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03/Mar/2022

Tendência de preços firmes no mercado de algodão

Depois de acumular altas mensais entre julho/2021 e janeiro/2022, o Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma caiu 1,38% em fevereiro, fechando a R$ 6,88 por libra-peso no dia 25 de fevereiro. A pressão veio dos menores patamares da paridade de exportação, que, por sua vez, cederam diante das desvalorizações externa e do dólar em boa parte do mês. Mesmo assim, a média de fevereiro do Indicador, de R$ 6,98 por libra-peso, atingiu recorde nominal, sendo 2,47% acima da média de janeiro/2022 e 45,75% maior que a de fevereiro/2021. Além disso, a média nacional esteve 10,5% acima da paridade de exportação, a maior vantagem desde setembro/2021 (quando ficou em 11,3%). Ao longo do mês passado, os compradores adquiriram lotes para atender à necessidade imediata e/ou para repor estoques, mas buscaram reduzir os valores pagos, diante das dificuldades no repasse dos custos aos seus produtos.

Os produtores estiveram atentos à finalização do cultivo da próxima temporada. De acordo com dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), até o dia 24 de fevereiro, 99,8% de área da safra de 2021/2022 havia sido semeada no Brasil, restando apenas os últimos talhões a serem cultivados em Minas Gerais e Goiás. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 6,19 por libra-peso (120,33 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e a R$ 6,20 por libra-peso (120,53 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente. Na Bolsa de Nova York, entre 31 de janeiro e 28 de fevereiro, o vencimento Março/2022 se desvalorizou 3,92%, fechando a 122,57 centavos de dólar por libra-peso no dia 28 de fevereiro, e o Maio/2022 recuou 3,21%, indo para 119,12 centavos de dólar por libra-peso.

O contrato Julho/2022 registrou baixa de 3,21% no mesmo período, a 115,82 centavos de dólar por libra-peso, e o Outubro/2022 caiu 2,3%, a 107,43 centavos de dólar por libra-peso. No Brasil, os agentes continuam atentos ao cumprimento dos contratos a termo para os mercados interno e externo. Ao longo de fevereiro, algumas indústrias chegaram a adiar as entregas. Porém, as empresas nacionais também buscaram realizar novos contratos a termo com embarques previstos para ao longo de 2022 e para o primeiro semestre de 2023. As negociações foram a preços fixos e/ou baseados no Indicador ou mesmo nos contratos da ICE Futures. Para exportação, fechamentos também foram registrados ao longo do mês, mas a liquidez poderia ter sido maior se não fosse a disparidade dos prêmios de exportação entre os compradores e os vendedores.

Quanto aos preços, as negociações para exportação com embarques nos próximos meses (até abril) ainda envolvendo a safra 2020/2021 apresentaram média de 132,70 centavos de dólar por libra-peso em fevereiro, considerando-se os valores FOB Porto de Santos (SP). As entregas programadas para o segundo semestre registram média de 109,18 centavos de dólar por libra-peso, envolvendo a pluma da próxima temporada (2021/2022). Também houve negócios para a safra 2022/2023, com média de 85,74 centavos de dólar por libra-peso, com entregas de agosto a dezembro de 2023. O Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), em relatório divulgado no dia 1º de março, indicou produção mundial da safra 2021/2022 em 26,1 milhões de toneladas, aumento de 7,4% frente à anterior, mas recuo de 1,23% frente ao estimado no relatório do mês anterior. O consumo mundial de algodão em pluma teve reajuste de 0,22% no comparativo mensal e deve crescer apenas 0,1% em 2021/2022, para 25,7 milhões de toneladas.

A exportação, por sua vez, foi prevista em 3,04% menor se comparado com o dado do relatório de fevereiro/2022 e pode recuar 6,1% frente à da safra passada, indo para 9,96 milhões de toneladas. Há dificuldade de levar a pluma até as indústrias, uma vez que a pandemia interrompeu o transporte global em muitos setores, e a cadeia do algodão além de longa é complexa, especialmente porque grande parte da produção está localizada no Ocidente e tem que ser enviada ao outro lado do mundo para ser transformada em têxteis. Isso faz com que os países se adaptem e busquem simplificar a cadeira de suprimentos. Nesse cenário, o estoque final deve ser de 20,8 milhões de toneladas, mesmo com o recuo de 1,82% se comparado com os dados do mês anterior, ainda está 2,2% acima do da temporada 2020/2021. Quanto ao preço médio, o Icac indica, neste relatório de março, média do Índice Cotlook A de 109,00 centavos de dólar por libra-peso para a temporada 2021/2022, 4,8% maior que a prevista no mês anterior (104,00 centavos de dólar por libra-peso). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.