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04/Mai/2022

Tendência de alta para preço do algodão no Brasil

O Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma, para pagamento em 8 dias renovou, na segunda-feira (02/05), a máxima nominal da série histórica do Cepea (iniciada em 1996), ao fechar a R$ 7,50 por libra-peso. O movimento está atrelado à posição firme de vendedores, que seguem atentos aos fortes avanços nos preços externos, do dólar frente ao Real e da paridade de exportação. Ressalta-se que, apesar de o Indicador operar em patamar recorde nominal, a expressiva elevação nos preços externos e a valorização do dólar ainda fazem com que a cotação da pluma no Brasil esteja apenas 1,5% acima da paridade de exportação. Como comparação, na média de abril, a vantagem do preço interno sobre os de exportação foi de 11,7%.

Diante disso, os compradores com necessidades imediatas e/ou estoque limitado precisaram ceder e pagar os maiores preços indicados por vendedores. No entanto, como a liquidez ao longo da cadeia ainda está lenta e agentes relatam dificuldade em repassar os novos reajustes da matéria-prima aos seus produtos, algumas fábricas operam com capacidade reduzida, enquanto outras estudam dar férias coletivas e/ou interromper parte da produção por um período. Quanto à safra 2021/2022, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), as primeiras áreas já foram colhidas no Paraná e em São Paulo. De modo geral, as lavouras estão em boas condições, mas produtores seguem atentos ao clima. Algumas áreas precisam de chuva para garantir melhor produtividade.

O Indicador CEPEA/ESALQ registra alta de 4,88% nos últimos sete dias. Em abril, o avanço foi de 1,71%. A média de abril/2022, de R$ 7,20 por libra-peso, segue como a maior da série do Cepea, em termos nominais. Em termos reais (IGP-DI - março/2-22), a média é a mais alta desde abril de 2011 (R$ 8,92 por libra-peso), sendo, também, 2,3% superior à média de março/2022 e 29,11% maior que a de abril/2021. Em dólar, o Indicador à vista registrou média de 151,31 centavos de dólar por libra-peso em abril, 2,3% menor que o Índice Cotlook A (154,82 centavos de dólar por libra-peso), mas ficou 7,8% acima do primeiro vencimento negociado na Bolsa de Nova York, de 140,41 centavos de dólar por libra-peso.

A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 6,90 por libra-peso (139,48 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 6,91 por libra-peso (139,69 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, todos os contratos atingiram, na segunda-feira (02/05), os maiores valores desde suas respectivas aberturas, impulsionados pelo clima seco no Texas (EUA), que pode dificultar a semeadura, e pela perspectiva de aumento na demanda da Índia. Entre 31 de março e 29 de abril, o vencimento Maio/2022 se valorizou 12,26%, fechando a 152,33 centavos de dólar por libra-peso no dia 29 de abril, e o Julho/2022 subiu 10,27%, indo para 145,63 centavos de dólar por libra-peso no dia 29 de abril.

O contrato Outubro/2022 registrou alta de 9,47% no mesmo período, a 128,66 centavos de dólar por libra-peso, e o Dezembro/2022 aumentou 9,70%, a 122,07 centavos de dólar por libra-peso. No Brasil, os produtores estão com boa parte da próxima temporada já comprometida. Dessa forma, a movimentação em abril envolveu a safra 2022/2023, embora a disparidade entre os agentes tenha limitado uma maior liquidez. Indústrias nacionais buscam a matéria-prima sobretudo para o segundo semestre, na tentativa de garantir o produto e a qualidade desejada. As negociações para exportação ainda envolvendo a safra 2021/2022 apresentaram média de 123,60 centavos de dólar por libra-peso em abril, considerando-se os valores FOB Porto de Santos (SP), alta de 6,2% frente à média de março/2022 (116,38 centavos de dólar por libra-peso).

As entregas programadas para o segundo semestre de 2023 registraram média de 96,76 centavos de dólar por libra-peso, envolvendo a pluma da próxima temporada (2022/2023), elevação de 8,6% frente à do mês anterior (89,13 centavos de dólar por libra-peso). O Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), em relatório divulgado no dia 2 de maio, manteve as estimativas mundiais estáveis frente aos dados de abril/2022. Dessa forma, a produção mundial segue projetada em 26,43 milhões de toneladas para a safra 2021/2022, 8,4% superior à anterior. O consumo mundial do algodão deve crescer 1,9% em 2021/2022, para 26,16 milhões de toneladas. A exportação, por sua vez, está prevista em 10,07 milhões de toneladas (-5% frente à safra passada). Assim, o estoque final está em 20,9 milhões de toneladas, 1,3% acima do da temporada 2020/2021.

Quanto ao preço médio, o Icac indica média do Índice Cotlook A de 115,00 centavos de dólar por libra-peso para a temporada 2021/2022, 1,8% maior que a prevista no mês anterior (113,00 centavos de dólar por libra-peso). O Cotton Outlook, em relatório divulgado no dia 29 de abril, estimou produção mundial da safra 2022/2023 em 26,903 milhões de toneladas, aumento de 5,3% frente à anterior (25,54 milhões de toneladas). No caso dos Estados Unidos, a produção pode cair 3,4% quando comparada com a da safra 2021/2022, indo para 3,705 milhões de toneladas na safra 2022/2023. A produção no Brasil pode crescer 1,8%, somando 2,9 milhões de toneladas. O consumo mundial deve aumentar 2,4% na safra 2022/2023, para 26,39 milhões de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.