17/Mar/2023
As exportações de algodão até a segunda semana de março sinalizam um ritmo mais lento de embarques do País. O Brasil exportou 29,095 mil toneladas e a média diária de embarques está 56% abaixo de igual mês de 2022, reforçando a tendência já observada em fevereiro, quando os embarques brasileiros somaram 43,163 mil toneladas, 74% a menos do que em igual período de 2022. Com isso, a pressão sobre o preço interno pode crescer, já que ainda há volumes da safra 2021/2022 por negociar e fábricas se mostram abastecidas. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias está cotado a R$ 5,00 por libra-peso e acumula queda de 3,21% no mês.
Os efeitos do terremoto na Turquia chegaram a afetar os embarques do Brasil por cerca de duas semanas, mas o principal motivo da queda das vendas externas do País são as dificuldades operacionais e macroeconômicas de Bangladesh e Paquistão, importantes consumidores de algodão brasileiro. Os governos de ambos os países têm limitado o que empresas podem fazer de importação e, para o que pode de fato ser importado, há dificuldade na abertura de cartas de crédito. Os embarques para Bangladesh ou Paquistão estão suspensos ou muito atrasados Isso não ocorre só com o Brasil, mas também com outros exportadores como Austrália e Estados Unidos.
O basis do mercado interno ficou muito acima do registrado na exportação durante toda a safra. Fábricas no País estavam operando com maior nível de atividade do que as dos principais importadores. Tradings que podiam vender no mercado interno venderam. Contudo, muitos produtores seguraram os últimos 15% a 20% da safra por mais tempo do que o habitual e devem desovar esses estoques nos próximos meses. Do lado da demanda, as fábricas estão cobertas para a entressafra. Existe tendência de pressão sobre preços no mercado interno, e o basis no mercado doméstico pode convergir para um patamar mais próximo do basis de exportação.
Os preços internos da pluma ainda remuneram mais que os para exportação e também operam acima dos referentes à pluma já embarcada pelo Brasil, que envolvem contratos passados. Isso evidencia que negociar o algodão no mercado interno tem sido mais atrativo do que exportar. Inclusive, vem crescendo o interesse de tradings em negociar a pluma no mercado doméstico em detrimento das vendas externas. De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), a comercialização de algodão da safra 2022/2023 em Mato Grosso alcançou 60,54% da produção aguardada para o ciclo, avanço mensal de 2,25%, com preço médio de R$ 155,21 por arroba.
Cabe destacar que as desvalorizações observadas nos preços da pluma nos últimos meses foram o principal fator que desmotivou novos negócios no Estado. Para a safra 2023/2024, as vendas do ciclo seguem em ritmo lento, com avanço mensal de apenas 0,53%, atingindo, em fevereiro, 6,27% da produção estimada para o ciclo, 7,98$ atrás do registrado em igual período da safra 2022/2023. Esse cenário de atraso, atrelado ao menor avanço mensal, é pautado pela mudança de conduta do produtor em aguardar cotações mais atrativas para negociar a pluma. O preço médio de venda em fevereiro ficou em R$ 138,82 por arroba, alta de 0,25% ante janeiro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.