15/Mar/2023
As cotações domésticas do algodão em pluma seguem enfraquecidas, enquanto a paridade de exportação tem sido sustentada pela valorização do dólar. Apesar desse cenário, os preços internos da pluma ainda remuneram mais que os para exportação e operam acima dos referentes à pluma já embarcada pelo Brasil (Secex), que envolvem contratos passados. Isso evidencia que negociar o algodão no mercado interno tem sido mais atrativo do que exportar. Inclusive, vem crescendo o interesse de tradings em negociar a pluma no mercado doméstico em detrimento das vendas externas. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuo de 0,43% nos últimos sete dias, cotado a R$ 4,98 por libra-peso. Na parcial do mês, o Indicador acumula baixa de 3,68%. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,43 por libra-peso (84,11 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,44 por libra-peso (84,31 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Na média do mês, o Indicador está 12,3% acima da paridade de exportação. Esta é a menor diferença positiva entre os valores desde julho de 2022, quando os preços domésticos chegaram a ficar abaixo da paridade. De agosto/2022 até os primeiros oito dias úteis de março/2023, o Brasil havia exportado 1,148 milhão de toneladas de algodão, 17% a menos que o volume de agosto/2021 a março/2022. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de 2022 foi estimada em 2,554 milhões de toneladas, gerando uma disponibilidade interna de 3,95 milhões de toneladas (aqui são considerados os estoques + produção + importação). Destes, a estimativa foi de que o consumo nacional no ano de 2022 tenha sido de 705 mil toneladas, e as exportações totais naquele ano, de 1,804 milhão de toneladas. Diante disso, em dezembro/2022, o estoque de passagem foi previsto em 1,439 milhão de toneladas, dos quais parte está sendo embarcada atualmente.
Para os volumes restantes, as negociações no spot nacional seguem limitadas pelas divergências de preços entre vendedores e compradores e pela qualidade dos lotes disponibilizados. Do lado comprador, a aquisição da pluma ocorre de forma pontual, diante da dificuldade de repasse dos custos maiores aos manufaturados. As indústrias ainda estão com baixa demanda por fios e produto final, o que limita o volume negociado no spot. Do lado vendedor, os produtores estão optando por segurar parte de seus lotes remanescentes, diante das recentes quedas nos preços. Somente para a pluma de qualidade inferior se observa alguma flexibilidade nos valores de negociação. Na Bolsa de Nova York, os contratos estão sendo pressionados pela valorização do dólar frente a outras moedas, pela retração no valor do petróleo no mercado internacional e pela menor demanda pela fibra norte-americana. O vencimento Maio/2023 tem baixa de 4,17% nos últimos sete dias, a 81,18 centavos de dólar por libra-peso; o Julho/2023, 4,44%, a 81,65 centavos de dólar por libra-peso; e o Outubro/2023, 3,93%, a 82,04 centavos de dólar por libra-peso.
O contrato Março/2023 se encerrou no dia 9 de março, a 82,30 centavos de dólar por libra-peso, com retração de 2,24% entre 28 de fevereiro e 9 de março. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em estimativa divulgada no dia 9 de março, indica que a área nacional de algodão deve ser de 1,665 milhão de hectares na safra 2022/2023, reajuste negativo de 0,53% frente ao relatório de fevereiro/2023, porém, 4% acima da temporada 2021/2022. A produtividade, por sua vez, caiu 8,03% frente ao relatório anterior, mas ainda pode ser 4,8% acima da safra passada, ficando em 1.672 Kg por hectare. Assim, a produção no Brasil pode chegar a 2,783 milhões de toneladas, 8,51% inferior aos dados do mês passado, mas com aumento de 9% em relação à temporada 2021/2022. Vale considerar que, com os recentes reajustes negativos, a temporada 2022/2023 não deve ser mais recorde (como apontado em fevereiro), sendo estimada agora como a segunda maior, atrás da safra 2019/2020 (3,002 milhões de toneladas).
Para Mato Grosso, a área está prevista em 1,193 milhão de hectares, retração de 0,48% frente aos dados de fevereiro, mas 4,6% acima da temporada 2021/2022. A produtividade está estimada em 1.595 Kg por hectare, queda significativa de 11,06% frente à previsão de fevereiro/2023, mas elevação de 2,9% se comparada à safra anterior. Dessa forma, o volume produzido está projetado em 1,902 milhão de toneladas, declínio de 11,48% no comparativo mensal, mas aumento de 7,7% em relação à temporada de 2021/2022. A área cultivada na Bahia está prevista em 312,6 mil hectares, aumento de 1,49% no comparativo mensal e de 1,6% entre as safras. Para a produtividade e produção, ambas estão superiores às da temporada 2020/2021, mas registraram queda frente ao relatório passado, de 2,77% e de 1,3%, respectivamente.
Em relatório divulgado no dia 8 de março, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta aumento de 0,6% na produção mundial frente ao relatório anterior, mas baixa de 0,7% em relação à safra 2021/2022, totalizando 25,058 milhões de toneladas na temporada 2022/2023. Essa oferta está 4,5% superior ao consumo global, estimado em 23,973 milhões de toneladas, recuo mensal de 0,5% e 5,3% abaixo do da temporada passada. O estoque final está previsto em 19,845 milhões de toneladas na temporada 2022/2023, altas de 2,3% frente ao estimado no mês anterior e de 5,8% em relação à safra passada. As importações mundiais, por sua vez, estão estimadas em 8,617 milhões de toneladas, recuo de 2,1% frente aos dados de fevereiro e queda de 7,3% no comparativo com a safra 2021/2022. As exportações globais podem somar 8,621 milhões de toneladas, retrações de 1,9% no comparativo mensal e de 7,6% frente à safra 2021/2022. Para o Brasil, especificamente, houve reajuste negativo de 3,8% frente aos dados de fevereiro/2023, mas os embarques ainda podem ficar 0,4% superiores aos da safra 2021/2022. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.