13/Mai/2022
A negociação de algodão no mercado interno continua em ritmo lento. No spot, a comercialização está praticamente travada com baixa oferta de pluma disponível e retração das indústrias. A venda da fibra da safra 2021/2022 avança pouco em meio ao receio dos produtores de comprometer volumes expressivos antecipadamente. Os preços firmes da commodity, por sua vez, limitam tanto a negociação para entrega imediata quanto para entrega futura. O Indicador de preço do algodão do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) com pagamento em 8 dias vem renovando recordes consecutivos. Na terça-feira (10/05), o Indicador voltou a atingir máxima da série histórica iniciada em 1996, encerrando em R$ 7,86 por libra-peso. Na semana, o indicador tem avanço de 3%, e no mês, de 6,57%. O suporte para os preços da pluma vem da postura firme de vendedores que indicam preços acima do ofertado pelos compradores. Esses vendedores estão atentos à valorização do dólar frente ao Real e ao atual patamar da paridade de exportação.
Além disso, a oferta de algodão, sobretudo de qualidade, da safra 2020/2021 vem se reduzindo, o que leva compradores com necessidade imediata a ceder e pagar valores maiores em novas aquisições pontuais no spot. Em Mato Grosso do Sul, apenas poucos e pequenos negócios são reportados no spot com fibra remanescente da safra 2020/2021. Não há estoque de algodão de qualidade. O estoque está na mão de comerciantes e tradings. Os produtores não possuem algodão de qualidade em estoque. Os poucos lotes que rodam são firmados na base do Indicador Cepea/Esalq para indústrias que demandam emergencialmente algum volume para não suspenderem as atividades. A demanda das indústrias também é pontual. Muitas fábricas reduziram a produção e algumas estão paradas temporariamente, alegando que o valor praticado no mercado está cima do passível de ser repassado ao produto final. a indústria não consegue repassar o aumento do preço ao fio acabado. Muitas fábricas estão praticamente paradas esperando a entrada da nova safra, na expectativa de estabilidade das cotações.
Para a safra nova, que começou a ser colhida no Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Bahia, ainda não se observa negócios. Houve muitos negócios antecipadamente e, no momento, não rodam novos lotes. O cenário se repete nas exportações, com mercado parado. Em São Paulo, além de a fibra estar escassa no disponível, a manutenção dos preços sustentados também afasta os compradores. O mercado está parado no spot. Quem tem algodão disponível indica preços elevados e a indústria não consegue absorver esse aumento de custo e nem vender fio nesse nível de preço. Por isso, as fábricas estão esperando a entrada da próxima safra. As fábricas estão com elevados estoques de fio para desovar, diminuindo a margem de rentabilidade e tentando atualizar a tabela de preço com o varejo. Desta forma, a necessidade de fibra para o primeiro semestre é baixa. Para entrega imediata, os vendedores indicam valores acima do Indicador Cepea/Esalq. O mercado provavelmente deve alcançar R$ 8,00 por libra-peso.
Os fatores são altistas: no Brasil há falta de chuva em Mato Grosso com provável redução de safra, e no exterior, seca nos Estados Unidos. Contudo, apesar da expectativa da indústria têxtil com a entrada da próxima safra, os preços do algodão da safra 2021/2022 também estão sustentados, embora um pouco abaixo dos vistos no spot. Há registro de negócios a R$ 7,05 por libra-peso CIF indústria da Região Sudeste, para entrega em agosto e setembro. Mas, alguns produtores indicam entre R$ 7,10 e R$ 7,20 por libra-peso, nos mesmos prazos. Trata-se de ofertas pequenas porque os produtores estão receosos com o volume a ser colhido e, consequentemente, não querem comprometer volume expressivo de produção antecipadamente. A indústria está mais ativa nas compras para o segundo semestre, porém não está conseguindo obter volume adequado porque o vendedor está reticente. Os produtores estão inseguros devido à falta de chuva. Além disso, já negociaram bons volumes antecipadamente e não querem comprometer a margem de segurança. Eles estão retraídos, preocupados com o déficit hídrico.
Na quarta-feira (11/05), o adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no Brasil informou que estima produção de algodão no Brasil de 2,83 milhões de toneladas na temporada 2021/2022 e 2,743 milhões de toneladas no ciclo 2022/2023. O USDA prevê uma área semeada de 1,6 milhão de hectares no ciclo 2021/2022. A movimentação também é escassa em relação à safra 2022/2023. O produtor está resistente quanto à negociação antecipada em virtude do valor praticado atualmente no spot estar acima do patamar vendido previamente na temporada anterior. Na safra 2021/2022, o produtor fechou a 90,00 centavos de dólar por libra-peso e agora o spot está a 140,00 centavos de dólar por libra-pesos. Assim, os produtores estão resistentes para comercializar antecipadamente a pluma da temporada 2022/2023. Em virtude desta retração, não há sequer referência de preço de compra e de venda no mercado. O momento é de incerteza no mercado, dependendo do mercado internacional e da guerra entre Rússia e Ucrânia, o que inibe negócios futuros. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.