10/Fev/2023

As negociações de algodão continuam lentas no disponível, com fábricas pouco atuantes na ponta compradora. Além de aguardarem para ver se é possível obter a pluma por preço menor, argumentam que o algodão que chega ao mercado neste momento tem qualidade inferior. Tradings ofertavam lotes internamente a valores acima do Esalq, mas não atraem interesse de compra. O Indicador Cepea/Esalq com pagamento em 8 dias está cotado a R$ 5,24 por libra-peso. O recuo no mês é de 0,25%. A comercialização no spot está enfraquecida, com alguns participantes ainda fora do mercado e a qualidade do algodão remanescente considerada fraca.

Hoje, quem tem algodão são tradings que ofertam pouco acima do Esalq, mas não atraem interesse de compra. As fábricas querem aguardar para ver como fica o preço porque não estão vendendo bem fio. As ofertas de tradings estão na faixa de R$ 5,40 por libra-peso para negociação interna. As indústrias não estão abastecidas para toda a entressafra e devem adquirir algodão caso surjam ofertas de maior qualidade. Apesar do período atual de entressafra, os preços internos da pluma não conseguem encontrar sustentação. As oscilações dos valores no mercado externo, as incertezas quanto ao crescimento econômico mundial e o recebimento/cumprimento de contratos a termo no cenário brasileiro têm restringido a liquidez no spot e resultado em pequenas flutuações nos valores internos.

O recente enfraquecimento do dólar frente ao Real pressionou as paridades de exportação e importação, influenciando os patamares domésticos. O desempenho do setor têxtil vem sendo afetado pelas medidas anticíclicas para conter a inflação pelo mundo desde a metade do ano passado. No exterior, fábricas ainda estão produzindo menos, operando com 50% a 70% da capacidade, mas o mercado reagiu. No Brasil, a demanda ainda está muito baixa, mas melhor do que há dois meses. Janeiro foi melhor do que outubro e novembro, mas ainda está longe de ser uma situação boa. Os futuros na Bolsa de Nova York continuam sustentados, mas presos em intervalo de 82,00 e 90,00 centavos de dólar por libra-peso no curto prazo.

O preço não diminui muito abaixo de 85,00 centavos de dólar por libra-peso, porque de 80,00 a 82,00 centavos de dólar por libra-peso está o custo de produção. Quando chega nesse nível, os produtores param de vender e fixar, e a bolsa acaba encontrando algum suporte. Perto de 90,00 centavos de dólar por libra-peso os produtores voltam a vender no Brasil e nos Estados Unidos, o que impede os preços de subir muito. O terremoto na Turquia também preocupa. A Turquia é um parceiro importante, gosta do algodão brasileiro e norte-americano, e 60% a 70% da sua capacidade de consumo acabou de passar por um terremoto.

Ainda não se sabe quanto o terremoto afetou a indústria têxtil turca. Além disso, o Porto de Iskenderun, que recebe contêineres de algodão importado, pegou fogo. A exportação brasileira vai principalmente para esse porto. Também para o Porto de Mersin, que fica mais longe do epicentro, e não foi tão afetado. Além disso, bancos brasileiros vêm limitando a quantidade de bancos de Paquistão e Bangladesh, grandes importadores, aceitos para fins de cartas de crédito. O enfraquecimento da saúde dos bancos desses países pode estar por trás da redução da exportação de algodão brasileiro no último mês. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.