26/Ago/2021
O mercado interno de algodão evoluiu pouco ao longo da última semana. Ainda há baixo volume de pluma nova disponível para ser negociado, já que a safra colhida (2020/2021) está sendo beneficiada. Os vendedores, por sua vez, destinam os lotes colhidos ao cumprimento de contratos fechados previamente. A oferta restrita mantém os preços firmes. O Indicador Cepea/Esalq, com pagamento em 8 dias, avança por 15 dias consecutivos e está cotado a R$ 5,43 por libra-peso, recuo diário de 0,47%, a primeira queda em 15 dias. No mês, o Indicador Cepea/Esalq acumula alta de 9,47%. Desde o início de agosto, os valores internos de algodão em pluma registram altas consecutivas. O impulso vem da alta na paridade de exportação e, especialmente, da presença mais ativa de compradores relacionada à necessidade de repor estoques, em um ambiente de bom fluxo industrial.
O patamar atual das cotações da fibra afasta o interesse dos compradores, que cobriram estoques anteriormente. Apenas fábricas com necessidade de abastecimento imediato adquirem cargas pontuais. A maior parte das fábricas tem algodão comprado antecipadamente a preços mais baixos para o processamento. Essa pluma que está chegando foi adquirida em média entre R$ 4,50 e R$ 4,90 por libra-peso. Essas têxteis, mesmo que não tenham garantido 100% da fibra necessária para produção mensal, tendem a avaliar oportunidades ao fim do ano e podem até considerar reduzir a tecelagem. Nesses níveis, a indústria não quer nem olhar proposta. Há dificuldade de repasse do custo elevado da matéria-prima ao produto final mesmo com consumo reaquecido. Os produtores disponibilizam volumes pouco expressivos e têm pedido o Indicador Cepea/Esalq, para retirada imediata e pagamento na semana posterior.
Quanto à pluma que está sendo entregue às têxteis, não há relatos de problemas em relação à qualidade, apesar de haver redução na produção. Há relatos de alguns negócios com fibra do norte de Mato Grosso que foram redirecionados para a próxima safra por perdas de produtividade. A expectativa é que a produção total atinja em torno de 2,4 milhões de toneladas, ante 3 milhões de toneladas colhidas no ciclo anterior. Ainda vai levar um tempo para o mercado avaliar o tamanho real da quebra na produção, porque há muito algodão para ser beneficiado. A partir de setembro, deve haver uma ideia melhor de qualidade e quantidade. A colheita está avançada em Mato Grosso e na Bahia, com mais de 50% da área colhida, e na reta final em Goiás e Mato Grosso do Sul. A menor produção preocupa a indústria quanto ao fornecimento de fibra no primeiro semestre do ano que vem.
O receio das fábricas deve-se principalmente às fortes exportações do produto, que atingiram recorde de 2,35 milhões de toneladas na temporada anterior, volume esperado para a colheita total brasileira. As fábricas estão acompanhando os embarques. Além dos volumes expressivos, a demanda é forte pela fibra com melhor qualidade, o que preocupa têxteis que operam com fio mais sofisticado. A manutenção dos preços atrativos pagos pela exportação, que ajudam a manter paridade elevada do mercado doméstico, é outro ponto de atenção para a indústria. As ofertas de compradores externos são em média de US$ 1,02 por libra-peso, posto Ásia, considerando as cotações dos futuros negociados na Bolsa de Nova York e prêmio de 1.200 pontos, levemente acima da média de US$ 1,00 por libra-peso indicada para comercialização interna. Têxteis esperam um possível recuo dos preços internacionais para entre 80,00 e 90,00 centavos de dólar por libra-peso, mas o câmbio a R$ 5,40 não colabora.
São fatores que desanimam as fábricas a fazer novos negócios. A comercialização também está em compasso de espera para lotes envolvendo a pluma da safra 2021/2022, plantada no início do ano que vem. Em compensação, tradings demonstram interesse em negócios com a safra 2022/2023. Os produtores pedem entre 400 e 500 pontos acima dos futuros da Bolsa de Nova York, considerando vencimentos de março, maio e julho de 2022. Na Bolsa de Nova York, os futuros de algodão cederam 0,7% nos últimos sete dias. O vencimento dezembro da pluma subiu 82 pontos (0,88%), e está cotado a 94,18 centavos de dólar por libra-peso. Os ganhos foram sustentados pelo avanço do petróleo, que diminui a competitividade de fibras sintéticas e pode estimular a demanda por algodão. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.