03/Mai/2023
O preço do algodão em pluma no Brasil seguiu em queda ao longo de abril. De 31 de março a 28 de abril, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, caiu expressivos 14,59%, fechando a R$ 3,97 por libra-peso, o menor patamar nominal desde 6 de janeiro de 2021 (R$ 3,93 por libra-peso). Trata-se do quarto mês seguido de baixa nos preços. No entanto, o que chamou a atenção foi a intensidade da desvalorização em abril, que foi a maior desde setembro/2022, quando o Indicador recuou 15,7%. Além de preocupações com a economia mundial, a pressão veio do recuo dos valores internacionais, da paridade de exportação, do dólar e da demanda enfraquecida. Como o setor têxtil produz bens não essenciais, parte dos consumidores finais, diante do atual cenário econômico, acaba destinando seus gastos a outros setores de mais necessidade, especialmente o alimentício. Assim, os consumos interno e externo de pluma estão enfraquecidos.
Esse cenário, atrelado a desvalorizações registradas a outras commodities agrícolas, reforça a pressão sobre os preços da pluma. Agentes de indústrias, no geral, indicam dificuldades nas vendas, e, com isso, adquirem novos lotes apenas quando há grande necessidade. Do lado vendedor, ainda que parte dos produtores esteja firme nos preços, a maioria acaba sendo mais flexível nas negociações no spot devido à necessidade de “fazer caixa” e à proximidade da entrada da safra. Vale considerar que a menor qualidade dos lotes disponibilizados limita a liquidez. Em abril, a média mensal do Indicador foi de R$ 4,31 por libra-peso, sendo 11,32% inferior à média de março/2023 e 39,21% abaixo da de abril/2022. Esta é a menor média desde setembro/2020, quando chegou a R$ 4,18 por libra-peso, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de março/2023).
Ainda assim, a média mensal do Indicador está 3,1% acima da paridade de exportação. Por três dias de abril, o preço interno operou abaixo da paridade. A paridades de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 3,96 por libra-peso (79,49 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 3,97 por libra-peso (79,49 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os contratos registraram baixa em abril, pressionados pela expectativa de menor consumo mundial, pelo enfraquecimento do petróleo e pela queda nas vendas dos Estados Unidos. De 31 de março a 28 de abril, o vencimento Maio/2023 recuou 4,53%, a 79,54 centavos de dólar por libra-peso; o Julho/2023, -2,77%, a 81,31 centavos de dólar por libra-peso; o Outubro/2023, 1,93%, a 81,96 centavos de dólar por libra-peso; e o Dez/2023, 2,78%, a 81,21 centavos de dólar por libra-peso.
Em novos dados disponibilizados em maio, o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) estimou a produção mundial da safra 2022/2023 em 24,55 milhões de toneladas, 2,5% inferior à anterior. O consumo mundial de algodão deve cair 7,84% frente à temporada 2021/2022, para 23,79 milhões de toneladas, e pode ficar 3,1% inferior à oferta. Quanto às exportações, por sua vez, projeta-se queda de 7,71% frente às da temporada anterior, para 8,98 milhões de toneladas. Nesse cenário, o estoque final deve somar 20,19 milhões de toneladas, com elevação de 3,93% em relação à temporada 2021/2022. Quanto aos preços, em maio, o Icac indicou média do Índice Cotlook A de 102,77 centavos de dólar por libra-peso para a temporada 2022/2023, variando de 96,10 centavos de dólar por libra-peso a 111,30 centavos de dólar por libra-peso. Além disso, a estimativa atual está 0,91% inferior à média do relatório divulgado no dia 3 de abril de 2023 (103,71 centavos de dólar por libra-peso). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.