05/Mai/2023
Faltando dois meses para o fim da temporada de exportação referente à safra 2021/2022, os embarques brasileiros de algodão estão 19% abaixo do observado em igual período do ciclo anterior. Desde julho de 2022, o País exportou 1,275 milhão de toneladas de algodão, contra 1,579 milhão de toneladas em dez meses da temporada passada e 1,723 milhão de toneladas em todo o ciclo anterior, considerando dados da Agrostat compilados para algodão não cardado nem penteado. Segundo a StoneX, o que mais tem afetado as exportações brasileiras são os problemas de Paquistão e Bangladesh com reservas cambiais, uma vez que indústrias locais não conseguem obter licenças para importar algodão nem abrir cartas de crédito para financiar a operação.
A demanda e os preços caíram nos últimos dois meses, tanto os futuros na Bolsa de Nova York quanto os basis no País. O produtor brasileiro demorou para acreditar que teria de negociar nesses valores, mas, de três semanas para cá, passou a vender e liquidar seu estoque. O movimento de vendas se deve ao fato de que a partir de julho começa a entrar no mercado o algodão da safra nova e a pluma da safra antiga será vendida com desconto. Deve haver uma reação na exportação com a liquidação de estoque para embarque em maio e junho. Ainda assim, os embarques do Brasil não devem se aproximar do volume da temporada 2020/2021. A demanda externa segue fraca com o risco de recessão global, e fábricas em importadores relevantes como a Coreia do Sul operam com margens negativas, dão férias coletivas ou deixam de operar em fins de semana.
Mato Grosso, maior produtor de algodão, revisou projeções de exportação da atual e da próxima temporada. Em relatório, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) ajustou para baixo a projeção de embarques em 2021/2022 para 1,09 milhão de toneladas da pluma, queda de 14,53% ante o relatório anterior. Esse cenário é reflexo das incertezas quanto à economia mundial, somadas ao terremoto que atingiu a Turquia (grande consumidora global da fibra), o que enfraqueceu a demanda internacional pela fibra e comprometeu os embarques oriundos de Mato Grosso. O Imea destacou ainda a rolagem de alguns contratos da safra 2021/2022 para a 2022/2023. Em relação à safra 2022/2023, a projeção de exportação de algodão de Mato Grosso é de 1,34 milhão de toneladas, recuo de 11,19% ante abril, porém ainda 22,61% superior à do ciclo atual.
Ao longo de abril, o Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, referência de preço do algodão brasileiro, caiu 14,59%, fechando o mês a R$ 3,97 por libra-peso, o menor patamar nominal desde 6 de janeiro de 2021 (R$ 3,93 por libra-peso). Foi o quarto mês seguido de baixa nos preços, mas a intensidade da desvalorização em abril foi a maior desde setembro (-15,7%). Além de preocupações com a economia mundial, a pressão veio do recuo dos valores internacionais, da paridade de exportação, do dólar e da demanda enfraquecida. As indústrias indicam dificuldades nas vendas e adquirem lotes só em caso de urgência, enquanto, do lado da oferta, a maioria dos vendedores está mais flexível nas negociações no spot devido à necessidade de caixa e à proximidade da entrada da safra. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.