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18/Mai/2022

Tendência de alta dos preços do algodão no Brasil

Os preços do algodão em pluma seguem em alta, com o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, renovando as máximas nominais de forma consecutiva. A sustentação vem da elevada paridade de exportação, da posição firme de vendedores e da oferta restrita, sobretudo de pluma de maior qualidade. A valorização dos contratos na Bolsa de Nova York também reforça o movimento de alta no Brasil. O Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma registra alta de 4,06% nos últimos sete dias, cotado a R$ 8,10 por libra-peso, novo recorde nominal da série histórica do Cepea. Na parcial de maio, a alta é de expressivos 9,82%. Também na parcial de maio, o Indicador está, em média, 6,1% acima da paridade de exportação. Nesse cenário, a maioria dos compradores segue afastada das aquisições, utilizando a matéria-prima estocada e/ou de contratos a termo. Somente as indústrias com necessidade imediata acabam cedendo e pagando os preços pedidos por vendedores.

Algumas fábricas planejam conceder férias coletivas em junho e/ou realizar outras estratégias (como diminuição de turnos) e esperar a entrada da safra nova 2021/2022 de forma mais volumosa, quando geralmente a maior oferta tende a enfraquecer os preços. Quanto à comercialização envolvendo a safra 2021/2022, comerciantes e indústrias garantiram alguns lotes, fazendo negócios “casados” e fechando novos contratos a termo para entrega especialmente ao longo do segundo semestre de 2022. Já os fechamentos destinados à exportação, envolvendo a pluma das safras 2021/2022 e 2022/2023, estão em ritmo lento nesta parcial de maio. Estimativa divulgada no dia 12 de maio pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica área nacional na temporada 2021/2022 de 1,6 milhão de hectares, leve aumento de 0,07% frente ao relatório anterior, mas 16,9% acima da safra passada. A produtividade deve aumentar 2,3% no comparativo com a safra 2020/2021, para 1.761 quilos por hectare, mas houve queda de 0,35% frente ao relatório de abril/2022.

Assim, a produção brasileira deve aumentar 19,5%, totalizando 2,82 milhões de toneladas, mas também com queda de 0,27% em relação aos dados de abril. A diminuição das chuvas na maioria das regiões pode prejudicar a produtividade. Em Mato Grosso, as expectativas se mantiveram estáveis com relação aos dados de abril/2022, com área estimada em 1,14 milhão de hectares, e produtividade, em 1.741 quilos por hectare, altas de 18,6% e de 3,5% frente aos da temporada passada, respectivamente. Dessa forma, a produção no estado está prevista para crescer 22,8%, chegando em 1,985 milhão de toneladas, a segunda maior da história, ficando atrás apenas da 2019/2020. Na Bahia, os dados apontaram um leve aumento na área, de 0,2% frente ao mês anterior, para 307,7 mil hectares. Para a produtividade e produção, as estimativas foram de quedas de, respectivamente, 1,48% e 1,29% frente ao relatório de abril/2022, resultando em 572,6 mil toneladas de algodão em pluma colhido.

A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 7,26 por libra-peso (144,08 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 7,27 por libra-peso (144,29 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, todos os contratos registram altas nos últimos sete dias e atingiram os maiores valores desde suas respectivas aberturas na segunda-feira (16/05), exceto o Julho/2022, que teve sua máxima registrada no dia 4 de maio (154,76 centavos de dólar por libra-peso). O vencimento Julho/2022 apresenta valorização de 5,4% nos últimos sete dias, a 150,65 centavos de dólar por libra-peso e o Outubro/2022 tem alta de 7,24% no mesmo período, indo para 139,61 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Dezembro/2022 registra elevação de 7,55% nos últimos sete dias, a 132,96 centavos de dólar por libra-peso, e o Março/2023 apresenta aumento de 7,37% no mesmo comparativo, a 127,25 centavos de dólar por libra-peso.

Quanto às primeiras estimativas para a safra 2022/2023, os dados divulgados no dia 12 de maio pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam produção mundial em 26,36 milhões de toneladas, 2,2% acima da safra passada e o maior volume desde 2017/2018 (27,08 milhões). Para o Brasil, o USDA aponta produção de 2,874 milhões de toneladas, estável frente à safra passada. Para os Estados Unidos, deve haver queda de 5,8% no volume colhido na safra 2022/2023, somando 3,59 milhões de toneladas. O consumo mundial está projetado em 26,56 milhões de toneladas, recuo de 0,8% frente ao da safra 2021/2022 e 0,8% superior à oferta global. Os preços mais altos em 11 anos e preocupações com o ambiente macroeconômico mundial devem limitar o crescimento da demanda. As importações mundiais, por sua vez, devem aumentar 4,6%, indo para 10,355 milhões de toneladas em 2022/2023. Vale considerar que as importações da China devem crescer 19,3% no mesmo comparativo.

As exportações globais podem somar 10,354 milhões de toneladas, alta de 4,4% frente à safra passada. Os Estados Unidos, mesmo com queda de 1,7% frente ao volume da temporada anterior, devem continuar como os maiores exportadores mundiais na safra 2022/2023, com 3,157 milhões de toneladas. As exportações do Brasil devem aumentar 26,6%, e as da Austrália, 29,5%, projetadas em 2,177 milhões de toneladas e em 1,241 milhão de toneladas na safra 2022/2023, respectivamente. Assim, o estoque mundial deve ser de 18,032 milhões de toneladas na safra 2022/2023, queda de 1% frente ao da temporada anterior. Quanto ao preço médio pago ao produtor norte-americano, de abril para maio, subiu 1,1%, para 92,00 centavos de dólar por libra-peso na safra 2021/2022. Para a próxima temporada, o USDA estima que o valor fique em 90,00 centavos de dólar por libra-peso. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.