14/Jun/2023
As negociações envolvendo algodão em pluma estão enfraquecidas no Brasil. Parte dos agentes está afastada do spot, enquanto os vendedores e compradores ativos estão em desacordo quanto ao preço e à qualidade dos lotes disponibilizados. As oscilações dos valores externos também reforçam a baixa liquidez interna. Assim, apenas alguns lotes têm sido comercializados e de forma pontual, para atender a necessidades imediatas e/ou repor estoques. Parte dos produtores se mantém firme nos preços, sobretudo para a pluma de melhor qualidade. Os vendedores com necessidade de fazer “caixa” e/ou de liberar os armazéns, diante da proximidade da entrada de um maior volume da safra nova, estão mais flexíveis. Agentes de indústrias, por sua vez, pressionam os valores de compra, enquanto outros estão fora do mercado, utilizando a matéria-prima estocada e/ou de programações. Algumas empresas operam com capacidade reduzida.
Os comerciantes realizam negociações “casadas” e/ou adquirem lotes para cumprimento de contratos. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra leve recuo de 0,1% nos últimos sete dias, cotado a R$ 4,10 por libra-peso. Na parcial de junho, o Indicador apresenta pequena leve baixa de 0,25%. Na parcial de junho, a cotação interna está, em média, 0,3% superior à paridade de exportação. Em relatório divulgado nesta terça-feira (13/06), a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou que a área nacional de algodão na safra 2022/2023 deve somar 1,636 milhão de hectares, 2,2% acima da temporada 2021/2022. A produtividade foi reajustada positivamente por mais um mês e deve aumentar 2,69% frente ao relatório anterior e 14,1% em relação à safra passada, para 1.821 Kg por hectare. Dessa forma, o volume colhido no Brasil pode chegar a 2,978 milhões de toneladas, seguindo como a segunda maior safra da história, com aumentos de 2,66% no comparativo mensal e de 16,6% em relação à temporada 2021/2022.
Para Mato Grosso, o maior produtor nacional, a projeção de área continua em 1,162 milhão de hectares, estável frente ao relatório passado e 1,9% maior que a temporada 2021/2022. A produtividade em Mato Grosso deve ser de 1.806 Kg por hectare, com alta significativa de 4% frente a maio/2023 e elevação de 16,6% se comparada à safra anterior. Assim, a produção está projetada em 2,098 milhões de toneladas, aumento de 4% no comparativo mensal e elevação de 18,8% em relação à temporada de 2021/2022. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 3,98 por libra-peso (81,84 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 3,99 por libra-peso (82,06 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os contratos estão oscilando, influenciados pela melhora na qualidade das lavouras norte-americanas, pela expectativa de menor estoque dos Estados Unidos e pelo enfraquecimento do petróleo.
Assim, nos últimos sete dias, o vencimento Julho/2023 tem desvalorização de 1,53%, a 83,49 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Outubro/2023 registra alta de 1,48% no mesmo período, a 83,64 centavos de dólar por libra-peso, enquanto o Dezembro/2023 apresenta queda de 0,12%, a 81,32 centavos de dólar por libra-peso; e o Março/2024 registra baixa de 0,18%, a 81,36 centavos de dólar por libra-peso. Em relatório divulgado no dia 9 de junho, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou elevação de 0,9% na produção mundial 2023/2024 no comparativo mensal e 0,3% em relação à safra 2022/2023, totalizando 25,413 milhões de toneladas. De maio para junho, os dados apontaram menor oferta na China (-1,8%) e crescimentos para os Estados Unidos e o Paquistão, de 6,4% e 11,4% respectivamente. Nesse cenário, a oferta mundial está 0,24% abaixo do consumo global, que está estimado em 25,474 milhões de toneladas, alta mensal de 0,7% e 7,2% acima do da temporada passada.
As importações mundiais estão previstas em 9,523 milhões de toneladas, aumento de 2,1% frente ao relatório de maio/2023 e alta de significativos 17,8% no comparativo com a safra 2022/2023. As exportações estão projetadas em 9,526 milhões de toneladas na safra 2023/2024, elevações de 2,1% no comparativo mensal e de 15,8% frente à temporada anterior. Para o Brasil, especificamente, a estimativa de exportação é de 2,014 milhões de toneladas, o maior volume desde a temporada 2020/2021, com reajuste positivo de 6,3% frente aos dados do mês passado e expressivo aumento de 42,3% se comparado com a temporada 2022/2023. O estoque final global está previsto em 20,204 milhões de toneladas na temporada 2023/2024, leve alta de 0,6% frente ao estimado no mês anterior, mas retração de leve 0,1% em relação à safra passada. Quanto aos preços, o valor médio pago ao produtor norte-americano na safra 2022/2023 está em 82,00 centavos de dólar por libra-peso, enquanto na temporada 2023/2024 está em 77,00 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.