25/Ago/2022
Em meio à reta final da colheita da safra 2021/2022, os produtores de algodão já planejam o plantio da próxima temporada. A decisão de plantio está praticamente tomada pelos produtores brasileiros. Ao todo no País, a área deve crescer em torno de 6%, para 1,7 milhão de hectares, e a produção 15,4%, para entre 2,9 milhões e 3 milhões de toneladas, estima a Associação Brasileira dos Produtos de Algodão (Abrapa), impulsionada pelo aumento dos preços da commodity. A decisão de plantio já foi tomada e deve se aproximar da área semeada antes da pandemia. Mas, o cenário é distinto nos três principais Estados produtores da pluma. Em Mato Grosso e em Goiás, a perspectiva é otimista, com aumento da área ocupada pelas lavouras da fibra. Em contrapartida, na Bahia, a estimativa é de estabilidade na área plantada. O plantio da safra 2022/2023 começa em novembro pela Bahia e Goiás e prossegue por Mato Grosso em janeiro.
Em Mato Grosso, que produz dois terços da safra nacional, a área ocupada com algodão deve crescer de 10% a 15% na próxima safra, para 1,2 milhão de hectares, estima a Associação Mato-Grossense dos Produtores de Algodão (Ampa). Esse aumento, por si só, garante uma safra de 6% a 7% maior no País, caso outros Estados não ampliem suas áreas. Se confirmada a alta de 10% a 15% na área plantada no Estado, Mato Grosso deve colher cerca de 2 milhões de toneladas de pluma na temporada 2022/2023, com produtividade estimada em 275 arrobas de algodão por hectare, considerando o rendimento histórico do Estado. Segundo a Ampa, 80% das decisões de área já estavam tomadas pelos produtores de Mato Grosso quando realizaram o planejamento da compra dos insumos para o ciclo. O clima nos próximos meses durante o período do plantio da soja será determinante para a decisão final do produtor. Isso porque o algodão é cultivado no Estado após a colheita da soja, na mesma área antes ocupada pela oleaginosa.
Se o plantio da soja for em período mais cedo possível, permite janela mais favorável, em janeiro, para o cultivo de algodão, o que pode possibilitar maior produtividade. O produtor aguarda o clima para definir a área total. Ele planeja plantar de 1,5 mil hectares a 2 mil hectares e compra os insumos para 1,8 mil hectares. Se atrasar o plantio de soja e não houver janela favorável para o algodão, ele pensa em 1,8 mil hectares, mas, se chover bem e acelerar janela da soja, pode plantar 2 mil hectares. O incremento na área plantada no Estado deve-se principalmente à recuperação dos preços observada no último mês. A reação do mercado é o principal fator para incentivar a expansão de área. Esse reflexo nos preços deve-se à leitura de uma produção mundial não tão positiva e uma demanda não tão represada. A China está voltando dos isolamentos e vai normalizar o consumo, o que significa milhões de produtos têxteis comercializados. No mercado internacional, os contratos futuros subiram 25% em um mês na Bolsa de Nova York.
No mercado doméstico, as cotações avançaram 10,48% em um mês, com o Indicador de preço do algodão do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), pagamento em oito dias, fechando a R$ 6,61 por libra-peso no dia 23 de agosto. Na Bahia, a reação dos preços teve um efeito contrário sobre a perspectiva de cultivo da fibra. Inicialmente, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) estimava recuo na área plantada com algodão com migração de parte das lavouras para soja e milho, já que o Estado semeia a commodity em 1ª safra, ou seja, as áreas de algodão concorrem com os grãos. Agora, a projeção é de estabilidade, ante os cerca de 309 mil hectares plantados na safra 2021/2022. O produtor já tomou a decisão de plantio. Com a alta dos preços, o Estado deve manter a área semeada na temporada passada. Considerando a produtividade média de 310 arrobas por hectare, será possível colher 590 mil toneladas de algodão. Se, de um lado, o aumento dos preços impediu o recuo na área plantada.
Por outro, o aumento de custo, em média de 45% a 50%, puxado pela alta dos fertilizantes, vai segurar a expansão. O produtor tomou a decisão quanto à área quando planejou as compras dos insumos. No momento da decisão, os preços dos fertilizantes estavam mais elevados, o que retraiu parte do investimento. Apesar da inflação de custos, a rentabilidade da cultura na safra 2022/2023 ainda será positiva, porém com margens menores em relação à safra passada. Em Goiás, terceiro maior produtor da pluma, atrás de Mato Grosso e Bahia, a área plantada com algodão deve crescer de 10% a 12%, dos atuais 27,5 mil hectares para cerca de 30 mil hectares, estima a Associação Goiana dos Produtores de Algodão (Agopa). Há agricultores novos entrando na cultura e outros ampliando a área. Mas, a decisão de plantio ainda pode ser alterada se ocorrer algum movimento altista ou baixista em soja e milho, que competem pelas áreas com o algodão. Um eventual viés altista nessas commodities pode mudar o cenário para produção de algodão no Estado para os agricultores que cultivam a 1ª safra (65% da produção estadual).
Algum possível atraso nas chuvas para o plantio de soja, e consequente atraso na semeadura, pode refletir na diminuição de área plantada para aqueles produtores que semeiam a fibra em 2ª safra, após os grãos. Mas, mesmo com a interferência desses fatores, a área plantada deve se consolidar próximo de 30 mil hectares no Estado. O potencial é de colheita em média de 300 arrobas de algodão em caroço por hectare, o que resultaria entre 130 mil e 150 mil toneladas de algodão em caroço e 54 mil toneladas em pluma. Em virtude da elevada taxa de adubação, o aumento dos fertilizantes, de 200% a 300% em um ano-safra, tem peso maior sobre a safra de algodão em relação a outras culturas, mas a rentabilidade se manterá positiva. O algodão está com alto patamar de preço. Se colher acima de 300 arrobas de pluma por hectare, o cultivo de algodão começa a ficar tão interessante quanto soja e milho em rentabilidade. Os preços atuais são atrativos para o cultivo. Nos três Estados, as entidades relatam que os insumos para safra 2022/2023 de algodão já estão garantidos pelos produtores e chegando nas propriedades. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.