06/Abr/2022
Os preços médios do algodão em pluma subiram na maior parte de março, atingindo, no final do mês, a máxima diária da série histórica do Cepea. A média mensal também foi recorde e a maior, em termos reais, desde abril de 2011. O impulso veio sobretudo da posição firme de vendedores. Estes agentes estiveram atentos às elevações dos valores internacionais e da paridade de exportação. Além disso, boa parte da produção de 2020/2021 já está comprometida em contratos a termo, especialmente a pluma de qualidade superior. Assim, alguns produtores deram prioridade para negociações envolvendo as próximas temporadas (2021/2022 e 2022/2023). Do lado comprador, boa parte seguiu sem interesse para novas aquisições, trabalhando apenas com estoques e/ou com pluma recebida de contratos a termo. Inclusive, algumas empresas diminuíram o consumo da pluma, diante da redução da produção. As vendas de manufaturados estiveram enfraquecidas, dificultando o repasse das valorizações da matéria-prima.
Os compradores com necessidade imediata tiveram que ceder e pagar valores mais altos, principalmente para pluma de qualidade superior e/ou já aprovada na indústria. O Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma subiu 5,41% no acumulado de março, fechando a R$ 7,25 por libra-peso no dia 31. No dia 29 de março, especificamente, o Indicador atingiu R$ 7,27 por libra-peso, máxima nominal da série histórica do Cepea, iniciada em 1996. No entanto, nos últimos sete dias, o Indicador registra queda de 0,66%. A média do Indicador em março foi de R$ 7,04 por libra-peso, a maior da série do Cepea, em termos nominais. Em termos reais (IGP-DI – fevereiro/2022), a média ficou 0,92% acima da de fevereiro/2022 e 24,67% maior que a de março/2021, sendo, também, a maior desde abril/2011 (quando esteve em R$ 8,72 por libra-peso, em termos reais). Em dólar, o Indicador à vista registrou média de 155,11 centavos de dólar por libra-peso em março, 0,4% maior que o Índice Cotlook A (154,43 centavos de dólar por libra-peso) e 13,8% acima do primeiro vencimento negociado na Bolsa de Nova York, de 136,25 centavos de dólar por libra-peso.
Em março, o preço médio no Brasil ficou 15,4% acima da paridade de exportação, a maior diferença positiva desde junho/2021 (18%). As negociações para exportação ainda envolvendo a safra 2020/2021 apresentaram média de 129,97 centavos de dólar por libra-peso em março, considerando-se os valores FOB Porto de Santos (SP). As entregas programadas para o segundo semestre registram média de 116,38 centavos de dólar por libra-peso, envolvendo a pluma da próxima temporada (2021/2022). Também houve negócios para a safra 2022/2023, com média de 89,13 centavos de dólar por libra-peso, com entregas de agosto a dezembro de 2023. Em março, a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) foi de R$ 6,40 por libra-peso (134,53 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 6,41 por libra-peso (134,75 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Na Bolsa de Nova York, os quatro primeiros contratos acumularam expressivas altas em março. Entre 28 de fevereiro e 31 de março, o vencimento Maio/2022 se valorizou 13,91%, fechando a 135,69 centavos de dólar por libra-peso no dia 31, e o Julho/2022 avançou 14,03%, indo para 132,07 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Outubro/2022 registrou alta de 12,57% no mesmo período, a 117,53 centavos de dólar por libra-peso, e o Dezembro/2022 aumentou 10,88%, 111,28 centavos de dólar por libra-peso. Segundo dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) no dia 31 de março, a área com algodão no país norte-americano deve somar 4,95 milhões de hectares na safra 2022/2023, pouco mais de 9% acima da de 2021/2022, mas 1,17% abaixo da de 2020/2021. O USDA apontou que 4% da área dos Estados Unidos já havia sido semeada até o dia 3 de abril, contra 6% no mesmo período de 2021 e 6% na média dos últimos cinco anos.
O Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), em relatório divulgado no dia 1º de abril, aumentou a produção mundial em 8,4% frente à anterior e teve reajuste positivo de 1,21% frente ao estimado no relatório do mês anterior, chegando a 26,43 milhões de toneladas na safra 2021/2022. O consumo mundial do algodão teve reajuste de 1,88% no comparativo mensal e deve crescer 1,9% em 2021/2022, indo para 26,16 milhões de toneladas. A exportação, por sua vez, foi prevista em 1,12% maior se comparada ao dado do relatório de março/2022, mas ainda pode recuar 5% frente à da safra passada, indo para 10,07 milhões de toneladas. Nesse cenário, o estoque final deve ser de 20,9 milhões de toneladas, com leve aumento de 0,46% se comparado aos dados do mês anterior e 1,3% acima do da temporada 2020/2021. Quanto ao preço médio, o Icac indica média do Índice Cotlook A de 113,00 centavos de dólar por libra-peso para a temporada 2021/2022, 3,7% maior que a prevista no mês anterior (109,00 centavos de dólar por libra-peso). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.