26/Abr/2023
Os preços internos do algodão em pluma estão em queda desde meados de fevereiro, e, em abril, esse movimento parece ter sido reforçado. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra queda diária consecutiva desde o dia 4 deste mês, acumulando forte baixa de 10,5% na parcial de abril, contra retração de 10,1% em todo o mês de março/2023 e de apenas 1,5% em fevereiro. Inclusive, na semana passada, a cotação nacional chegou a operar por dois dias abaixo da paridade de exportação, o que não era verificado desde 25 de julho de 2022. Assim, aumentos nos preços externos e/ou da taxa de câmbio poderiam trazer suporte aos valores domésticos. No entanto, ainda que o dólar tenha se fortalecido nos últimos dias, os contratos externos da pluma ainda seguem em queda. Diante disso, o que se verifica no mercado spot nacional é um grande desacordo entre os preços de vendedores e de compradores, o que mantém a liquidez baixa.
Do lado da demanda, agentes industriais sinalizam que o mercado de bens não essenciais está em ritmo lento, sobretudo diante do atual cenário econômico nacional e internacional. Dessa forma, as aquisições seguem de forma pontual, para repor estoque e/ou uso imediato. Comerciantes, por sua vez, buscam fazer negócios “casados” e/ou compras apenas para cumprir os contratos firmados anteriormente. No geral, AS indústrias apostam na continuidade do movimento de queda, fundamentados na entrada da safra, e, por isso, seguem cautelosas até mesmo para contratos a termo para o segundo semestre. Aqui ressalta-se que, para industriais, apesar de os atuais preços da pluma estarem enfraquecidos, estes agentes vêm recebendo a pluma de contratos passados a valores superiores, o que justifica a retração e/ou cautela para novas negociações no spot. Inclusive, muitas indústrias detêm estoques de manufaturas fabricados com a matéria-prima adquirida a preços maiores, dificultando a flexibilidade na comercialização destes produtos com os segmentos a jusante da cadeia produtiva.
Do lado vendedor, os agentes estão preocupados com as consecutivas quedas nos preços da pluma. Esse cenário tem levado alguns produtores a retirarem lotes do mercado. Há flexibilidade apenas quando a pluma tem alguma característica e/ou é de qualidade inferior. A necessidade de liberar os armazéns para a nova safra e a expectativa de boa produção na temporada 2022/2023 também influenciam a flexibilização nos valores. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra queda de 1,72% nos últimos sete dias, cotado a R$ 4,16 por libra-peso, o menor patamar nominal desde o dia 8 de janeiro de 2021 (R$ 4,12 por libra-peso). A média mensal do Indicador deste mês está 4% acima da paridade de exportação. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,08 por libra-peso (81,15 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,10 por libra-peso (81,36 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posto no Extremo Oriente.
Na Bolsa de Nova York, os contratos estão em baixa, pressionados pela retração no valor do petróleo e pela queda nas vendas de pluma dos Estados Unidos. Assim, o vencimento Maio/2023 registra recuo de 5,19% nos últimos sete dias, a 78,98 centavos de dólar por libra-peso; o Julho/2023, tem queda de 3,12%, a 80,68 centavos de dólar por libra-peso; o Outubro/2023, -2,23%, a 81,66 centavos de dólar por libra-peso; e o Dezembro/2023, desvalorização de 1,93%, a 81,28 centavos de dólar por libra-peso. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 13 dias úteis de abril/2023, as exportações brasileiras de algodão em pluma somaram 38,55 mil toneladas, 49,1% abaixo do volume embarcado em todo o mês de março/2023 e 71,6% inferior à quantidade de abril/2022. A atual média diária de vendas externas está em 2,965 mil toneladas, contra 7,156 mil toneladas em abril/2022 (-58,6%). O preço médio está em 83,75 centavos de dólar por libra-peso na parcial de abril/2023, baixas de 2,1% no comparativo mensal (85,57 centavos de dólar por libra-peso) e de 18,1% no anual (102,29 centavos de dólar por libra-peso). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.