04/Nov/2021
Mesmo diante da finalização da colheita, do avanço do beneficiamento e dos consequentes pontuais enfraquecimentos nos preços observados na segunda quinzena de outubro, os valores do algodão em pluma acumularam alta de quase 5% no mês passado. Este foi o quarto mês seguido de valorização da pluma no mercado brasileiro, e o movimento esteve atrelado às sustentações dos preços internacionais, que operaram nos maiores patamares dos últimos 10 anos, e da paridade de exportação. Em outubro, a média do Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, foi de R$ 5,90 por libra-peso, um recorde nominal e, em termos reais, a maior desde abril/2011 (R$ 8,23 por libra-peso). As médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI, base em setembro/2021. No acumulado de outubro, o Indicador CEPEA/ESALQ subiu 4,97%, fechando a R$ 5,94 por libra-peso. Nos últimos sete dias, especificamente, o Indicador registra alta de 1,22%, para R$ 5,98 por libra-peso. No geral, o mercado apresentou boa liquidez, especialmente no encerramento de outubro.
No entanto, a disparidade entre as ofertas de venda e de compra segue limitando a liquidez interna. As indústrias apontam que os atuais patamares de preços dificultam o repasse aos produtos acabados, apesar do bom ritmo das vendas de fios. Os vendedores, por sua vez, seguem firmes quanto aos preços indicados, atentos ao maior patamar do dólar frente ao Real, aos valores da pluma na Bolsa de Nova York e na Bolsa Chinesa (ZCE) e ao cumprimento dos contratos a termo. Quanto à nova safra, o cultivo está se iniciando no Brasil, e os agentes estão otimistas. Assim, apesar do aumento nos custos de produção, a área e a oferta devem crescer. A liquidez nos contratos a termo envolvendo a pluma da safra 2020/2021 está boa, assim como das temporadas 2021/2022 e 2022/2023. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship), é de R$ 5,92 por libra-peso (104,98 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Santos (SP) e de R$ 5,94 por libra-peso (107,97 centavos de dólar por libra-peso) no Porto de Paranaguá (PR), com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Quanto aos contratos na Bolsa de Nova York, os quatro primeiros vencimentos registraram, no dia 1º de novembro, as suas máximas desde suas respectivas aberturas. Em outubro, especificamente, os contratos acumularam altas, impulsionados pelo atraso na colheita dos Estados Unidos, pela demanda aquecida, pela valorização do petróleo e por posições sobrecompradas de fundos. Assim, entre 30 de setembro e 29 de outubro, o vencimento Dezembro/2021 subiu 8,55%, a 114,85 centavos de dólar por libra-peso, e o contrato Março/2021 fechou a 113,83 centavos de dólar por libra-peso, elevação de 11% na mesma comparação. O contrato Maio/2022 se valorizou 6,53% no mesmo período, a 109,67 centavos de dólar por libra-peso, e o Julho/2022, 7,63%, a 107,74 centavos de dólar por libra-peso. A média do Indicador em outubro ficou apenas 4,4% superior à da paridade de exportação. Além disso, a média do Indicador com pagamento à vista foi de 106,61 centavos de dólar por libra-peso.
O Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), em relatório divulgado no dia 1º de novembro, indicou produção mundial da safra 2021/2022 em 25,72 milhões de toneladas, aumento de 5,84% frente à anterior. Espera-se que as produções da Austrália, do Brasil e dos Estados Unidos aumentem, o que pode compensar as quedas estimadas nos dois maiores produtores mundiais, China e Índia. O consumo mundial de algodão em pluma deve crescer 1,64% em 2021/2022, para 26,4 milhões de toneladas, ficando 1,2% superior à oferta. A exportação, por sua vez, deve recuar 2,33% frente à da safra passada, indo para 10,46 milhões de toneladas. Vale considerar que, na temporada 2020/2021, as exportações atingiram um dos mais altos volumes, e isso deve ser novamente observado na próxima temporada, o que reflete a expectativa positiva da indústria, especialmente devido às vendas aquecidas no varejo de têxteis em muitos países desenvolvidos. Nesse cenário, o estoque final deve ser de 19,88 milhões de toneladas, recuo de 1,58% na comparação com o da temporada 2020/2021. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.