18/Jan/2023
Os preços internos do algodão em pluma acumulam queda nos últimos dias, mas, ainda assim, estão acima da paridade de exportação. A liquidez, por sua vez, segue enfraquecida. Agentes têm encontrado dificuldade principalmente em acordar os valores, acentuando a “queda de braço” entre comprador e vendedor. Há maior presença compradora nos últimos dias, que busca o produto a preços menores. Os vendedores, por sua vez, seguem firmes em suas posições, sem apresentar necessidade urgente de negociar. Além disso, a cotação doméstica na parcial de janeiro continua sendo superior à registrada no mês anterior e a maior em quatro meses. Nos últimos dias, tanto os preços externos quanto a taxa de câmbio apresentam um pouco mais de oscilação, mas acumulam baixa, devido a fatores macroeconômicos internacionais desfavoráveis.
Dessa forma, as oscilações dos valores externos e do câmbio impactam seus patamares, o que, por sua vez, favorece flutuações no mercado doméstico. Nesse cenário, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra queda de 1,44% nos últimos sete dias, a R$ 5,29 por libra-peso. A média do Indicador na parcial de janeiro é de R$ 5,33 por libra-peso, alta de 0,3% em relação à média do mês anterior e 16,8% superior à paridade de exportação. Essa média mensal é a maior desde outubro/2022, mas ainda está 12,9% abaixo da média nominal de setembro/2022. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,38 por libra-peso (85,22 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,40 por libra-peso (85,43 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Os contratos na Bolsa de Nova York registram queda, pressionados pela realização de lucro das tradings, pela estimativa de maior volume produzido nos Estados Unidos e pela demanda chinesa enfraquecida. O contrato Março/2023 tem recuo de 4,56% nos últimos sete dias, a 82,29 centavos de dólar por libra-peso; o Maio/2023, baixa de 4,11%, a 82,60 centavos de dólar por libra-peso; o Julho/2023, -3,59%, a 82,87 centavos de dólar por libra-peso e o Outubro/2023 registra baixa de 2,81%, a 80,86 centavos de dólar por libra-peso. De acordo com a projeção divulgada no dia 12 de janeiro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área brasileira deve ser de 1,642 milhão de hectares na safra 2022/2023, reajuste positivo de 0,23% frente ao relatório de dezembro/2022 e 2,6% acima da temporada 2021/2022. A produtividade segue prevista para ser 13,7% superior à da safra passada. Assim, a estimativa é de que a produção no Brasil tenha aumento de 16,7% quando comparada à temporada 2021/2022.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou, em relatório divulgado no dia 12 de janeiro, recuo de 0,3% na produção mundial frente aos dados do mês anterior, a 25,125 milhões de toneladas na safra 2022/2023. Porém, houve elevação nas estimativas da China, Índia, Turquia e do Brasil, mas com baixa nos Estados Unidos, na Austrália e no Paquistão, também no comparativo mensal. O consumo mundial de algodão deve ser 0,8% menor se comparado ao do mês anterior, indo para 24,136 milhões de toneladas, sendo 5,7% abaixo do da safra passada. Essa pressão continua vindo da desaceleração da economia global. As importações mundiais, por sua vez, estão estimadas em 9,063 milhões de toneladas, recuos de 1,5% frente aos dados do mês anterior e de 2,9% no comparativo com a safra 2021/2022. Vale considerar que, de dezembro para janeiro, o USDA apontou redução de 3,2% nas importações da China (1,687 milhão de toneladas), enquanto para Bangladesh a estimativa permaneceu estável, em 1,742 milhão de toneladas, ultrapassando o volume chinês e se tornando o maior importador na safra 2022/2023.
As exportações globais podem somar 9,07 milhões de toneladas, baixas de 1,4% no comparativo mensal e de 2,8% frente à safra 2021/2022. O estoque final está projetado em 19,581 milhões de toneladas na temporada 2022/2023, altas de 0,4% frente ao estimado no mês anterior e de 5,4% em relação à safra passada. Com isso, a relação estoque final/consumo passou para 81,1%, a maior em três anos-safras. Como há uma relação inversa entre estoques e preços, o Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) indica que o Índice Cotlook A tenha média de 108,17 centavos de dólar por libra-peso na temporada 2022/2023, contra 131,68 centavos de dólar por libra-peso na temporada 2021/2022 (para o ano-safra, considera-se o período de agosto de um ano a julho do ano seguinte). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.