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20/Jan/2022

Comercialização avança com a demanda aquecida

O mercado interno de algodão está em maior ritmo nos últimos sete dias. A comercialização avança no spot com indústrias domésticas demandando novos lotes para abastecimento imediato e/ou recomposição de estoques. Em contrapartida, a baixa oferta disponível limita o volume de contratos efetivados e fornece suporte aos preços firmes. Neste cenário, as cotações domésticas seguem renovando o recorde nominal. São seis sessões consecutivas até esta quarta-feira (19/01). O Indicador de preço do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), com pagamento em 8 dias, encerrou no maior nível dos últimos 25 anos, a R$ 6,93 por libra-peso. Nos últimos sete dias, o Indicador registra avanço de 2%. No mês, a alta é de 8,25%. O avanço dos preços é influenciado pela elevação dos valores internacionais, pela disponibilidade restrita de pluma no spot e pela posição firme de vendedores.

Além disso, o mês de janeiro é sazonalmente de preços da pluma acima da média anual, devido à maior presença compradora para renovar os estoques, após a interrupção das atividades e/ou o menor ritmo das indústrias no final do ano anterior. Atualmente, as indústrias estão preocupadas com o repasse dos preços da matéria-prima, ao passo que as vendas estão enfraquecidas. Mesmo com os preços firmes do Indicador nacional, lotes que rodam no mercado são negociados por valores acima do Cepea. Os vendedores não cedem na pedida e os compradores com necessidade de abastecimento imediato pagam valores propostos para garantir mercadoria. O produtor está firme no preço, ciente da conjuntura de cotações local e internacional, e a indústria com necessidade imediata não tem escolha de fornecimento e compra nos valores pedidos. Volumes pequenos são firmados com Esalq a fixar, ou seja, é praticado o valor do dia do faturamento e/ou embarque da pluma, ou com preço fixo de 300 a 500 pontos acima do Esalq do dia.

Em ambos os casos, a forma de entrega é posta em indústria de São Paulo e Santa Catarina. O produtor já prevendo a tendência de alta se antecipa e incorpora essa precificação no valor de venda. Além disso, está se desfazendo de volumes gradualmente, já que ainda falta tempo para entrada da nova safra. Os fatores altistas predominam no mercado com dólar forte ante o Real, paridade de exportação elevada e cotações internacionais firmes. A maior demanda das fábricas deve-se à ausência das mesmas na mesa de negócios durante os últimos meses do ano passado e à tendência de manutenção dos preços elevados. Muitas entram no mercado prevendo preço firme ao longo do ano e não querendo correr risco de desabastecimento antes da nova safra, que entra no mercado a partir de julho/agosto. As empresas de médio e grande portes costumam ter reserva de fibra para consumo em média de três meses. Outro fator que impulsiona a demanda é a presença de fábricas menores que não possuem estoques alongados e compram pontualmente, recorrendo ao mercado toda semana.

As indústrias estão espremendo a margem de venda dos fios para conseguir manter participação de mercado e não perder espaço de cliente. O repasse do preço é limitado pelo menor poder de compra do consumidor final e lenta recuperação do varejo. As tradings continuam afastadas das compras, em virtude do dólar forte ante o Real e das cotações elevadas na Bolsa de Nova York. Em relação à comercialização antecipada, envolvendo fibra da safra 2021/2022, alguns lotes saem entre R$ 6,05 e R$ 6,10 por libra-peso com entrega em agosto CIF fábrica de São Paulo e Santa Catarina ou com valor a fixar baseado no Esalq, para entrega em agosto e setembro. Para a safra 2022/2023, não há registro de novos negócios nos últimos dias com vendedores focados na entrega dos contratos e embarques da temporada passada, no carregamento de vendas feitas no spot e em fixação para temporada 2021/2022.

As perspectivas para a safra brasileira de algodão 2021/2022, que está sendo plantada, são muito positivas e os preços tendem a continuar sustentados ao longo deste ano. O Indicador Cepea/Esalq/USP próximo de R$ 7,00 por libra-peso, sustentados pela elevada paridade de exportação, Real desvalorizado, retomada do fluxo de demanda doméstica e cotações internacionais firmes. Esses preços elevados tendem a não limitar a demanda pela pluma, porque as fibras sintéticas, tradicionais substitutas do algodão, também estão em patamares firmes em virtude do avanço do petróleo. A indústria não encontra alternativa, apesar do repasse de preços ao varejo ser difícil e poder limitar o consumo. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) afirmou que, diante da escalada nos preços de insumos e frete, a pressão de custos segue muito forte na cadeia de produção. O setor não tem capacidade de absorver o aumento dos preços do algodão sem repasses ao consumidor.

A saída das empresas para atenuar o impacto nos preços finais tem sido trabalhar o mix de fibras dos tecidos, combinando o algodão com outros insumos que subiram menos. Não há expectativa de arrefecimento desse aumento de custo no curto prazo. Os preços seguem elevados, não apenas porque as commodities voltaram a subir a máximas históricas, mas também pelo transporte mais caro dos materiais, o que afeta, em especial, a indústria de tecidos sintéticos, mais dependente das importações. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão encerram em forte alta nesta quarta-feira (19/01), impulsionados pelo avanço do petróleo, que melhora a competitividade da fibra natural ante a sintética. O vencimento março da pluma, o mais líquido, subiu 287 pontos (2,37%), e fechou a 123,95 centavos de dólar por libra-peso, maior patamar desde 2011. Nos últimos sete dias, os futuros registram alta de 5,4%, e em um mês, a alta é de 15,53%. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.