20/Abr/2023

As negociações de algodão no disponível ocorrem em ritmo lento no Brasil, em virtude da perspectiva de sobra da pluma após as exportações ficarem abaixo do previsto e o consumo doméstico seguir enfraquecido. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias está cotado a R$ 4,23 por libra-peso. A queda acumulada no mês é de 9,15%. Com o problema da falta de embarques para exportação e redução no consumo de fiações, já se fala em sobrar pelo menos 200 mil toneladas de estoque de passagem. Além disso, a perspectiva é de uma safra 2022/2023, atualmente em desenvolvimento, 18,2% maior do que a do ciclo anterior, de 3,01 milhões de toneladas, conforme a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa).

Para os próximos meses, o quadro da demanda não deve ter grandes alterações. Do lado da exportação, pesam os temores com a economia global e consumo menor da Turquia e de Bangladesh, grandes importadores. No cenário doméstico, fiações estão abastecidas, apostando em preços ainda mais baixos ou sendo pressionadas a repassar para o produto acabado as quedas recentes do algodão. No caso da venda externa, o preço do algodão posto na Ásia na faixa de 93,00 centavos de dólar por libra-peso significa que tradings precisariam comprar a pluma do produtor no Brasil a 83,00 centavos de dólar por libra-peso FOB fazenda. Esse preço equivaleria a R$ 3,90 por libra-peso e não atrai vendedor.

As fábricas locais estão recebendo algodão adquirido anteriormente acima de R$ 5,00 por libra-peso, acima do Esalq atual, e fazem compras de forma pontual ou espaçada. As indústrias querem pagar Esalq, mas buscam algodão de qualidade melhor do que o 41.4. Ressalta-se que a elevação do volume excedente da fibra no mercado doméstico mantém pressionados os preços do algodão no Brasil. Diante disso, os valores internos têm se aproximado do limite inferior esperado pelo mercado, que é a paridade de exportação. A diferença entre os valores de negociação no spot nacional e para exportação é de 1,7%, com vantagem para a venda externa. O hiato foi o menor desde 1º de agosto de 2022.

Para a safra 2022/2023, as últimas ofertas de trading para indústria no mercado interno estavam 700 pontos acima do vencimento dezembro, o que equivaleria a R$ 4,50 por libra-peso. Como esse valor está acima do praticado no disponível, as fábricas evitam negociar antecipadamente, na expectativa de que a entrada de uma safra volumosa no segundo semestre reduza as cotações. Para exportação, as propostas eram de 100 pontos abaixo do vencimento dezembro no Porto de Santos (SP), para embarques a partir de agosto. Por enquanto, as lavouras brasileiras evoluem bem, com condições climáticas favoráveis. Se continuar sem problemas de clima, em junho a Bahia começa a colher.

Quanto à safra 2023/2024, os vendedores consideram os preços futuros pouco atrativos diante do custo dos insumos. Se esse cenário continuar, pode haver migração de área para milho e soja, principalmente por parte de médios e pequenos produtores. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão fecharam em baixa nesta quarta-feira (19/04). O mercado foi pressionado pelo enfraquecimento do petróleo, que melhora a competitividade de fibras sintéticas e pode desestimular a demanda por algodão. O vencimento julho da pluma recuou 118 pontos (1,39%), e fechou a 83,65 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.