12/Jul/2023
Após receber perguntas de investidores sobre o impacto do decreto que isenta a tarifa de importação para compras abaixo de U$ 50,00 feitas por consumidores brasileiros em varejistas no exterior, o Citi divulgou relatório dizendo que os players brasileiros mais afetados são os de vestuário. Se a isenção for realmente mantida, deve haver uma pressão competitiva contínua para os players de fast fashion, especialmente Renner e C&A. Isso ocorre porque a principal plataforma estrangeira, a Shein, vem conquistando imensa consciência de marca nos últimos dois anos. A isenção tarifária também afetará outras categorias, especialmente produtos de Tecnologia da Informação (TI) e jogos.
Hoje, plataformas estrangeiras como Shopee e Aliexpress trazem duas principais vantagens competitivas nesta categoria: maior variedade e preços mais baixos, que muitas vezes compensam o tempo de entrega mais longo e o risco de tributação nas compras. De acordo com o governo, as empresas estrangeiras participantes do programa "Remessa Conforme" receberão tratamento aduaneiro especial para a entrega de remessas internacionais, o que aumenta ainda mais a competição por varejistas eletrônicos especializados, como a Kabum. Quanto ao Mercado Livre, o impacto será menor, tendo em vista que a empresa tem crescido consistentemente acima dos pares (20%), mesmo com as transações transfronteiriças inundando o mercado, e que a companhia opera em segmentos diversos e não é focada em vestuário, onde o Citi avalia que o impacto é mais prejudicial (pelo menos no momento).
A respeito do decreto, o banco avalia como inesperado e diz que pode preservar a competitividade das plataformas estrangeiras, mesmo que incentive esses players a seguir a lei tributária brasileira e, pelo menos, garantir pagamento do imposto estadual de 17% de IVA. A resposta dos varejistas à medida tem sido sem precedentes: praticamente todos os varejistas estão pressionando o governo para reverter a decisão, pois pode prejudicar estruturalmente a indústria doméstica. Existe também um debate sobre a aplicação de um imposto de importação alternativo (ou seja, inferior à tarifa de importação existente de 60%), além do imposto estadual de IVA de 17%, a fim de manter o incentivo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.