03/Apr/2024
Mesmo com alguns vendedores firmes nos preços indicados nas negociações de algodão em pluma, outros estão flexíveis nos valores, atentos às desvalorizações externas da commodity. Os compradores, por sua vez, ofertam cotações ainda menores. Agentes de indústrias indicam ter dificuldades nas vendas dos manufaturados. Diante disso, os preços do algodão em pluma caíram ao longo de março. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, acumulou queda de 6,3% no mês passado, fechando a R$ 4,08 por libra-peso. Ainda assim, a média mensal, de R$ 4,21 por libra-peso, foi a maior desde abril/2023 (R$ 4,21 por libra-peso), sendo 1,61% acima da de fevereiro/2024, mas 10,5% inferior à de março/2023, em termos reais (deflacionamento pelo IGP-DI de fevereiro/2024). Especificamente nos últimos sete dias, o Indicador registra queda de 2,14%, passando para R$ 4,06 por libra-peso.
A dificuldade em acordar preço e/ou qualidade dos lotes limitou as negociações de pluma ao longo de março e os agentes realizaram negócios de forma pontual. Quanto à safra 2023/2024, com expectativa de recordes na produção, na exportação e nos estoques finais, agentes aproveitaram para realizar contratos a termo, tanto para o mercado interno como externo. As comercializações para o mercado externo tiveram média de 87,29 centavos de dólar por libra-peso em março, considerando-se os valores FOB no Porto de Santos (SP), 4% abaixo da registrada em fevereiro/2024 (90,95 centavos de dólar por libra-peso), ainda referente à pluma da safra 2022/2023. Para exportação envolvendo a próxima temporada 2023/2024, a média das informações captadas para o segundo semestre de 2024 foi de 84,18 centavos de dólar por libra-peso no passado, leve queda de 0,51% frente à média de fevereiro/2024 (84,62 centavos de dólar por libra-peso).
Para a safra 2024/2025, a média de março/2024 foi de 80,40 centavos de dólar por libra-peso, recuo de 0,67% se comparado ao mês anterior. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,27 por libra-peso (85,27 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,28 por libra-peso (85,48 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente a pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, o vencimento Maio/2024 se desvalorizou 8,23% entre 29 de fevereiro e 28 de março, a 9,38 centavos de dólar por libra-peso; o Julho/2024 caiu 5,93%, a 91,97 centavos de dólar por libra-peso; enquanto o Outubro/2024 aumentou apenas 0,08%, a 87,28 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Dezembro/2024 se valorizou 0,21%, para 84,35 centavos de dólar por libra-peso.
Segundo dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 28 de março, a semeadura nos Estados Unidos para o ano-safra 2024/2025 pode somar 4,32 milhões de hectares, 4,33% superior à área cultivada em 2023/2024 (4,14 milhões de hectares), mas significativos 22,37% abaixo da temporada 2022/2023 (5,56 milhões de hectares). Para o Texas, principal estado produtor norte-americano, a área foi prevista em 2,24 milhões de hectares, leve queda de 0,7% frente à temporada anterior. Além disso, o USDA apontou em relatório divulgado no dia 1º de abril que 3% da área dos Estados Unidos já havia sido semeada. Dados divulgados no dia 1º de abril pelo Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) indicam produção mundial da safra 2023/2024 em 24,581 milhões de toneladas, aumento de 1,12% frente às informações do início de março/20024, mas baixa de 2,08% sobre as da temporada anterior. O consumo mundial de algodão, por sua vez, teve aumento de 3,81% no comparativo mensal e alta de 4,08% em relação à temporada 2022/2023, para 24,661 milhões de toneladas.
A exportação mundial deve somar 9,571 milhões de toneladas na temporada 2023/2024, reajuste mensal positivo de 5,57% e 15,6% acima da safra anterior. Dessa forma, o estoque final pode ser de 21,41 milhões de toneladas, retração de 1,85% sobre os dados de março/2024 e recuo de apenas 0,17% em relação à temporada 2022/2023. Para o Brasil, especificamente, a estimativa é de produção recorde de 3,56 milhões de toneladas na safra 2023/2024, aumento de 17,88% frente ao volume da temporada passada, impulsionada pelo crescimento de 17% na área, prevista em 1,93 milhão de hectares. O consumo interno está estimado em 700 mil toneladas, apenas 0,47% maior que o da safra anterior. As exportações brasileiras devem aumentar significativos 71% frente às da temporada 2022/2023, chegando em 2,48 milhões de toneladas, o que seria um novo recorde. Nesse cenário, o estoque final deve somar 3,7 milhões de toneladas, 20,32% maior que o da safra anterior e o mais alto da história. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.