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23/Set/2021

Preços do algodão recuam e estimulam negócios

A comercialização de algodão está avançando no mercado interno. As indústrias estão mais ativas nos negócios aproveitando o recuo dos preços da pluma. Os produtores cumprem contratos e se desfazem de lotes pontuais para geração de fluxo de caixa. As cotações registram queda pela quarta semana consecutiva, em meio ao fim da colheita da safra 2020/2021 no País. A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) calcula que 99% da área plantada (1,37 milhão de hectares) está colhida. O Indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), com pagamento em 8 dias, apresenta recuo de 1,56% nos últimos sete dias, cotado a R$ 5,18 por libra-peso. No mês, a queda é de 3,13%. Os preços do algodão em pluma no Brasil somam oito dias de quedas consecutivas e já voltam a operar nos patamares observados em meados de agosto deste ano. A pressão vem do aumento na oferta de pluma no spot nacional, devido ao avanço do beneficiamento e das desvalorizações externas.

Os volumes negociados, contudo, ainda são pequenos. A maior parte dos produtores está focada na entrega de contratos fechados antecipadamente e no beneficiamento da pluma que foi recentemente colhida. Aqueles que aceitam efetuar negócios se desfazem de volumes pequenos para pagamento de contas imediatas. As fábricas compram da mão para a boca, na expectativa de que o preço caia ainda mais. As indústrias indicam entre R$ 5,10 e R$ 5,12 por libra-peso, para entrega imediata CIF em fábrica das Regiões Sul e Sudeste. Os poucos produtores que estão dispostos a negociar pedem Esalq. A comercialização deve ficar mais aquecida à medida que o beneficiamento evoluir. Os trabalhos de benefício da fibra devem se estender até o fim de novembro. O beneficiamento está adiantado, mas o produtor não está com apetite de venda. Ele quer primeiro entregar os contratos firmados, terminar o beneficiamento e ver o que vai restar para negociação.

Outro fator que estimula o postergamento das vendas pelos produtores é o escalonamento para declaração no imposto de renda. A crise no mercado financeira da China nesta semana, que refletiu nas bolsas internacionais, contribuiu para limitar o ritmo do mercado. No mercado de exportação, os embarques estão atrasados na comparação com igual período do ano passado, porém sendo cumpridos pelos vendedores. A queda das cotações no mercado interno levou à uma melhor paridade com os preços pagos pelo mercado externo, o que é comum em período de maior disponibilidade interna de fibra. Nas últimas semanas, havia uma disparidade expressivas entre os negócios para exportação e abastecimento da indústria nacional. O preço doméstico continua acima do externo, mas em nível normal. Antes, fábrica local pagava R$ 5,50 por libra-peso e externa entre R$ 5,25 e 5,30 por libra-peso.

Na parcial deste mês (de 1º a 20 de setembro), a distância média entre a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) e o preço no spot doméstico está em 12,5%, ainda com vantagem para o valor interno, mas a menor em cinco meses. Em relação à negociação antecipada, há maior interesse de têxteis para compras futuras do que em anos anteriores. Para safra 2021/2022, que será plantada a partir do fim deste ano e colhida em agosto do ano que vem, há registro de negócios entre R$ 5,00 e R$ 5,10 por libra-peso, para entrega em agosto CIF em indústrias das Regiões Sul e Sudeste. Há uma antecipação nas compras. Tradicionalmente, a indústria firmava contrato para no máximo seis meses à frente e agora está travando para um ano. Tradings também estão ativas na comercialização da safra 2021/2022. Para a safra 2022/2023, há relatos de compras de lotes por têxteis domésticas. Tradings propõem 900 pontos acima da base do contrato agosto/2023 negociado na Bolsa de Nova York para mercado interno e 500 pontos acima para mercado externo.

Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão registram recuo de 3,58% nos últimos sete dias. Os contratos estão sendo pressionados pelo fortalecimento do dólar, desvalorização do petróleo, previsões de maior estoque e de clima desfavorável nos Estados Unidos e pela expectativa de possibilidade de redução no consumo chinês. Incertezas relacionadas ao consumo chinês levaram o vencimento outubro de algodão negociado na Bolsa de Nova York a atingir, no dia 20 de setembro, o menor valor desde o final de julho. Nesta quarta-feira (22/09), o vencimento dezembro da pluma subiu 84 pontos (0,93%), para 90,87 centavos de dólar por libra-peso. Os ganhos foram sustentados pela melhora do humor nos mercados globais e pelo avanço do petróleo, que diminui a competitividade de fibras sintéticas e pode estimular a demanda por algodão. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.