30/Mar/2022
Os preços domésticos do algodão em pluma seguem em alta e renovando os recordes nominais da série histórica do Cepea, iniciada em 1996 para este produto. O avanço está atrelado à posição firme de vendedores e sobretudo à forte valorização dos contratos da pluma na Bolsa de Nova York. O Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma teve acréscimo de 2,62% nos últimos sete dias, cotado a R$ 7,22 por libra-peso. Na parcial de março, a elevação é de praticamente 5%. A média parcial do Indicador neste mês está 15,8% acima da paridade de exportação, a maior diferença positiva desde junho/2021 (18%). Do lado comprador, boa parte das indústrias tem utilizado produtos em estoque e/ou recebido a matéria-prima de contratos a termo, evitando adquirir novos lotes nos atuais patamares de preços. Algumas empresas trabalham com a capacidade reduzida, visto que ainda há dificuldades nas vendas e no repasse de valores ao longo da cadeia têxtil.
Agentes indicam que o movimento no varejo ainda está enfraquecido, diante do fragilizado poder de compra da população. Inclusive, relatos indicam prorrogação de entregas e de pagamentos da matéria-prima até mesmo de contratos firmados anteriormente. Os vendedores seguem indicando preços maiores, o que limita a liquidez no spot. Além do preço, a qualidade também é um fator limitante para as negociações, uma vez que há divergências entre a qualidade exigida por indústrias e a disponibilizada por vendedores. Os comerciantes, por sua vez, realizam negócios “casados” e/ou adquirem a pluma para cumprir com as programações. Quanto aos contratos antecipados, na parcial de março, há aumento no ritmo de negociações. Para o mercado interno, empresas buscam garantir a matéria-prima, especialmente para o segundo semestre deste ano. Em alguns casos, agentes estendem as entregas para o início de 2023, envolvendo a pluma da temporada 2021/2022.
Também há fechamento envolvendo a safra 2020/2021 para entregas nos próximos meses. Para exportação, a comercialização abrange as três safras (2020/2021, 2021/2022 e 2022/2023), tanto com preços fixos como os baseados nos contratos da ICE Futures. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 6,17 por libra-peso (129,38 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 6,18 por libra-peso (129,61 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, os três primeiros contratos registram expressivas altas nos últimos sete dias e atingem os maiores patamares desde suas respectivas aberturas. O contrato Dezembro/2022 teve sua máxima registrada na sexta-feira (25/03), a 111,74 centavos de dólar por libra-peso. Os vencimentos estão sendo impulsionados pelo bom desempenho das exportações norte-americanas e pelo aumento do valor do petróleo no mercado internacional.
O clima seco nas principais regiões de cultivo dos Estados Unidos também influencia as altas. Assim, nos últimos sete dias, o vencimento Maio/2022 tem valorização de 6,97%, a 139,07 centavos de dólar por libra-peso; o Julho/2022 registra avanço de 7,21%, indo para 135,31 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Outubro/2022 apresenta alta de 4,17% no mesmo período, a 118,04 centavos de dólar por libra-peso, e o Dezembro/2022 apresenta aumento de 2,9%, cotado a 111,30 centavos de dólar por libra-peso. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de algodão em pluma somaram 136,3 mil toneladas em 13 dias úteis de março, 18,3% abaixo do volume embarcado em todo o mês de fevereiro/2022 e 38,6% inferior na comparação com março do ano passado. A atual média diária está em 10,5 mil toneladas, contra 9,66 mil toneladas em março/21 (-8,6%). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.