09/Jan/2023
O setor produtivo de algodão em pluma deve elevar a área com a cultura nesta temporada 2022/2023, diante da boa rentabilidade apresentada nos últimos anos. Porém, a possibilidade de redução na economia mundial, devido ao ambiente inflacionário e a casos de Covid-19 na China, segue preocupando. A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) projeta aumento na produção brasileira da safra 2022/2023, de 16,6% frente à temporada 2021/2022, chegando a 2,973 milhões de toneladas, o que seria o segundo maior volume da história (atrás apenas do de 2019/2020). Este deve ser o resultado da produtividade de 1.815 Kg/ha (crescimento de 13,9% frente à safra 2021/2022) e da elevação na área semeada, de 2,3%, somando 1,638 milhão de hectares. Por enquanto, o clima tem favorecido a semeadura e o desenvolvimento da safra. Os cotonicultores, no entanto, seguem atentos à elevação nos custos de produção, sobretudo com os fertilizantes.
Com a entrada da safra, a tendência é de que o aumento na disponibilidade da pluma eleve o ritmo de negociações, especialmente depois do cumprimento de programações e do avanço do beneficiamento e classificação. Parte dos compradores já mostra interesse em garantir a pluma da próxima safra por meio de contratos. Quanto ao consumo, a estimativa é de 720 mil toneladas de pluma na safra 2022/2023, 2,1% maior que a da temporada passada (705 mil toneladas) e voltando aos patamares da safra 2020/2021. O estoque de passagem no Brasil, de 1,340 milhão de toneladas para dezembro/2022, é o menor desde 2018/2019 e deverá dar suporte aos preços até a chegada da próxima temporada. Já para dezembro/2023, a projeção é de estoques de passagem de 1,614 milhão de toneladas (temporada 2022/2023), os maiores desde 2019/2020. O USDA indica produção mundial da safra 2022/2023 em 25,197 milhões de toneladas, estável frente à temporada anterior. As estimativas são de maior oferta na China, Índia, Brasil e Turquia, mas de queda nos Estados Unidos, Austrália e Paquistão.
O consumo global pode diminuir 4,9%, para 24,320 milhões de toneladas, sendo o menor desde a safra de 2019/2020 (22,658 milhões de toneladas). As estimativas são de maior consumo apenas para a China, chegando a 7,730 milhões de toneladas (+1,4%). As importações mundiais, por sua vez, devem totalizar 9,204 milhões de toneladas, com queda de 1,4% se comprada à safra 2021/2022. Assim, o estoque mundial foi estimado pelo USDA em 19,5 milhões de toneladas em 2022/2023, aumento de 4,8% sobre a safra anterior, elevando a relação estoque/consumo para 80,2%, a mais alta desde 2019/2020. O Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac) estima a média do Índice Cotlook A em US$ 1,15 por libra-peso para a temporada 2022/2023, variando de US$ 0,98 a US$ 1,51 por libra-peso. As estimativas do USDA apontam para exportações brasileiras de 1,807 milhão de toneladas na safra 2022/2023 (agosto/2022 a julho/2023), elevação de 7,4% frente à temporada anterior e o terceiro maior volume da história.
As negociações para exportação com embarques durante 2023 apresentam média de 87,65 centavos de dólar por libra-peso, considerando-se os valores FOB Porto de Santos (SP). Para 2023/2024, as médias de negociações estão em 86,47 centavos de dólar por libra-peso. Os contratos a termo realizados entre outubro de 2021 a dezembro de 2022 com entregas para 2023 apontam média de preço em R$ 5,67 por libra-peso posto Sul-Sudeste. A média é de R$ 5,56 por libra-peso no primeiro semestre e de R$ 5,31 por libra-peso no segundo semestre de 2023. Muitos negócios, tanto para exportação como para o mercado interno, são realizados baseados nos contratos da Bolsa de Nova York (ICE Futures) e no Indicador CEPEA/ESALQ com valores a serem fixados posteriormente. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.