13/Abr/2022
Os preços internos do algodão em pluma vêm registrando pequenas oscilações diárias, influenciados por variações do dólar e dos valores internacionais. Ainda assim, há uma semana, o Indicador CEPEA/ESALQ opera na casa dos R$ 7,10 por libra-peso. O Indicador CEPEA/ESALQ registra leve queda de 0,27% nos últimos sete dias, cotado a R$ 7,15 por libra-peso. A média parcial do Indicador está 14,1% acima da paridade de exportação. No spot nacional, a liquidez está limitada pelo desacordo quanto aos preços e à qualidade dos lotes disponibilizados entre os agentes ativos. Boa parte dos compradores, sobretudo as indústrias, está fora de mercado, usando estoques e/ou a matéria-prima de programações de contratos a termo. Estes demandantes consideram altos os preços praticados no spot e relatam dificuldades no repasse desses valores aos seus manufaturados. Apenas compradores com necessidade imediata adquirem a pluma. A maioria dos comerciantes busca efetivar negócios “casados” e/ou para cumprir suas programações.
Alguns vendedores, especialmente os produtores, estão um pouco mais flexíveis para realização de novos contratos. Muitos produtores também não têm necessidades de vendas imediatas e seguem atentos aos tratos culturais das lavouras em desenvolvimento. Quanto a contratos a termo, os agentes estão interessados em novas negociações para cumprimento nos próximos meses, envolvendo a pluma, principalmente, das temporadas 2020/2021 e 2021/2022. A disparidade de preço, contudo, limita esses fechamentos, que, em sua maioria, estão sendo realizados a valores fixos em Real e/ou em dólar. Além de indústrias que buscam garantir a matéria-prima para a produção, tradings também demostram interesse por novas compras diretamente de produtores. De acordo com dados da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), ao menos 44,8% da safra brasileira 2020/2021 e 26,8% da safra 2021/2022 teriam sido comercializados até o dia 12 de abril.
Vale considerar que, nas cinco temporadas anteriores, foram registrados, em média, 86,9% da produção nacional. Em volume, na safra 2020/2021, foram registradas 1,056 milhão de toneladas, sendo 488,04 mil toneladas, para o mercado interno, 468,57 mil toneladas, para o externo e 99,7 mil toneladas, como contratos flex (exportação com opção para mercado interno). Para a safra 2021/2022, 756,86 mil toneladas tiveram registros confirmados, sendo a maior parte para exportação (418,98 mil toneladas), seguida pelo mercado interno (com 255,3 mil toneladas) e contratos flex (82,56 mil toneladas). Dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), divulgados no dia 11 de abril, apontam que, em Mato Grosso, 98,57% da produção 2020/2021, quase 68% da próxima e 22,9% da 2022/2023 já teriam sido comprometidas no Estado. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 6,15 por libra-peso (131,39 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 6,16 por libra-peso (131,62 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Quanto aos contratos na Bolsa de Nova York, os quatro primeiros apresentam oscilações nos últimos setes dias. O vencimento Maio/2022 registra desvalorização de 1,92% no período, a 135,29 centavos de dólar por libra-peso; o contrato Julho/2022 tem baixa de 0,62%, indo para 133,45 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Outubro/2022 registra alta de 2,6% nos últimos sete dias, a 122,89 centavos de dólar por libra-peso; e o Dezembro/2022 tem aumento de 3,39% no mesmo período, a 117,62 centavos de dólar por libra-peso. Em relatório divulgado no dia 8 de abril, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estimou a produção mundial 2021/2022 em 26,17 milhões de toneladas, 7,5% acima do volume previsto na safra passada. O consumo mundial está projetado em 27,014 milhões de toneladas, o segundo maior da história, com elevação de 1,7% frente ao da safra 2020/2021 e 3,2% superior à oferta global. O estoque mundial deve ser de 18,153 milhões de toneladas, aumento de 1% frente aos dados de março/2022, mas baixa de 4,5% em reação aos da temporada 2020/2021.
As importações mundiais, por sua vez, devem recuar 6,6%, indo para 9,973 milhões de toneladas em 2021/2022. As exportações globais podem somar 9,979 milhões de toneladas, queda de 5,5% frente à safra passada. De março para abril, as exportações do Brasil tiveram retração de 1,3% e as da Índia, de 5,4%, projetadas em 1,72 milhão de toneladas e em 1,132 milhão de toneladas na safra 2021/2022, respectivamente. Quanto ao conflito na Ucrânia, mesmo que a Rússia e Ucrânia não sejam significativos consumidores nem produtores de algodão, geram incerteza quanto ao consumo global de algodão. Isso porque ambos os países importam os produtos têxteis manufaturados/acabados. Dessa forma, o conflito atual pode diminuir a demanda do consumidor final em ambos os países e agravar ainda mais os problemas das indústrias em todo o mundo. Dados divulgados no dia 7 de abril pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam a área brasileira na safra 2021/2022 de 1,6 milhão de hectares, estável em relação ao relatório de março, mas aumento de 16,8% frente ao da safra anterior.
A produtividade deve crescer 2,7% frente à safra 2020/2021, indo para 1.767 quilos por hectare. Dessa forma, a produção pode aumentar 19,9% em relação à safra passada, totalizando 2,82 milhões de toneladas. Frente aos dados de março, os reajustes positivos na produtividade e na produção foram de 0,13% e de 0,12%, respectivamente. Em Mato Grosso, a produtividade e a produção foram elevadas em 0,14% em relação aos dados de março, estimadas em abril em 1,741 quilos por hectare e em 1,985 milhão de toneladas. Na Bahia, a área cultivada teve leve aumento de 0,33% frente ao relatório de março/2022, com 307 mil hectares, e 15,2% superior à da temporada passada, o que impulsionou o volume colhido na região. A produtividade, por sua vez, registrou leve queda de 0,26% em relação à expectativa do mês passado, a 1.889 quilos por hectare, e a produção teve pequena alta de 0,09% no mesmo comparativo, a 580 mil toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.