14/Dez/2022
Com a proximidade do final do ano e o início das férias coletivas para muitas empresas, a demanda por novos lotes de algodão em pluma está se desaquecendo. Além disso, a dificuldade de encontrar caminhão para este período do ano também reduz o interesse por novas negociações no spot. Assim, agentes estão focados nos carregamentos e no cumprimento de contratos a termo, e apenas as indústrias com necessidade imediata é que estão ativas no mercado. Os produtores, por sua vez, estão sem interesse em realizar novas vendas, tendo em vista que se mostram capitalizados e com bom volume da safra já comprometido. Alguns têm preferência em ter novos faturamentos apenas em 2023. Nesse cenário, os preços da pluma, que vinham registrando reação nas últimas semanas, estão caindo neste início de dezembro. O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra recuo de 0,71% nos últimos sete dias, a R$ 5,29 por libra-peso. Na parcial de dezembro, o Indicador ainda acumula alta de 0,48%. A média mensal parcial está 14,6% superior à paridade de exportação.
A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,59 por libra-peso (86,21 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 4,60 por libra-peso no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os contratos estão pressionados pela desvalorização do petróleo, pelo avanço do dólar no mercado internacional, pela expectativa de menor demanda e pela maior oferta. O contrato Dezembro/2022, que se encerrou no dia 7 de dezembro, caiu 4% de 30 de novembro a 7 de dezembro, a 82,61 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Março/2023 tem retração de 5,33% nos últimos sete dias, a 79,39 centavos de dólar por libra-peso; o Maio/2023, 4,51%, a 79,48 centavos de dólar por libra-peso; e o Julho/2023, 3,85%, a 79,41 centavos de dólar por libra-peso. De acordo com a estimativa divulgada no dia 8 de dezembro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área brasileira deve ser de 1,638 milhão de hectares na safra 2022/2023, reajuste negativo de 0,26% frente ao relatório de novembro/2022, mas ainda 2,3% acima da temporada 2021/2022.
A produtividade ficou praticamente estável em relação à estimativa do mês anterior (+0,01%) e 13,9% superior frente à temporada passada. A produção no Brasil caiu apenas 0,25% no comparativo com relatório anterior, mas pode aumentar 16,6% quando comparado com a temporada 2021/2022. Vale ressaltar que diante das questões internacionais como a guerra no Leste Europeu, inflação global e o declínio na demanda da China nos últimos meses, que é o maior comprador de algodão do Brasil, devido a políticas de restrições à Covid-19, os produtores brasileiros têm intenção de investir mais na ampliação da cultura e na divulgação do produto nacional aos consumidores em potencial. Em Mato Grosso e na Bahia, que representam 90,3% do total cultivado no País na safra 2022/2023, as estimativas de área, produção e produtividade se mantiveram estáveis frente aos dados de novembro/2022. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em relatório divulgado no dia 9 de dezembro, reajustou a produção mundial em 0,6% frente aos dados do mês anterior, indo para 25,197 milhões de toneladas na safra 2022/2023.
Houve elevação na estimativa para os Estados Unidos e Turquia, e queda na da Austrália e Paquistão no comparativo mensal, fazendo com que a produção global ficasse estável frente à safra 2021/2022. O consumo mundial de algodão está estimado para cair 2,8% se comparado ao do mês anterior, indo para 24,32 milhões de toneladas, sendo 4,9% abaixo do da temporada passada, o segundo menor volume desde a safra 2009/2010, ficando atrás apenas da temporada 2019/2020, quando chegou a 22,66 milhões de toneladas. Essa retração no consumo está relacionada ao recuo nos suprimentos, a margens de lucros reduzidas nas fiações, à queda nos pedidos de fios nas empresas de tecidos e confecções e aos altos níveis de inflação, que também pressionam a demanda. As importações mundiais, por sua vez, estão estimadas em 9,204 milhões de toneladas, recuo de 2,2% frente aos dados do mês anterior e retração de 1,4% no comparativo com a safra 2021/2022.
De novembro para dezembro, o USDA apontou reduções de 5,9% nas importações da China, de 3% nas do Vietnã e de 8,5% nas da Turquia. As exportações globais podem somar 9,199 milhões de toneladas, baixa de 2,2% no comparativo mensal e queda de 1,4% frente à safra 2021/2022. Quanto aos dois maiores exportadores mundiais, para os Estados Unidos, houve redução de 2% nas vendas externas no comparativo mensal e em 16,2% frente à safra 2021/2022, enquanto para o Brasil, houve redução de 1,2% frente aos dados de novembro, mas o volume embarcado ainda deve crescer 7,4% em relação ao da temporada anterior. Com isso, o estoque final está previsto em 19,5 milhões de toneladas na temporada 2022/2023, elevações de 2,6% frente ao estimado no mês anterior e de 4,8% em relação à safra passada. Para o Brasil, especificamente, o estoque está estimado em 2,929 milhões de toneladas, alta de 0,8% frente aos dados do mês passado e 12,7% acima do volume da temporada anterior. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.