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08/Mar/2023

Pressão baixista sobre preços internos do algodão

Os valores internos do algodão em pluma estão recuando com certa força neste início de março, pressionados pela demanda enfraquecida. Diante disso, os atuais preços de negociação já são os menores desde o começo de novembro de 2022, em termos nominais, e estão mais próximos da paridade de exportação. As indústrias estão em busca de lotes de boa qualidade e/ou a preços abaixo do praticado no spot. E, com as recentes quedas, parte dos demandantes se afastou ainda mais do mercado, à espera de novas desvalorizações. Os agentes ativos são apenas aqueles que têm necessidade imediata. Ressalta-se que as vendas dos manufaturados seguem enfraquecidas, sobretudo devido à baixa demanda por parte do consumidor final. Do lado vendedor, parte dos produtores se mantém capitalizada, sem interesse em novas negociações.

Além disso, alguns produtores estão focados na comercialização e/ou na entrega dos contratos de soja. Por outro lado, os vendedores com necessidade imediata acabam sendo flexíveis nos valores, o que permite um avanço nas negociações envolvendo a pluma a preços menores. Assim, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra baixa de 3,8% nos últimos sete dias, cotado a R$ 5,00 por libra-peso, o menor valor nominal desde o dia 3 de novembro de 2022 (R$ 4,98 por libra-peso). No entanto, a média mensal do Indicador neste início de março ainda está 12,5% superior à paridade de exportação. Conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o preço médio das exportações em fevereiro/2022 foi de 85,79 centavos de dólar por libra-peso, elevação de apenas 0,5% frente ao mês anterior, mas retração de 1,7% em um ano.

Em moeda nacional, a média de fevereiro/2022 foi de R$ 4,44 por libra-peso, leve aumento de 0,2% frente ao mês anterior, mas baixa de 2% em relação à média de fevereiro/2022 (R$ 4,53 por libra-peso) e 15,2% menor que a verificada no spot nacional em fevereiro/2023 (Indicador). Vale considerar que os valores domésticos estão superiores aos das exportações efetivas desde outubro/2020. Quanto ao volume, foram exportadas 43,16 mil toneladas de pluma em fevereiro, o menor desde julho/2022 (19,68 mil toneladas), com baixas de 65,2% frente ao mês anterior e de 74,1% em relação ao de fevereiro/2022 (166,4 mil toneladas). O faturamento de fevereiro foi de US$ 81,6 milhões, quedas de 65,2% no comparativo mensal e de 74,1% no anual.

A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,42 por libra-peso (85,72 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,43 por libra-peso (85,92 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os contratos estão oscilando, influenciados principalmente pela flutuação do índice do dólar norte-americano (DXY). Assim, o vencimento Março/2023 registra desvalorização de apenas 0,16% nos últimos sete dias, a 84,86 centavos de dólar por libra-peso, e o Maio/2023, 0,11%, a 84,71 centavos de dólar por libra-peso.

O contrato Julho/2023 apresenta alta de 0,43% nos últimos sete dias, a 85,44 centavos de dólar por libra-peso; e o Outubro/2023, 1,11%, a 85,40 centavos de dólar por libra-peso. Dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) apontam que a semeadura da safra 2022/2023 no Brasil está praticamente encerrada. Em relatório divulgado no dia 1º de março, o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) estimou a produção mundial em 24,37 milhões de toneladas na safra 2022/2023, 3,26% inferior à anterior e 1,3% menor que a estimativa do início de fevereiro/2023. O consumo mundial de algodão deve cair 10,38% se comparado à safra 2021/2022, para 23,13 milhões de toneladas, e pode ficar 5,09% inferior à oferta.

Para as exportações, por sua vez, projetam-se recuo de 11,55% frente às da temporada anterior e retração de 0,6% no comparativo mensal, para 8,61milhões de toneladas. Nesse cenário, o estoque final deve somar 20,71 milhões de toneladas, com elevação de 6,35% em relação à temporada 2021/2022, mas queda de 4,23% frente ao relatório de fevereiro/2023. Quanto aos preços, em março, o Icac indicou média do Índice Cotlook A de 101,57 centavos de dólar por libra-peso para a temporada 2022/2023, variando de 85,39 centavos de dólar por libra-peso a 124,65 centavos de dólar por libra-peso. Além disso, a estimativa atual está 2,3% inferior à média do relatório divulgado no dia 1º de fevereiro/2023. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.