06/Abr/2023
A baixa demanda interna e externa por algodão segue como principal fator de pressão para as cotações da fibra no Brasil. A atividade econômica deprimida no País, além de instabilidades globais que geram incertezas, como guerra no Leste Europeu, quebra de bancos nos Estados Unidos e na Suíça e menor atividade econômica nos Estados Unidos e na China são os principais motivos para que a indústria da fiação reduza a demanda pela fibra e o mercado externo importe menos. A negociação, quando efetivada no Brasil, é com preços abaixo do Cepea/Esalq e com algodão de qualidade inferior. A indústria tem adquirido fibra de qualidade mais baixa até para reduzir custos, pois, como está recebendo agora algodão comprado anteriormente, de contratos mais caros, precisa fazer negócios mais baratos para diminuir o custo de aquisição da matéria-prima. Mesmo assim, as compras têm sido bastante pontuais, pois as têxteis estão abastecidas e com estoques alongados.
Dados de exportação confirmam, igualmente, a lentidão no comércio internacional. Conforme a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de algodão recuaram 59,21% em março, com 75,79 mil toneladas embarcadas, em relação a março de 2022, quando o País vendeu 185,81 mil toneladas para o exterior. A receita, na comparação ano a ano, caiu 61,05%, saindo de US$ 367,08 milhões em março de 2022 para US$ 142,99 milhões no mês passado. O preço médio caiu 4,51%, para US$ 1.886,50 por tonelada. O Conselho Consultivo Internacional do Algodão (Icac) também sinalizou queda no consumo global da fibra na safra 2022/2023, que deve cair 7,8% ante a temporada anterior, para 23,8 milhões de toneladas. As exportações poderão ceder 7,7%, a 8,98 milhões de toneladas, e os estoques finais subir 3,91%, a 20,18 milhões de toneladas. Mesmo em plena entressafra, tanto os preços internos quanto os externos do algodão em pluma cederam em março. Trata-se do terceiro mês seguido de retração.
Desta forma, entre 28 de fevereiro e 31 de março, o Indicador Cepea, com pagamento em 8 dias, recuou expressivos 10,01%, a R$ 4,65 por libra-peso no dia 31 de março. Nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador reagiu, com pequena alta de 0,64%, a R$ 4,68 por libra-peso no dia 3 de abril. Essa reação se deve às expressivas valorizações do petróleo, contexto que pode levar indústrias a migrar das fibras sintéticas para as naturais. Sob este aspecto, porém, mesmo com a alta do petróleo, os fundamentos de mercado estão essencialmente baixistas. O grande problema é de demanda. E, quando há crise de confiança, o algodão sofre muito, pois não é item essencial, como alimentos. Em tempos de crise econômica, as pessoas adiam a compra de roupas, por isso o algodão é muito sensível a essas oscilações.
Quanto ao Indicador Cepea, como se está negociando a fibra no mercado doméstico abaixo da referência, em breve este deve ceder mais ainda. A média mensal do Indicador em março ficou em R$ 4,86 por libra-peso, sendo 7,2% inferior à de fevereiro e 30,4% abaixo da média de março do ano passado. Esta é a menor média desde dezembro/2020, quando chegou a R$ 4,75 por libra-peso, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de fevereiro/2023). Ainda assim, o Indicador ficou, em média, 12,1% acima da paridade de exportação, a menor diferença desde julho/2022 (quando esteve em 2,2%). Os futuros de algodão negociados na Bolsa de Nova York fecharam praticamente estáveis nesta quarta-feira (05/04). Traders mantiveram uma postura mais cautelosa após o mercado ter recuado nas três sessões anteriores e acumulado perda de quase 3% no período. O vencimento maio da pluma ganhou 2 pontos (0,02%), e fechou a 81,07 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.