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19/Mai/2022

Preços do algodão em patamares elevados no Brasil

A comercialização de algodão no mercado interno é lenta no spot, enquanto evolui um pouco mais para as safras 2021/2022, cuja colheita está se iniciando agora, e para 2022/2023. No disponível, com a pluma do ciclo 2020/2021, a baixa oferta limita negócios. Além disso, do lado da demanda doméstica, os preços sustentados da fibra afastam a indústria tanto da negociação no spot quanto das aquisições antecipadas. Já os exportadores estão mais ativos nas propostas e compras de lotes das próximas safras. O Indicador de preço do algodão do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) com pagamento em 8 dias vem renovando recordes consecutivos. A máxima nominal mais recente foi atingida no dia 16 de maio, a R$ 8,10 por libra-peso. No dia 17 de maio, o Indicador encerrou em R$ 8,09 por libra-peso, queda de 0,10% ante o dia anterior. Nos últimos sete dias, o avanço é de 1,74% e, no mês, 9,71%.

A sustentação dos preços da pluma vem da elevada paridade de exportação, da posição firme de vendedores e da oferta restrita, sobretudo de pluma de maior qualidade. A valorização dos contratos na Bolsa de Nova York também reforça o movimento de alta no Brasil. Um dos motivos que ditam o ritmo lento do mercado spot é o baixo volume de algodão da safra 2020/2021 disponível. Praticamente não tem algodão da safra 2020/2021 com os produtores. Há apenas alguns casos esporádicos de produtor ou trading com algodão disponível, mas os acordos não avançam porque a indústria continua com pouco apetite para novas compras. O valor praticado, em torno de R$ 8,00 por libra-peso, afasta as fábricas dos negócios, já que enfrentam dificuldade de repasse e liquidez baixa no mercado de fios e tecidos. Os vendedores continuam firmes nas indicações, pois poucos possuem algodão disponível.

Para a safra 2021/2022, o volume colhido ainda é irrisório na comparação com o esperado para a safra e, desta forma, os negócios da nova safra ainda são para entrega futura, no segundo semestre deste ano. Do lado do vendedor, a oferta está restrita até mesmo por dúvidas quanto à produtividade em Mato Grosso. Alguns negócios estão ocorrendo de trading para indústria em torno de R$ 7,30 por libra-peso CIF, para entrega em fábricas das Regiões Sul e Sudeste a partir de agosto. Do lado da demanda, o apetite das fábricas está moderado para aquisição de lotes para o segundo semestre. Algumas já tinham negociado volumes em preço inferior ao atual, quando os futuros na Bolsa de Nova York estavam em valores inferiores. Agora, o contrato dezembro/2022, passando de 130,00 centavos de dólar por libra-peso, fez com que as negociações fossem corrigidas para este novo patamar de preço e as fábricas adotassem postura de cautela nas compras.

A indústria ainda não está totalmente abastecida para a segunda metade deste ano e para o início de 2023. A volatilidade dos preços, a valorização do contrato dezembro/2022 e a dificuldade de repasse do custo do algodão ao produto final fazem com que as fábricas ainda estejam cautelosas. A tendência é de que as cotações dos futuros da fibra continuem firmes e em viés de alta até que haja transição dos contratos, com a expiração do julho/2022 e o dezembro/2022 se tornando a referência para o spot. Em Mato Grosso, na região de Primavera do Leste, o mercado spot está parado em virtude do baixo volume remanescente da safra anterior. Em relação à temporada 2021/2022, que começou a ser colhida em Mato Grosso, a comercialização está um pouco mais aquecida do que a do spot, mas ainda em ritmo lento. Cerca de metade da safra já foi vendida antecipadamente e os preços estão em alta.

A exportação está ativa nas compras, mas com cautela, e os produtores tendem a esperar para vender maiores volumes. Lotes giram em torno de R$ 200,00 por arroba CIF Porto de Paranaguá (PR), para entrega a partir de agosto, abaixo da referência do Indicador Cepea/Esalq para spot (de aproximadamente R$ 267,85 por arroba) e da paridade do mercado internacional de R$ 217,00 por arroba. O mercado observa as incertezas em relação à safra. Há dúvidas quanto à produtividade esperada e o que realmente será colhido no Estado, em virtude do baixo volume de chuvas registrado em abril e maio. A produtividade deve ficar de 10% a 15% abaixo do esperado, mas não deve ter quebra de safra. Esse recuo de rendimento está concentrado em alguns locais. A produção deve ser compensada pelo aumento de área. Os produtores estão apreensivos em relação à produtividade após abril e maio mais secos que a média. Antes, os produtores estavam com expectativa muito boa porque o plantio ocorreu em janela ideal e vinha bem, mas a partir de abril piorou.

Possivelmente, não terá a produtividade excelente que era esperada, mas deve ainda ficar em patamar superior à do ano passado. Mesmo sem as condições excelentes esperadas, a produção deve ficar em torno da projetada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 2,8 milhões de toneladas. Para a safra 2022/2023, que entra no mercado em meados de julho do ano que vem, a valorização dos futuros na Bolsa de Nova York (o contrato dezembro/2023 se aproxima de 100,00 centavos de dólar por libra-peso), estimula o interesse de produtores em fazer novas vendas. Com isso, há leve melhora nas consultas de produtores, porém ainda há produtores que não estão com custo e compra de insumos travados e, assim, continuam fora do mercado. Trading para exportação indica em torno de 750 a 800 pontos sobre o contrato dezembro/2023 CIF Porto de Paranaguá (PR), para entrega no segundo semestre do ano que vem.

Há tendência de que o futuro continue firme e em processo de valorização, principalmente após o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que apontou recuo nos estoques mundiais em 2022/2023. Em Mato Grosso, na região de Primavera do Leste, ocorrem apenas acordos pontuais para exportação, entre R$ 160,00 e R$ 180,00 por arroba CIF porto, para entrega a partir de agosto de 2023. Os preços já estão subindo em relação a alguns meses e alguns negócios são fechados, mas não são volumosos. Nesta semana, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) elevou sua estimativa de custo de produção de algodão no Estado na safra 2022/2023 de Mato Grosso. A projeção para custo operacional efetivo (COE) aumentou 1,29% de abril em relação a março, estimado em R$ 17.646,19 por hectare até o mês passado.

O aumento mensal do custeio foi impulsionado pela alta de operações mecanizadas (3,58%), de fertilizantes e corretivos (1,90%) e de despesas financeiras (1,54%). A projeção para o custo total de produção foi elevada em 1,24% no mês, para R$ 19.207,73 por hectare. Se confirmado, o custo total para produzir algodão no Estado será 19,7% superior ao da safra 2021/2022. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão encerraram em baixa nesta quarta-feira (18/05), em movimento de correção técnica, após terem subido quase 4% no dia 16 de maio. A alta do dólar ante uma cesta de moedas estrangeiras, que torna as commodities cotadas na divisa norte-americana menos atraentes no exterior, também pressionou as cotações, assim como o enfraquecimento do petróleo. O vencimento julho da pluma perdeu 296 pontos (2,13%), e fechou a 144,47 centavos de dólar por libra-peso. Nos últimos sete dias, os futuros registram avanço de 0,60% e, em um mês, a alta é de 1,02%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.