores abaixo do Indicador. Ainda há um volume expressivo de estoque de passagem disponível, mas com pouca qualidade. Muitos lotes ainda estão dentro da margem do Cepea, mas as fábricas querem pagar menos até mesmo para o algodão padrão. Além disso, o desacordo entre produtores e compradores em torno de condições de embarque impede a liquidez, com agricultores querendo vender no FOB enquanto tradings querem pagar menos no CIF. O preço do algodão em pluma tem oscilado, ora impulsionado pela posição firme de vendedores, ora pressionado pelos menores valores ofertados por compradores ativos.

As exportações continuam em alta, mas, no momento, as tradings apenas cumprem contratos já firmados, sem novos negócios. O mercado está de sobreaviso com o acirramento das tensões no Oriente Médio. No momento, a preocupação maior é com o câmbio. Como as tradings fazem as contas em dólar, a alta do câmbio afeta o preço do algodão em Real. O algodão fica mais caro para o comprador, mas há um limite para a elevação da oferta. Além disso, a tensão geopolítica pode se refletir nas cotações do petróleo que, por sua vez, podem afetar os preços dos fios sintéticos. Na última semana, também repercutiu muito no mercado o relatório publicado pela Organização Não Governamental (ONG) britânica Earthsight, que afirma haver ligações entre o algodão usado em roupas das redes Zara e H&M e terras com suspeita de grilagem e desmatamento no Cerrado brasileiro.

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) afirmou que apoia investigações e que condena inequivocamente quaisquer práticas que prejudiquem a conservação ambiental, violem os direitos humanos ou prejudiquem as comunidades locais. Enquanto as negociações no spot estão travadas, a boa notícia é que a safra 2024/2025 pode estar disponível antes do que se imagina. Normalmente, o algodão costuma aparecer no mercado em agosto, mas a antecipação da janela de plantio em função dos problemas climáticos ou o simples abandono de áreas de soja e milho em benefício da fibra podem antecipar o calendário. As plantações apresentam bom desenvolvimento na Bahia e em Mato Grosso e podem confirmar a safra recorde prevista pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que estimou no levantamento mais recente uma produção recorde de 3,6 milhões de toneladas, 1,12% acima do projetado em março e 13,4% maior do que na temporada 2022/2023.

A consultoria Artigas do Brasil afirmou que há chuvas benéficas em todas as áreas de algodão do País, o que pode aumentar os rendimentos da safra. Os negócios com a safra futura ainda estão demorados, mas tendem a se aquecer conforme a safra se aproxima. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou a produção global 2023/2024 em 24,58 milhões de toneladas, estável em relação ao relatório anterior, mas 2,8% abaixo da safra passada. O consumo foi reduzido em 0,1% na comparação com o relatório de março, para 24,56 milhões de toneladas, mas ficou 1,4% superior ao da temporada 2022/2023. A demanda chinesa teve reajuste positivo de 1,3% frente aos dados de março, enquanto as do Paquistão e de Bangladesh tiveram reajustes negativos, de 3,1% e de 2,8%, respectivamente. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.