17/Mai/2023
As cotações internas do algodão em pluma estão reagindo nos últimos dias, sustentadas pela restrição vendedora e pela oferta de compra a valores levemente maiores. Como os valores no Brasil ainda estão operando abaixo da paridade de exportação, alguns vendedores passam a se interessar mais por contratos para escoar a pluma ao mercado externo, limitando a disponibilidade no spot nacional. Assim, após chegar a R$ 3,71 por libra-peso no último dia 10 de maio, sendo este o menor patamar nominal desde 16 de outubro de 2020 (R$ 3,59 por libra-peso), o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra avanço de 1,79% nos últimos sete dias, cotado a R$ 3,85 por libra-peso. Na primeira quinzena de maio, o Indicador acumula baixa, de 3%. A cotação interna ainda está, na média da parcial deste mês, 5,6% inferior à paridade de exportação.
A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 3,90 por libra-peso (79,81 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 3,91 por libra-peso (80,03 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os contratos futuros de curto e médio prazos estão em baixa nos últimos sete dias, pressionados pelos menores valores do petróleo e pela alta do dólar no exterior, que desestimulam a demanda pela fibra norte-americana. O vencimento Julho/2023 registra recuo de 1,12% nos últimos sete dias, a 82,37 centavos de dólar por libra-peso; o Outubro/2023, tem queda de 1,57%, a 82,53 centavos de dólar por libra-peso; o Dezembro/2023, -1,47%, a 81,78 centavos de dólar por libra-peso; e o Março/2024 registra desvalorização de 1,41% no período, a 81,73 centavos de dólar por libra-peso. No Brasil, a liquidez segue baixa, tendo em vista a dificuldade em acordar preços e qualidade dos lotes entre os agentes ativos.
Do lado vendedor, os produtores estão mais firmes em suas ofertas. Esses agentes têm expectativa de que os preços se recuperem. Os compradores, por sua vez, estão cautelosos, adquirindo somente o essencial para uso imediato e/ou para repor estoques. Parte das indústrias posterga entregas de contratos, visto que o consumo e, consequentemente, as vendas, seguem enfraquecidos. Com a demanda lenta, os comerciantes adquirem volumes apenas para cumprir com as programações e/ou “negócios casados”. Em relatório divulgado neste mês, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicou que a área nacional de algodão está estimada em 1,636 milhão de hectares na safra 2022/2023, reajuste positivo de 0,15% frente ao relatório de abril/2023 e 2,2% acima da temporada 2021/2022. A produtividade deve aumentar 5,94% frente ao relatório anterior e 11,1% em relação à safra passada, para 1.773 quilos por hectare. Assim, a produção no Brasil pode chegar a 2,901 milhões de toneladas, podendo ser a segunda maior da história, com aumentos de 6,1% no comparativo mensal e 13,6% em relação à temporada 2021/2022.
Em Mato Grosso, o maior produtor nacional, a projeção de área está em 1,162 milhão de hectares, estável frente ao relatório passado e 1,9% maior que a temporada 2021/2022. A produtividade deve ser de 1.736 quilos por hectare, com forte alta de 8,8% frente a abril/2023 e elevação de 12,1% se comparada à safra anterior. O volume produzido está projetado em 2,017 milhões de toneladas, aumento de 8,8% no comparativo mensal e elevação de 14,2% em relação à temporada de 2021/2022. No dia 12 de maio, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou os primeiros dados para a temporada 2023/2024. As estimativas apontam recuo de 0,6% na produção mundial em relação à safra 2022/2023, totalizando 25,189 milhões de toneladas. Os dados indicam menor oferta na China e na Turquia e aumento da produção na Índia, Estados Unidos, Brasil, Austrália e Paquistão. Há expectativa de maior consumo mundial, indo para o maior volume em três anos, chegando a 25,307 milhões de toneladas e voltando a superar a produção. Os dados apontam crescimento da demanda em todos os principais países consumidores.
Com isso, as importações mundiais também passam a ser dinamizadas para o maior volume em três safras, sendo estimadas em 9,327 milhões de toneladas, aumento de 13,1% no comparativo com a safra 2022/2023. Há estimativa de maior importação em todos os principais players mundiais, com exceção da Índia. A expectativa é de que o Brasil possa absorver a maior parcela desse crescimento das transações externas, com os embarques podendo ficar 26,1% superiores aos da safra 2022/2023, a 1,9 milhão de toneladas, contra 2,9 milhões de toneladas previstas para os Estados Unidos. O estoque mundial final está previsto em 20,091 milhões de toneladas na temporada 2023/2024, retração de apenas 0,4% frente ao estimado na safra passada, mas contribuindo para que a relação estoque final/consumo passe de 84,5% na temporada 2022/2023 para 79,4% em 2023/2024. Em termos mundiais, isso implica em certa sustentação das cotações ou, pelo menos, reduz o motivo para quedas mais bruscas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.