ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

13/Abr/2023

Preços pressionados pela demanda enfraquecida

As negociações de algodão para pronta entrega são lentas, com preços em queda no mercado interno diante de exportações do País abaixo do previsto e, consequentemente, uma entressafra mais folgada do que o esperado. O ritmo lento de vendas de produtos acabados também limita a demanda de fábricas neste momento. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias, está cotado a R$ 4,46 por libra-peso, com queda acumulada em abril de 4,14%. O mercado disponível está com liquidez baixa no momento em função da demanda desaquecida tanto no mercado internacional quanto internamente. Hoje, é possível afirmar que o mercado de algodão do Brasil tem mais oferta do que procura e um cenário um pouco diferente do que se imaginava alguns meses atrás, quando a aposta era de uma entressafra bem enxuta.

Com as exportações 28% menores no acumulado da temporada que iniciou em julho, o volume disponível da fibra no mercado brasileiro é superior ao previsto. O Brasil deve chegar no meio do ano para uma virada de safra com estoque entre 200 mil e 300 mil toneladas de algodão. Se confirmado, será o maior estoque de passagem dos últimos anos do Brasil. Tradings estão revertendo internamente o volume que deixa de sair rumo ao exterior e isso tem reduzido os basis no País. A menor paridade de exportação, o grande volume excedente da temporada passada e a expectativa de uma safra ainda maior neste ano mantêm os preços do algodão em pluma em queda neste começo de abril. Os atuais patamares já são os mais baixos desde janeiro de 2021, em termos nominais.

Do lado da demanda, muitas fábricas estão abastecidas para os próximos meses e, diante do desempenho fraco de vendas de fios e tecidos, parte delas opera com capacidade reduzida. No disponível, os negócios ocorrem por volta de R$ 4,50 por libra-peso, principalmente entre fábricas e produtores e comerciantes. As ofertas de tradings no mercado interno estão entre R$ 4,50 e R$ 4,70 por libra-peso. Do lado do vendedor, alguns agentes estão mais flexíveis nos valores, com receio de variações negativas mais expressivas para os próximos meses. À medida que a nova safra se aproxima, a necessidade de venda por parte do produtor aumenta, seja para 'fazer caixa' e/ou liberar espaço para nova estocagem. Para o segundo semestre, as fábricas têm menos suprimento assegurado, mas preferem aguardar.

De forma geral, com o preço em queda, um possível estoque de passagem e uma safra grande projetada para o segundo semestre, a indústria tem uma visão confortável com relação ao suprimento no decorrer do ano. E, com um cenário político e econômico um pouco instável, prefere não fazer tanta programação para o futuro. O produtor vendeu antecipadamente parcela importante da produção, e, como o preço atual é inferior aos dos acordos firmados, não tem pressa em fazer novas posições. As fábricas indicam entre R$ 4,30 e R$ 4,50 por libra-peso, mas as pedidas de venda ficam entre R$ 4,50 e R$ 4,60 por libra-peso, sem reporte de acordos. Para a safra 2023/2024 têm saído volume de produtor para trading na exportação em torno 600 a 650 pontos acima do vencimento dezembro FOB no Porto de Santos (SP). Talvez a negociação pudesse estar mais avançada se os preços estivessem mais altos na Bolsa de Nova York.

Outro ponto é que alguns produtores ainda não fecharam as compras de todos os insumos e ainda não têm os custos todos definidos. Muitos produtores estão na expectativa de comprar insumos a preço mais baixo nas próximas semanas e protelando as vendas antecipadas enquanto não fecharem esse custo. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão fecharam em baixa nesta quarta-feira (12/04), apesar do enfraquecimento do dólar ante as principais moedas e do avanço do petróleo. O vencimento julho da pluma recuou 52 pontos (0,63%), para 82,39 centavos de dólar por libra-peso. A queda da moeda norte-americana torna commodities produzidas nos Estados Unidos mais atraentes para compradores estrangeiros, enquanto a alta do petróleo diminui a competitividade de fibras sintéticas e pode estimular a demanda por algodão. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.