19/Abr/2023
A demanda interna enfraquecida e o ritmo mais lento das exportações brasileiras de algodão em pluma têm elevado o volume excedente da fibra no mercado doméstico. Esse cenário mantém em queda os preços do algodão no Brasil. Na parcial de abril, a baixa é de quase 9%. O movimento de desvalorização vem sendo verificado desde meados de fevereiro. Diante disso, os valores internos têm se aproximado do limite inferior esperado pelo mercado, que é a paridade de exportação. Na segunda-feira (17/04), a diferença entre os valores de negociação no spot nacional e para exportação foi de 1,7% (com vantagem para a venda externa), sendo esta a menor desde o dia 1º de agosto de 2022 (quando a diferença foi de 0,1%). Com isso, os vendedores mostram maior interesse em novas negociações destinadas ao mercado externo. Do lado vendedor, alguns estão mais flexíveis nos preços pedidos, sobretudo no caso de lotes com características intrínsecas e/ou de cor, devido à proximidade da safra nova e à necessidade imediata de venda.
Outros agentes, contudo, estão afastados do spot, diante do fraco ritmo de vendas de manufaturados na ponta final. Com isso, a comercialização no spot permanece ocorrendo de forma pontual. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuo de 6,36% nos últimos sete dias, cotado a R$ 4,24 por libra-peso, o menor valor nominal desde 11 de janeiro de 2021 (R$ 4,21 por libra-peso). Na parcial de abril, o Indicador acumula forte baixa de 8,93%. Ainda assim, o Indicador ficou, em média, 6% acima da paridade de exportação na primeira quinzena do mês. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,15 por libra-peso (84,26 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,16 por libra-peso (84,48 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os primeiros contratos estão em alta, influenciados pela perspectiva de maior exportação de pluma norte-americana e pelo enfraquecimento do dólar, que tende a estimular a demanda pelo produto dos Estados Unidos.
O vencimento Maio/2023 tem avanço de 1,03% nos últimos sete dias, a 83,30 centavos de dólar por libra-peso; o Julho/2023, +0,66%, a 83,28 centavos de dólar por libra-peso; o Outubro/2023, alta de 0,49%, a 83,52 centavos de dólar por libra-peso; e o Dezembro/2023, registra valorização de 0,30% nos últimos sete dias, a 82,88 centavos de dólar por libra-peso. Estimativa divulgada neste mês pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que a área nacional de algodão deve ser de 1,634 milhão de hectares na safra 2022/2023, reajuste negativo de 1,86% frente ao relatório de março/2023, mas ainda 2,1% acima da temporada 2021/2022. A estimativa de produtividade ficou em linha com o relatório anterior e 4,9% acima da safra passada, em 1.674 quilos por hectare. Assim, a produção brasileira está prevista para ser a terceira maior da história, somando 2,734 milhões de toneladas, aumento de 7,1% em relação à temporada 2021/2022.
Para Mato Grosso, a estimativa de área está prevista em 1,162 milhão de hectares, queda de 2,57% frente ao relatório passado, porém, ainda 1,9% acima da temporada 2021/2022. A produtividade deve ser de 1.596 quilos por hectare, com elevação de 3% se comparada à safra anterior. Dessa forma, o volume está projetado em 1,854 milhão de toneladas, declínio de 2,5% no comparativo mensal, mas aumento de 5% em relação à temporada de 2021/2022. Em relatório divulgado no dia 11 de abril, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou aumento de 0,7% na produção mundial frente ao relatório anterior, mas leve baixa de 0,1% em relação à safra 2021/2022, totalizando 25,239 milhões de toneladas na temporada 2022/2023. Para o Brasil, especificamente, a previsão de produção teve reajuste negativo de 2,3% frente aos dados de março, mas, ainda assim, deve ter aumento de 10,9% frente à safra 2021/2022, totalizando 2,83 milhões de toneladas.
A oferta mundial está 5,2% superior ao consumo global, estimado em 23,988 milhões de toneladas, 5,3% abaixo do da temporada passada. As importações mundiais, por sua vez, estão estimadas em 8,455 milhões de toneladas, recuo de 1,9% frente aos dados de março e queda de 9% no comparativo com a safra 2021/2022. As exportações globais podem somar 8,461 milhões de toneladas, retrações de 1,9% no comparativo mensal e de 9,3% frente à safra 2021/2022. Para o Brasil, especificamente, houve reajuste negativo de significativos 7,1% frente aos dados de março/2023, e os embarques podem ficar 7,4% inferiores aos da safra 2021/2022, sendo também os menores desde a temporada 2018/2019 (1,31 milhão de toneladas). Nesse cenário, o estoque final está previsto em 20,033 milhões de toneladas na temporada 2022/2023, altas de 0,9% frente ao estimado no mês anterior e de 6,7% em relação à safra passada. Quanto aos preços, o valor médio pago ao produtor norte-americano na safra 2022/2023 está em 82,00 centavos de dólar por libra-peso, retração de 1,2% frente ao estimado em março (83,00 centavos de dólar por libra-peso). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.