30/Mar/2023
Os preços do algodão seguem em queda no País, com negociações apenas pontuais e um mercado retraído em razão de incertezas econômicas. A indústria têxtil, sem demanda por seus produtos, está abastecida com estoques antigos e adquirindo somente lotes pontuais no spot, o que contribui para pressionar os preços em plena entressafra da fibra no Brasil. Até mesmo as negociações futuras estão sendo afetadas. Isso porque a indústria tem estoques que durariam inicialmente por dois meses, mas agora estão durando quatro e ainda há dúvida sobre se vão se prolongar por até cinco ou seis meses. Por se tratar de um bem não essencial, o consumo de algodão acaba sendo mais sensível a questões inflacionárias e de renda. No Brasil, agentes já relatam dificuldades nas vendas ao longo da cadeia têxtil, cenário que reforça o movimento de queda nos preços da pluma, que já vinha sendo observado desde meados de fevereiro.
Na parcial de março, o indicador Cepea do algodão, com pagamento em 8 dias acumula forte queda de 9,95%. No dia 23 de março, especificamente, fechou a R$ 4,64 por libra-peso, o menor valor nominal desde o dia 3 de fevereiro de 2021 (R$ 4,64 por libra-peso). No dia 28 de março, porém, o Indicador recuperou um pouco das perdas, fechando o dia a R$ 4,67por libra-peso, valorização de 0,56%. O setor está preocupado com a atual conjuntura, porque a negociação está parada. O mês de março já apresentou negociações abaixo do normal. No atual período do ano, os preços internos do algodão estariam em tendência de alta, já que o Brasil está em plena entressafra. Mas, a desaceleração econômica no País, além de risco de recessão na China e alta de juros nos Estados Unidos deixam o consumidor temeroso e, como têxteis não são bens essenciais, sua compra é adiada, o que deprime mais a demanda da fibra e, consequentemente, as cotações.
Do lado vendedor, a proximidade da entrada da safra 2022/2023 de algodão e a necessidade de alguns produtores de "fazer caixa" acabaram elevando a oferta de pluma no spot nacional, contribuindo para a queda de preços, pois, nesses casos, os produtores são mais flexíveis nos valores, principalmente quando o lote tem alguma característica intrínseca comprometida. Entretanto, ainda há uma parcela de produtores que se mantém firme em seus preços, sobretudo para lotes de qualidade superior, cuja disponibilidade está limitada no mercado. A média mensal de preços do Indicador do algodão na parcial de março está em R$ 4,90 por libra-peso, sendo 6,47% inferior à média de fevereiro e quase 30% abaixo da média de março de 2022. É, ainda, a menor média desde dezembro/2020, quando chegou a R$ 4,75 por libra peso, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de fevereiro/2023).
A conjuntura exige atenção. Deve-se analisar o cenário um dia de cada vez para não errar na compra. Em relação à exportação, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indica que em 18 dias úteis de março, as exportações brasileiras de algodão em pluma somaram 63,63 mil toneladas, 47,4% acima do volume embarcado em todo o mês de fevereiro/2023, mas 65,8% inferior à quantidade de março/2022. A atual média diária de vendas externas está em 3,54 mil toneladas, contra 8,45 mil toneladas em março/2022 (-58,1%). O preço médio está em 84,73 centavos de dólar-por libra-peso na parcial de março/2023, baixas de 1,2% no comparativo mensal (85,79 centavos de dólar-por libra-peso) e de 5,4% no anual (89,61 centavos de dólar-por libra-peso). Nesta quarta-feira (29/03), os futuros de algodão negociados na Bolsa de Nova York fecharam em leve alta, com a expectativa de uma área semeada menor nos Estados Unidos.
O vencimento maio da pluma ganhou 24 pontos (0,29%), e fechou a 82,76 centavos de dólar-por libra-peso. Na sexta-feira (31/03), o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) publica seu relatório de intenção de plantio e analistas acreditam que a área de algodão será estimada em 4,54 milhões de hectares. No ano passado, produtores dos Estados Unidos semearam 5,57 milhões de hectares com algodão. A alta do dólar ante as principais moedas e o enfraquecimento do petróleo limitaram os ganhos. O avanço da moeda norte-americana torna commodities produzidas nos Estados Unidos menos atraentes para compradores estrangeiros, enquanto a queda do petróleo melhora a competitividade de fibras sintéticas e pode desestimular a demanda por algodão. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.