09/Jun/2022
Segundo a Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), com 65% a 70% da safra de algodão 2021/2022, que está sendo colhida no País, já comercializada, o avanço da colheita e beneficiamento a partir deste mês deve exercer pressão limitada sobre os preços internos no curto prazo. Ao observar o que tem vendido, o preço não deveria ceder. Os produtores têm muito algodão para entregar em agosto e setembro, vendidos para exportação. Como a maioria dos contratos foi fechada a valores mais baixos do que os atuais, é possível que ocorram atrasos nas entregas para aproveitar oportunidades no mercado interno. Mas, não há um volume maciço de ofertas na entrada da safra. As cotações e basis nos últimos três meses refletiram mais a situação do mercado futuro (necessidade de tradings de recomprar contratos na Bolsa de Nova York quando fábricas fixam o preço de compra do algodão) do que a situação de oferta e demanda, e os preços altos já estão causando redução do consumo.
Fábricas não estão tendo condições de repassar o custo, e o estoque de fio está aumentando no mercado internacional. Há ainda o medo da recessão mundial. Têxtil é o primeiro que entra na crise e o último que sai. Em um quadro recessivo, é o setor que mais sofre. A seca no Texas (EUA), que vinha ajudando a sustentar as cotações, vem sendo amenizada por um volume razoável de chuvas nos últimos 10 dias. No Brasil, adversidades climáticas na Bahia e no noroeste de Mato Grosso podem ter afetado a produção. Há certa dúvida sobre o tamanho da safra, com algumas regiões sofrendo bastante com seca em abril e maio, que não deixou a planta se desenvolver da forma correta. Mas, outras regiões têm lavouras em ótimo estado. A queda em algumas regiões pode ser compensada pelo aumento em outras. A incerteza sobre preço do diesel e fertilizantes, como consequência da guerra na Ucrânia, afeta o planejamento das próximas safras, com produtores vendendo algodão antecipadamente apenas quando conseguem travar o custo dos insumos.
Por um lado, todos sentem que o preço dos últimos 30 dias não deve se sustentar. Mas, é muito arriscado vender sem saber quanto vai custar para produzir. A expectativa é de aumento de custos nas safras 2022/2023 e 2023/2024. Ainda assim, não deve haver redução de área expressiva no País. Os preços do mercado estão acompanhando. Mesmo com aumento de custo, tem uma margem aceitável. Nas condições atuais, tende a haver um aumento gradual e constante de área. Ainda assim, o cenário é de muita incerteza tanto no mercado doméstico, com a corrida eleitoral, como no internacional, com a possibilidade de retração na economia mundial na esteira do conflito Rússia-Ucrânia. Vai continuar sendo um período de grande volatilidade. No mercado brasileiro, depois de acumular alta de 10,2% em maio, o Indicador Cepea/Esalq do algodão em pluma, com pagamento 8 dias, passou operar abaixo dos R$ 8,00 por libra-peso em junho.
A pressão veio dos enfraquecimentos dos contratos na Bolsa de Nova York e da paridade de exportação, além da entrada de alguns lotes da temporada 2021/2022 no mercado, contexto que levou vendedores a ceder nos preços indicados pela pluma. No entanto, a indústria tem ofertado valores ainda menores, aumentando a pressão sobre as cotações. A desvalorização da pluma favoreceu fechamentos de alguns acordos no spot, mas a liquidez segue baixa devido ao desacordo sobre preços entre compradores e vendedores. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão fecharam em alta nesta quarta-feira (08/06). O vencimento dezembro da pluma avançou 266 pontos (2,22%), e fechou a 122,54 centavos de dólar por libra-peso. O mercado foi impulsionado pelo fortalecimento do petróleo, que diminui a competitividade de fibras sintéticas e pode estimular a demanda por algodão. O combustível ampliou os ganhos da véspera em meio ao relaxamento das restrições contra a Covid-19 em várias cidades da China. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.