11/Ago/2021
As cotações internas do algodão em pluma voltaram a subir nos últimos dias, com suporte vindo da retração vendedora no mercado spot. Esses agentes estão atentos às valorizações dos contratos na Bolsa de Nova York e do câmbio. Neste caso, ressalta-se que os preços na China, representados pelo Índice Cotlook A, até cederam, mas a paridade de exportação subiu, devido ao dólar. Com isso, os produtores se voltam à colheita, ao beneficiamento e ao cumprimento de contratos a termo. Muitos vendedores também aproveitam os atuais patamares de preços para realizar novas efetivações de contratos para entrega no futuro nos mercados interno e externo, envolvendo a pluma das safras 2021/2022 e 2022/2023 no caso da exportação. Além disso, os agentes, atentos aos maiores valores da ICE Futures, fixam preços para os contratos que ainda estavam em aberto.
O Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, registra alta de 2,9% nos últimos sete dias, cotado a R$ 5,12 por libra-peso. Este é o maior valor desde o dia 26 de maio deste ano, quando chegou a R$ 5,14 por libra-peso, e somente 1,9% inferior ao recorde nominal já registrado pelo Cepea, de R$ 5,22 por libra-peso, no dia 4 de março de 2021. Segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), a colheita se aproxima de 50% da área de algodão brasileira, enquanto o beneficiamento está próximo dos 10%. A oferta do produto ainda é considerada baixa, mas os compradores domésticos seguem adquirindo apenas volumes pequenos, quando há necessidade de repor estoques. A paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) é de R$ 4,53 por libra-peso no Porto de Santos (SP) e a R$ 4,54 por libra-peso no Porto de Paranaguá, com base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
Na Bolsa de Nova York, os valores estão em alta, influenciados pela piora na qualidade das lavouras dos Estados Unidos, pelo enfraquecimento do dólar frente a outras moedas (o que torna a fibra norte-americana mais atrativa a compradores estrangeiros), pela expectativa de menor oferta mundial e pela valorização do petróleo. Nos últimos sete dias, o vencimento Outubro/2021 registra avanço de 1,64%, cotado a 91,30 centavos de dólar por libra-peso. O contrato Dezembro/2021 está cotado a 90,90 centavos de dólar por libra-peso, elevação de 1,69% na mesma comparação. O contrato Março/2022 tem valorização de 1,65%, a 90,54 centavos de dólar por libra-peso, e o Maio/2022, alta de 1,75%, a 89,99 centavos de dólar por libra-peso. O relatório divulgado nesta terça-feira (10/08) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostra recuo de 0,11% na área semeada da safra 2020/2021 frente ao mês passado, com a estimativa indo para 1,36 milhão de hectares, o que é 18% menor que na temporada anterior.
A produtividade teve leve melhora de 0,04% em relação ao relatório de julho/2021, a 1.714 quilos por hectare, mas redução de 4,9% quando comparada à da safra 2019/2020. A produção total está estimada em 2,341 milhões de toneladas, praticamente estável frente ao relatório anterior, mas recuo de 22% em relação à da safra anterior. O consumo doméstico continua sendo estimado em 715 mil toneladas, e as exportações em 2021 passaram a serem previstas em 2,1 milhões de toneladas, estas 1,2% menores que as estimadas para a safra 2019/2020. Com isso, o estoque final para esta temporada está previsto em 1,29 milhão de toneladas, queda de 6,9% frente ao indicado até julho e 26,8% abaixo do da temporada passada. Se confirmado, será a menor relação estoque/consumo interno em três safras.
O Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac), em relatório divulgado no dia 3 de agosto, estimou produção mundial da safra 2020/2021 em 24,21 milhões de toneladas, queda de 7,31% frente à anterior. O consumo mundial de algodão em pluma deve crescer 12,4% em 2020/2021, para 25,57 milhões de toneladas, superando, portanto, a oferta. Com isso, as transações externas devem ser dinamizadas, com a exportação aumentando quase 15%, a 10,37 milhões de toneladas. O estoque final deve ser de 20,97 milhões de toneladas, recuo de 6,05% na comparação com o da temporada 2019/2020. Quanto à safra 2021/2022, a produção mundial está estimada em 25,05 milhões de toneladas, aumento de 3,47% sobre a anterior. Para os Estados Unidos, especificamente, a previsão é de oferta de 3,88 milhões de toneladas, alta de 22% frente à temporada 2020/2021.
Para a Índia, a China e o Brasil, as produções estimadas são menores que as apontadas para 2020/2021. O consumo mundial para 2021/2022 está previsto em 25,77 milhões de toneladas, crescimento de 0,78% sobre a temporada anterior. As exportações mundiais estão projetadas em 10,2 milhões de toneladas, 1,64% abaixo das de 2020/2021. Estima-se nova queda no estoque mundial, para 20,24 milhões de toneladas, 3,48% menor que o da temporada anterior. A intensificação de casos de Covid-19 em Bangladesh e no Vietnã, problemas logísticos e o possível fechamento de fábricas poderão trazer dificuldades para as empresas atenderem a seus pedidos. Para os preços, a média do Índice Cotlook A deve ser de 71,33 centavos de dólar por libra-peso para 2019/2020; de 84,78 centavos de dólar por libra-peso na média parcial de 2020/2021 e de 95,43 centavos de dólar por libra-peso para a temporada 2021/2022. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.